Nesta empresa familiar, tradição e modernidade andam de mãos dadas

Aliando uma estrutura accionista familiar a um modelo de gestão profissional, o Grupo Rego está atento à evolução dos tempos, com a certeza de que só com o alinhamento dos colaboradores pode atingir bons resultados.

 

Por Sandra M. Pinto

 

Reportando como data do seu nascimento o ano de 1979, a verdade é que o Grupo Rego tem uma base mais antiga. Como explica Sara Rego, actual administradora do grupo, «tudo começou com o avô, empresário e um dos primeiros mediadores de seguros do País». Após o falecimento deste, as rédeas do negócio foram asseguradas pela mulher, a avó de Sara Rego. «Quando o nosso pai tinha 16 anos, começou a trabalhar na Seguradora Douro, passando depois para a Seguradora Garantia, onde permaneceu 26 anos», relembra. Ao fim desse tempo, o então director Comercial, toma a decisão de, «com garra e determinação», criar a F.Rego, Lda.

Ao longo dos anos, a empresa cresceu, dando origem ao actual Grupo Rego. «Em 2005 adquirimos parte da Sá Pereira do Lago, um corretor de renome de Coimbra», partilha Sara Rego, revelando que em 2009 abriram escritório em Lisboa, em 2011 em Espanha, com a criação da IberAssekuranz, em 2016 adquiriram parte do capital de um corretor de São Paulo, a Sanyuu, e, em 2018, criaram uma sociedade inteiramente dedicada aos seguros de crédito e caução. O Grupo tem ainda uma sociedade que actua como wholesaler, com parcerias com vários brokers internacionais, a fim de poder oferecer produtos de determinada complexidade e especializados não disponíveis no mercado nacional.

Actualmente, o Grupo Rego possui três escritórios em Portugal, Vila Nova de Gaia, Coimbra e Lisboa, dois em Espanha, em Madrid e Barcelona, e um na cidade brasileira de São Paulo, onde actuam, respectivamente, 60, 14 e 40 colaboradores.

 

Visão do negócio
Na base da actuação do Grupo Rego está a harmonização da tradição da corretagem de seguros, com uma visão moderna do negócio e princípios de gestão do século XXI. Perante este posicionamento, um dos maiores desafios que tiveram de enfrentar e superar para conseguir chegar à posição onde estão hoje foi, na opinião de Sara Rego, a antiguidade. «Sendo uma empresa de forte cariz familiar, e com a evolução dos tempos, é natural que se queira fazer de outra forma para se atingir o mesmo resultado final. Os nossos pais criaram e fizeram crescer a empresa, mas, para continuarmos a crescer e conseguirmos acompanhar os tempos, tivemos de mudar o mindset da organização.»

A responsável reconhece que a necessidade de acompanhar a transformação digital e as exigências cada vez maiores dos clientes obrigaram a empresa a mudar a forma de trabalhar, de modo a conseguir uma maior aproximação com quem procura os seus serviços.

Olhando para o mercado, Sara Rego identifica como maiores desafios, além da concorrência, a falta de quadros capacitados para fazer face ao crescimento da empresa. E constata que a geração millennial procura desafios mais do que um emprego, o que a tem feito reflectir sobre de que forma se aliciam estes jovens para trabalhar numa organização dedicada aos serviços, especificamente a seguros. «Os seguros, à primeira vista, são aborrecidos, são “contratos com letra miudinha”. Há que procurar mudar a forma de ver os seguros, ou, pelo menos, a postura da organização, para que esta seja “apetecível”». Na óptica dos colaboradores, defende ser fundamental fazer com que se sintam em casa, pois é na empresa que passam a maior parte do seu tempo.

Ao nível do negócio, o Grupo Rego tem vindo a funcionar numa lógica de especialização, sem nunca se afastar totalmente dos seguros generalistas. «Procuramos ter soluções diferenciadoras, procurando ser o parceiro ideal para os clientes, cumprindo com todas as suas necessidades no que a seguros diz respeito, para que estes se sintam apoiados e bem aconselhados, concentrando, desta forma, toda a sua carteira num único fornecedor», salienta a administradora, partilhando ainda que pretendem alcançar uma posição ainda melhor no ranking de corretores, «sempre com um crescimento sustentado, devidamente planeado e orientado».

