Novo Banco. Saiba como põem em prática uma abordagem holística do bem-estar dos colaboradores

No Novo Banco é feita uma abordagem holística de bem-estar, em que o diagnóstico e feedback dos colaboradores são aspectos vistos como boas práticas no que diz respeito à área de Segurança e Saúde no Trabalho.

 

Bem-estar, Acção Social e Inclusão” é o nome da área do departamento de Capital Humano do Novo Banco que integra a responsabilidade da Segurança e Saúde no Trabalho. De acordo com Conceição Carvalho, directora do departamento de Capital Humano responsável pela área do Bem- -Estar, Acção Social e Inclusão, esta área é tratada «de uma perspectiva holística de bem-estar dos colaboradores que vai muito além do que a legislação impõe nesta matéria». Assim, a Segurança e Saúde no Trabalho é vista como uma alavanca das medidas relacionadas com o bem-estar dos colaboradores, tendo por base o diagnóstico e feedback dos mesmos. «Tudo começa e recomeça precisamente por escutar os colaboradores». Anualmente, o Novo Banco faz um questionário aos seus colaboradores sobre esta matéria e, periodicamente, é realizada uma avaliação específica dos riscos psicossociais. Conceição Carvalho refere que foi feita uma destas avaliações em 2020, ainda antes da pandemia, e uma outra já este ano, com o objectivo de «avaliar o impacto da pandemia no capital humano do Novo Banco e aferir a eficácia da resposta por parte da empresa».

Esta resposta à pandemia foi, diz a responsável, a mais desafiante, visto que a actividade bancária é um serviço essencial à sociedade e, por isso, a rede de balcões do Novo Banco esteve sempre em funcionamento, não sendo aplicável o contexto de teletrabalho em todos os casos. Deste modo, a resposta à pandemia foi direccionada a dois grupos distintos: «colaboradores cujas funções são totalmente compatíveis com o regime de teletrabalho e que, por isso, foram para casa; e colaboradores que tiveram de continuar no banco, nos balcões e nos departamentos centrais. Tivemos sempre cerca de 25 a 30% da força de trabalho no escritório. Para estes foi preciso adquirir equipamentos de protecção individual, reforço de higienização e desinfecção de espaços e criação de condições de bem-estar (por exemplo, os refeitórios estiveram em funcionamento e disponibilizaram-se lugares de estacionamento, entre outras medidas).»

Por outro lado, foram criados canais de comunicação específicos para responder a dúvidas de todos os colaboradores. «Os nossos médicos do trabalho acompanharam os colaboradores infectados e os que estiveram em quarentena. Tivemos os nossos psicólogos e psiquiatras disponíveis para teleconsultas.»

Ultrapassado o impacto inicial da pandemia, ou seja, a fase de resposta à emergência, e após estarem garantidas as condições de protecção e segurança física de todos os colaboradores, o Novo Banco afirma ter procurado dar resposta à segurança psicológica, financeira e familiar dos colaboradores e das suas famílias. Conceição Carvalho revela que «em Maio de 2020 foi lançado um conjunto de medidas designado “Ser Novo Banco é Estarmos Juntos em Tempos Desafiantes”, que compreendia apoios como a antecipação de 50% do subsídio de Natal; o crédito ao colaborador para aquisição de equipamento informático e formação; e o apoio psicológico e coaching familiar».

As medidas de protecção individual, como máscaras, álcool gel, acrílicos e medição de temperatura à chegada, bem como medidas de sinalética específica, higienização reforçada dos espaços, política clean desk, limitação da lotação nos espaços fechados, regras específicas de utilização dos refeitórios e bares, utilização do regime de teletrabalho, organização de horários desfasados, apoios financeiros para necessidades específicas do agregado familiar do colaborador e reforço das iniciativas do nosso programa de bem-estar (“O Meu Lado B”) mantêm-se activas até hoje.

