Novo Banco: Dar voz aos colaboradores

O Novo Banco está a trabalhar a sua mudança de imagem através de um processo inédito de criação colaborativa, que tem como ponto de partida – e de chegada – os seus 4500 colaboradores.

 

Por Sandra M. Pinto | Fotos Nuno Carrancho

 

O desafio foi lançado aos colaboradores do Novo Banco, tendo sido criada uma app para potenciar a participação de todos, reflectindo-se o resultado na nova imagem do banco. Catarina Horta, directora de Capital Humano, e Anabela Figueiredo, head of Strategy da instituição bancária, revelam, numa conversa conduzida por Ana Leonor Martins, directora de redacção da Human Resources, o que motivou esta aposta, quais os objectivos e como se integra no processo de transformação por que o Novo Banco está a passar, nomeadamente na Gestão de Pessoas.

«Em concreto na área da Gestão de Pessoas, estamos num processo de mudança de um plano de talento e mérito para uma people agenda», começa por esclarecer Catarina Horta. «Temos vivido uma fase de resultados negativos, com temas difíceis, e começámos finalmente a entrar nos resultados positivos, depois de um conjunto de alterações muito significativas, que também têm repercussão ao nível das pessoas. Desde logo, as mudanças de espaço», exemplifica. O banco está a mudar para um novo modelo de balcões, onde em vez da tradicional secretária, o cliente vai encontrar um sofá, onde é recebido pelo funcionário. Esta não é só uma mudança logística, tem impacto na forma como os colaboradores vivem estes locais. «Sabemos que, ao mudar os espaços, mudamos a forma como os vivemos, e estamos a aproveitar a mudança física para mudar a forma de trabalhar e a forma como nos revemos no universo do trabalho.»

Neste momento de viragem do Novo Banco, um dos objectivos passa também por trazer as pessoas para o centro das decisões, chamá-las a participar de forma efectiva. E essa intenção começou já a ser concretizada no processo de mudança de imagem que está em curso, e a adesão dos colaboradores à participação na construção de uma nova voz para o Novo Banco está a ser significativa. Anabela Figueiredo contextualiza que «o banco esteve sete anos a reestruturar-se, sendo este o primeiro ano que marca o fim desse processo. Este é também o momento em que o Novo Banco deixa de olhar para o passado e passa a olhar para o futuro. A nova imagem assinala este momento de viragem, e queremos que todos nos acompanhem nesta transformação.»

Para trazer os colaboradores nesta viagem de mudança e transformação, o Novo Banco decidiu começar por dentro, questionando-se, em primeiro lugar, sobre o ADN e o propósito da organização. «Uma das coisas boas que este banco tem como herança é o facto de ser um banco de relação, sendo que a característica mais importante de uma relação é a capacidade de ouvir», sublinha a head of Strategy, afirmando que a maior força do Novo Banco são as suas pessoas. «Foram elas que agarraram no banco e, com muito trabalho, não desistiram até conseguirem entregar um banco que surge hoje como uma nova marca.»

 

As pessoas no centro
Desde o início deste processo que o Novo Banco percebeu o quão importante era colocar as suas pessoas no centro da transformação. «Queríamos que os colaboradores participassem na construção da nova marca, mas não fazíamos ideia como o fazer, nem de onde íamos chegar», assume Anabela Figueiredo. Sabiam que não queriam simplesmente entregar o processo a uma agência criativa.

Com milhares de colaboradores, para permitir a sua participação foi criada uma app, e «o desenho final a que chegámos demonstra que a nova imagem do Novo Banco representa a voz colectiva dos 4500 colaboradores». Todos foram convidados a falar para essa aplicação, a qual registou a onda sonora representativa de cada um dos colabores da organização que quis participar. Do input total surgiu uma onda sonora colectiva.

A ondulação ficou registada em modelo matemático, mas tendia para o normal, «e esse não era de todo o objectivo», ressalvou a responsável. «Queríamos também os outliers. Assim, através de um trabalho desenvolvido com a equipa de data science, chegámos a um modelo estocástico, o qual tem a particularidade de não tender para o normal, pois incorpora todos os inputs de forma igual.»