Questionada sobre qual a estratégia delineada para conseguir alcançar esse objectivo, Sara Rego não hesita: «A nossa estratégia passa por uma transformação digital significativa, proporcionando aos nossos clientes plataformas de acesso e de comunicação, de modo a aproximá-los do corretor.» Para isso, reconhece ser fundamental proporcionar aos colaboradores formação contínua, não só em termos de hard skills, mas, acima de tudo, soft skills. «O conhecimento é importante, as capacidades também, mas mais do que estas duas, a atitude é importante, e sem ela não se atingem resultados.»

 

Uma família
Com vista à obtenção dos resultados a que se propõe, o Grupo Rego tem a noção exacta da importância da Gestão de Pessoas. Esta realidade leva a sua administradora a afirmar que o maior activo da empresa são as pessoas, pelo que, sem o alinhamento dos colaboradores, nenhum resultado se atinge. E, nesta fase, pode ser um desafio acrescido assegurá-lo.

Sendo uma empresa que alia uma estrutura accionista familiar a um modelo de gestão profissional, o Grupo Rego tem nos Recursos Humanos um factor estratégico para o sucesso. «A estrutura accionista é familiar, e procuramos ser também uma família para os nossos colaboradores. Os nossos pais fizeram a empresa crescer, tratando os trabalhadores como filhos e foi essa a postura que nos passaram. Creio que temos conseguido, mais nuns casos do
que noutros, passar esse ambiente familiar e os nossos valores.»

No Grupo Rego acredita-se que se deve basear a política de Recursos Humanos em valores como a cooperação e a flexibilidade, a ética e a integridade, a iniciativa e a pró-actividade, a inovação e a criatividade, sempre com orientação para o cliente e para os resultados e metas estabelecidas.

«Procuramos estar mais à frente nos benefícios que oferecemos aos colaboradores, antecipando as suas necessidades», partilha Sara Rego. «A iniciativa mais recente foi a oferta de fruta em todos os escritórios nacionais. A esta junta-se a oferta de Quick Massage na empresa, café e chá, e estamos a aguardar a vinda de garrafas de vidro personalizadas, para acabar definitivamente com o plástico na organização.»

A organização gostaria, se possível, de proporcionar um espaço de lazer para os seus colaboradores que não fosse apenas a copa, sendo que uma das actividades que têm pensadas é oferecer sessões de ioga, meditação e mindfulness, «para que os colaboradores possam começar o dia com energia positiva». Além destes, o Grupo Rego oferece um plano de benefícios «onde se inclui seguro de saúde, seguro de vida e plano complementar de reforma».

 

Fazer face à pandemia
Sobre a actual situação que se vive, em Portugal e no mundo, devido à pandemia COVID-19, Sara Rego partilha: «Esta fase de distanciamento social que estamos a atravessar, devido à disseminação da COVID-19, obrigou-nos a um aceleramento das medidas digitais. A nossa preocupação com o bem-estar e segurança dos colaboradores está no topo das nossas prioridades, pelo que, antes de qualquer medida do Estado, colocámos a grande maioria deles em teletrabalho.» Diariamente, o Grupo partilha dicas com os colaboradores com vista à realização de um bom trabalho à distância, de modo a que estes consigam trabalhar, mesmo se tiverem crianças em casa, alertando-os também, por exemplo, para a necessidade de se alimentarem convenientemente de modo a fortalecerem o seu sistema imunitário. «Procuramos manter o contacto permanente com todas as pessoas, de forma a garantir que todos estão bem, e temos verificado uma envolvência e união entre todos como nunca», assegura.

Foi criado um grupo de WhatsApp com todos os colaboradores e «a partilha de experiências – nas palavras de Sara Rego – tem sido maravilhosa. A administração procurou dar o exemplo, tomando os primeiros passos na comunicação. A partir daí, a esperança, a garra, a determinação, a resiliência e o espírito de equipa têm-se feito notar a olhos vistos.»

A administradora tem consciência de que é nestas alturas que as organizações necessitam de um líder inspirador, capaz de transmitir mensagens de confiança e optimismo, «ao mesmo tempo em que se automotiva a cada notícia mais triste e a cada desafio que se colocada no dia-a-dia, fruto deste clima de recolhimento em que vivemos»

 

O artigo foi publicado na edição de Abril da Human Resources, nas bancas.

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