Para Conceição Carvalho, «O maior desafio inicial foi lidar com o desconhecido, o que naturalmente gera emoções que são um grande obstáculo à acção e tomada de decisão em tempo útil. A pandemia criou um cenário totalmente novo para todos, em que existe informação e contra informação. A comunicação social é mais rápida que a publicação da legislação e esse desfasamento temporal, por vezes, foi limitativo na definição de regras, recomendações, medidas e, consequentemente, respostas às questões dos colaboradores. Gerir e tomar decisões num contexto tão adverso, onde a mudança é constante e na maioria das vezes sem informação atempada, não é fácil, e esta área tornou-se o foco para obtenção de resposta por todos».

Relativamente aos colaboradores em teletrabalho, o Novo Banco proporcionou condições em três vertentes: técnicas (os colaboradores levaram para casa equipamento informático, além do equipamento portátil, e em alguns casos, equipamento ergonómico, como cadeiras); de comunicação e feedback (foram disponibilizados novos canais internos de comunicação que promovem a proximidade e o sentimento de pertença ao banco, como o MS Teams, uma nova intranet e uma rede social corporativa. A meio do ano de 2020, foi realizado também um questionário de recolha de feedback junto de todos os colaboradores nos diferentes contextos de teletrabalho, presencial, e de rotatividade); e promotoras de bem-estar, com o ajustamento do programa “O Meu Lado B”, que proporciona experiências online relacionadas com várias dimensões da vida pessoal dos colaboradores (saúde, gestão emocional, alimentação, exercício físico, família e lar, imagem pessoal).

Conceição Carvalho acrescenta que a estas componentes juntam-se outras que continuam em vigor, como «os equipamentos de protecção individual, os acrílicos, o plano de higienização e desinfecção específico, a medição de temperatura à entrada, as regras de circulação no interior dos edifícios, a limitação de lotação dos diversos espaços, o encerramento dos balcões na hora de almoço, refeitórios e bares em funcionamento com regras de protecção especficas, webinars semanais sobre vários temas que proporcionam bem-estar e a comunicação frequente, em particular com as chefias. De uma forma global procuramos que todos os colaboradores se sintam seguros a trabalhar nos espaços do banco, tal como se sentiram seguros em teletrabalho, e é isso que os resultados dos questionários que fizemos nos dizem».

No que diz respeito aos espaços de trabalho, Conceição Carvalho afirma que «o banco já tem as instalações preparadas há muito, garantindo protecção e segurança» para o regresso dos colaboradores nos próximos tempos. «As equipas já têm experiência consolidada em trabalhar num regime híbrido, ou seja, em que alguns elementos estão em rotatividade, outros sempre In Office, outros sempre em Home Office. A política que foi adoptada no banco tem como eixo orientador a flexibilidade ajustada ao contexto de cada equipa e, o mais possível, ao contexto individual de cada colaborador.»

Neste momento, o Novo Banco promove a utilização do trabalho remoto «de forma equilibrada, pelo que a maioria dos colaboradores faz rotatividade de forma flexível e o mais ajustada possível ao contexto individual de cada um. De qualquer modo, temos feito alguns webinars e workshops virtuais sobre temas promotores de segurança e saúde no trabalho, por exemplo, ginástica laboral, gestão de stress, mindfulness, organização do teletrabalho, etc».

Por outro lado, Maria José Chambel, docente da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa e responsável pelo estudo dos Riscos Psicossociais realizado para o Novo Banco, refere que «nesta avaliação de riscos psicossociais de 2021, em plena pandemia, conseguimos comprovar que, globalmente, os trabalhadores do banco, independentemente de estarem ou não em teletrabalho, avaliaram positivamente as acções e práticas do Novo Banco, sentindo que este agia em função do seu bem-estar e com um conjunto de práticas de Gestão Recursos Humanos que procuram atender às suas necessidades e objectivos. Foi também possível observar para aqueles que desde o primeiro confinamento usavam o teletrabalho, a 100% ou de forma parcial, que o seu ajustamento a esta modalidade de trabalho era positivo, reportando até vantagens ao nível da sua percepção de autonomia no trabalho e sentimento de envolvimento e entusiasmo com a sua actividade profissional», acredita. «Conseguimos também compreender que, de um modo geral, os trabalhadores foram capazes de equilibrar a sua vida pessoal e profissional e que se sentiam acompanhados e apoiados pela sua chefia directa.»