No que se refere ao grau de participação dos colaboradores, Catarina Horta admite que, numa primeira fase, foi preciso ultrapassar a percepção da pouca importância da participação. «Assim que as pessoas perceberam que esta seria uma participação verdadeira e aberta a todos, houve envolvimento e sentimento de satisfação por perceberem que a sua voz teria representação gráfica. Tivemos a participação de 3500 pessoas, o que, sendo mais de 70%, é por nós considerada um sucesso», afirma a directora de Capital Humano.

Além da representação gráfica da voz de cada colaborador, o processo mostrou também a representação gráfica da voz de cada equipa do Novo Banco, e não é uma acção inconsequente, pois as próximas apresentações da instituição vão ter as vozes das nossas equipas, e vão poder ver as suas caras na rua. E isto não vai ficar por aqui.»

 

A campanha
Internamente, o processo da campanha terminou em meados de Setembro, e, neste momento, já existe a voz colectiva dos colaboradores do Novo Banco. A imagem final vai ser apresentada no dia 22 de Outubro, com comunicação para o exterior, no dia 25 do mesmo mês. «A campanha interna foi a que decorreu com o intuito de apelar à participação dos colaboradores, e na qual foram realmente eles os únicos participantes», reforça Anabela Figueiredo, revelando que foi feito um casting interno para escolher a cara da campanha. Catarina Horta reitera que se gerou uma grande onda de satisfação à volta desta experiência, que agradou bastante aos colaboradores. «A experiência de participar num processo que envolveu fotografia, imagem e som foi muito importante, e contribuiu verdadeiramente para o desenvolvimento dos nossos colaboradores. As pessoas valorizaram muito isto, e cada uma delas tornou-se num embaixador do processo de mudança pelo qual está a passar o Novo Banco.»

Mais: «As pessoas percebem que têm estado nos últimos anos a dar tudo ao banco e que agora chegou a hora delas; agora elas são ainda mais importantes e a sua voz está no centro da transformação do Novo Banco. E isso é de grande relevância», acredita a directora de Capital Humano. «Tenho a certeza de que a campanha vai originar uma enorme onda de motivação dentro do banco.»

Esta aposta prova que áreas como Gestão de Pessoas e Marketing, por exemplo, não precisam, nem devem, ser estanques. Uma ferramenta tipicamente de estratégia e marketing tornou-se também uma ferramenta de motivação e engagement dos colaboradores. Anabela Figueiredo defende que é por uma maior sinergia entre as diferentes áreas que o futuro deve passar. «Em vez de estar a servir exclusivamente o accionista, temos de trabalhar o relacionamento com todos os stakeholders, e um dos principais dentro do nosso ecossistema são os nossos colaboradores», afirma. «Acredito que se as estratégias e tudo aquilo que se faz, desde o marketing e comunicação à informática, se pensarmos nas pessoas que o vão receber, que são os colaboradores, os clientes, as comunidades onde actuamos e a sociedade que servimos, vai haver uma maior ligação entre todos e, logo, um maior impacto, até porque, como todas as organizações, a nossa existe para servir as pessoas, e estas unem-se a organizações em que se revêem. Uma organização que mostre mais humanidade é uma organização com a qual as pessoas se relacionam mais», sublinha.

Sobre o que se pretende que seja esta nova imagem e marca do Novo Banco, Catarina Horta revela que querem que seja, «essencialmente, uma forma de as pessoas recuperarem o orgulho e a auto- -estima que, de algum modo, perderam durante estes anos. Não foi de todo fácil viver no Novo Banco nestes últimos sete anos», reconhece, garantindo que tem «imenso orgulho nas pessoas. Foi de facto notável. Só a qualidade do talento e a resiliência das pessoas permitiram chegarmos aqui onde estamos hoje. Viver com uma marca que foi feita num fim-de-semana e depois ultrapassar todas as dificuldades que foram surgindo foi extraordinário. Esperamos que a nova marca seja uma congregação desta nova fase de vida do Novo Banco e que nos permita a todos fazer esta viragem de página, pois todos nós, colaboradores do Novo Banco, a merecemos muitíssimo », conclui.

 

Este artigo foi publicado na edição de Outubro (nº.130)  da Human Resources, nas bancas.

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