Noelia Sánchez Redondo, Pfizer: «O mercado de trabalho está cada vez mais exigente, não basta apenas ter competências técnicas para conquistar um emprego.»

Se há empresa a quem a pandemia veio dar notoriedade foi à Pfizer. Noelia Sánchez Redondo reconhece que a atractividade da farmacêutica enquanto empregador alcançou um nível mais elevado e mais abrangente. Mas isso não diminui os desafios que tem pela frente.

 

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

Mais do que estar sob os holofotes, um grande desafio para a Pfizer, como para todas as empresas a nível global, tem sido aprender a viver e trabalhar de uma forma diferente. Mas Noelia Sánchez Redondo reconhece que «por vezes são choques como este que provocam evoluções na forma como vivemos e trabalhamos» e não tem dúvidas de que «esta transformação veio para ficar». Responsável pela direcção de Recursos Humanos da Pfizer Portugal desde 2019, constata que também o mercado de trabalho está a mudar: é cada vez mais exigente, quer por parte das empresas, quer dos candidatos. E porque «são as pessoas que tornam as empresas únicas, lidar com as diferenças e expectativas de cada um é, muitas vezes, o maior desafio dos gestores».

 

É inevitável a pergunta, visto que a Pfizer é talvez o nome mais ouvido nos últimos meses, porque foram quem conseguiu a primeira vacina contra a COVID-19. Estarem sob os holofotes dos media e do público trouxe desafios acrescidos, nomeadamente ao nível da Gestão de Pessoas?
Inovação que transforma a vida dos doentes é o nosso propósito, e é o motivo pelo qual trabalhamos diariamente há mais de 171 anos. Ficamos muito orgulhosos de ver o nosso esforço, dedicação e trabalho reconhecido pelos portugueses e pelo resto do globo.

Este reconhecimento e notoriedade não trouxe desafios acrescidos na gestão dos mais de 200 colegas que trabalham na Pfizer em Portugal, mas sim a consciência da importância de fazer a diferença na vida de todos os que necessitam dos nossos medicamentos e vacinas.

O que tem sido certamente um desafio é aprender a viver e trabalhar de uma forma diferente. Uma transformação que a Pfizer, tal como outras companhias, teve de enfrentar durante estes meses.

 

Como é que o dia-a-dia nas pessoas na Pfizer em Portugal mudou desde Março de 2020?
Desde o dia 13 de Março de 2020, ainda antes de ser decretado o Estado de Emergência, todos os mais de 200 colaboradores da Pfizer iniciaram o regime de teletrabalho e todas as participações em congressos nacionais e internacionais foram suspensas. Antecipando a exigência que iríamos enfrentar na gestão do dia-a-dia, reforçámos a proximidade, as medidas específicas de apoio para os nossos colaboradores – por exemplo, através do Employee Assistance Program – e incentivámos a adopção de métodos de trabalho que permitissem dedicar tempo à família, não esquecendo a saúde emocional – implementámos o programa “Mente Sã em Corpo São” –, tão importante para ultrapassar da melhor forma o momento que vivemos.

A Pfizer teve de se adaptar a novos métodos de trabalho, mais flexíveis e à distância, criando assim novos canais de comunicação, que permitiram reinventar a normalidade. Por vezes ,são choques como este que provocam evoluções na forma como vivemos e trabalhamos. Esta transformação veio para ficarmos e continuamos a trabalhar em futuras políticas de flexibilidade e novas formas de trabalho.

 

O contexto pandémico contribuiu para aumentar a atractividade da marca de empregador da Pfizer?
Sim, sem dúvida, essa atractividade aumentou, principalmente em áreas que até então não encaravam a Pfizer como uma oportunidade de trabalho. Antes da pandemia, recebíamos diariamente currículos para estágios, e para diferentes posições na companhia, na sua grande maioria de áreas relacionadas com a saúde. Actualmente, após a visibilidade de que fomos alvo, passámos a receber currículos das mais diversas áreas, como por exemplo de Gestão, Recursos Humanos e Digital, o que indica que a atractividade da Pfizer alcançou um nível mais elevado e mais abrangente.

 

Independentemente da realidade actual, o sector farmacêutico é tradicionalmente atractivo para trabalhar. Quais os principais factores que o explicam?
De facto, a indústria farmacêutica sempre foi reconhecida como um dos melhores sectores para trabalhar, não só pela saúde financeira das organizações, mas também pela boa reputação, a utilização de tecnologias inovadoras e pela possibilidade de evolução profissional. Além disso, de uma forma geral, o sector tem procurado continuamente adoptar políticas de flexibilidade e outros benefícios que ajudam e promovem o equilíbrio entre a vida profissional e familiar. Estamos orgulhosos de ser embaixadores destes processos, e isto motiva-nos a continuar a criar e a inovar neste sentido.

 

O que acredita que vos distingue enquanto empregador? A vossa cultura, os desafios, os benefícios…?
Acredito que o que nos distingue é a nossa cultura, a política de portas abertas, a política de flexibilidade, o plano de benefícios, o facto de ser possível pertencer a equipas multidisciplinares, e a possibilidade de pertencer a equipas globais estando baseados em Portugal, promovendo o desenvolvimento profissional de carreiras internacionais; o nosso propósito de inovação, que transforma a vida dos doentes; os nossos valores – excelência, equidade, coragem e alegria; e a nossa reputação e notoriedade. Segundo um estudo da consultora OnStrategy, a Pfizer foi reconhecida pelos portugueses como a companhia da indústria farmacêutica com maior índice reputacional em 2020.

 

Em Maio, a Pfizer Portugal lançou a primeira edição do Pfizer Genious, um programa de estágios remunerados. Tiveram muitas candidaturas correspondentes ao perfil que procuravam?
Ficámos muito satisfeitos com o número de candidaturas recebidas e com o perfil dos candidatos.

 

Que competências consideram fundamentais hoje em dia no mercado de trabalho em geral, e, em particular a Pfizer, o que valoriza?
O mercado de trabalho, e a Pfizer não é excepção, está cada vez mais exigente, não basta apenas ter competências técnicas para conquistar um emprego e manter-se nele, é preciso ir mais além, desenvolver as chamadas softs skills. Aqueles que possuem o maior número de competências técnicas na sua área e as conseguem aliar às suas softs skills destacam-se dos demais. Por isso, para além da qualidade do trabalho, a forma como se colabora em equipa, a curiosidade, a empatia, a pró-actividade, a resiliência, aliadas a boas competências comunicacionais, são sem dúvida uma mais-valia e o que actualmente mais valorizamos dentro da companhia.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Junho (126) da Human Resources, nas bancas.
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