No que diz respeito ao possível impacto do período de pandemia na saúde mental dos colaboradores, Maria José Chambel diz que «a avaliação de Riscos Psicossociais inclui uma avaliação do Burnout, o indicador de stress crónico no trabalho considerado mais relevante na avaliação da saúde mental dos trabalhadores. Com esta monitorização periódica tem sido possível identificar áreas mais críticas ao nível deste indicador e estabelecidas medidas específicas de prevenção/intervenção. Por exemplo, nesta última avaliação de 2021 e durante os workshops de feedback dos resultados às chefias, foi possível identificar a necessidade de desenvolver as competências das chefias para identificar e acompanhar trabalhadores com “sinais” de risco de burnout, estando a ser desenhada uma acção de formação com esse objectivo».

Quando é detectado um caso de risco de saúde mental, o Novo Banco «procura actuar preventivamente com todas as medidas que já referimos nas questões anteriores», diz Conceição Carvalho. Contudo, temos disponíveis consultas gratuitas de psicologia e psiquiatria que trabalham de forma articulada entre si e com os Médicos do Trabalho. Os casos detectados são encaminhados para essas especialidades».

Maria José Chambel acrescenta que na última avaliação de Risco Psicossociais, «tivemos a preocupação de avaliar a percepção dos trabalhadores que pela natureza das suas funções não foi possível adoptarem o teletrabalho, mantendo-se a trabalhar na empresa. Pudemos verificar com agrado que estes trabalhadores se sentiram apoiados e melhoraram a sua percepção de que o Novo Banco se preocupa com o seu bem-estar e procura responder às suas necessidades».

Conceição Carvalho considera que uma das melhores práticas do Novo Banco, em matéria de Saúde e Segurança no Trabalho, é o diagnóstico e recolha de feedback junto dos colaboradores, para que depois sejam implementadas as medidas mais adequadas para o capital humano. Depois, «uma visão holística do que se pretende proporcionar aos colaboradores e o envolvimento das hierarquias no sentido de as sensibilizar e comprometer com a promoção das condições de bem-estar no quotidiano da nossa organização, é também uma prática de sucesso».

Mais: «A proximidade entre a equipa do Capital Humano do Novo Banco e os parceiros/prestadores de serviço no âmbito da Segurança e Saúde no Trabalho é também uma prática essencial, pelo que temos reuniões regulares com os diferentes interlocutores – técnicos de SST, ergonomistas, médicos do Trabalho e médicos das restantes especialidades disponibilizadas aos colaboradores: MGF, Nutrição, Psicologia, Psiquiatria.»

Em jeito de conclusão, a responsável faz notar que «esta vivência da pandemia teve grande impacto nesta área, trouxe oportunidades e acelerou o sucesso de algumas medidas», nomeadamente: «utilização do teletrabalho, como medida promotora de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional; consolidação do uso de ferramentas informáticas que permitem maior flexibilidade e gestão do tempo – tantas vezes referido como uma dificuldade de bem-estar; abrangência dos colaboradores que passam a conseguir aceder a alguns benefícios, por exemplo, disponibilização de teleconsultas, participação nos workshops virtuais; consciencialização e reconhecimento que esta temática é essencial para a produtividade e gestão do capital humano.»

 

Esta entrevista faz parte do Caderno Especial “Segurança e Saúde no Trabalho”, publicado na edição de Maio (n.º 125) da Human Resources, nas bancas.

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