Nunca falamos no “óbvio”, logo, volto a insistir…

Vivemos tempos desafiantes com níveis de produtividade que nos transcendem, mas que “todos” consideramos que é “normal”.

 

Por: Daniela Lima, managing partner da Swaifor

 

Sempre a correr e em frente, como se parar nos obrigasse a confrontar o óbvio: estamos esgotados! Hoje, o nosso mundo está tão polarizado que, a bem da verdade, só existem duas possibilidades: ou 1) és “adicto” ao trabalho (logo, “és doente”) porque trabalhas muito e “não descansas o suficiente”; ou 2) “não queres trabalhar” porque necessitas de tempos de pausa efectivos ou de várias micro-pausas para recuperação ao longo do tempo de trabalho. Ainda bem que existem mais cores além do branco e do preto.

É tentador acreditar que é possível desenvolver uma única solução que seja suficientemente robusta e eficaz para mitigar as diversas doenças que proliferam nos nossos dias, tanto a nível individual como nos diferentes contextos organizacionais. Mas, infelizmente, não funciona assim! A verdade é que “nós”, as “pessoas”, necessitamos de coisas muito diferentes em momentos distintos da nossa vida. O que nos remete inevitavelmente para as questões da diversidade e inclusão, do gap geracional, da dicotomia entre líderes e liderados e do facto de “não querermos todos o mesmo” dentro das organizações. Logo, volto a insistir no óbvio: “perguntem às vossas pessoas o que elas querem e como se sentem”.

As organizações querem assumir o papel de facilitadoras do Well-Being (pelo menos, acredito que muitas já o façam). O drive é promover ambientes de trabalho seguros, onde as pessoas são empáticas e privilegiam o auto-cuidado. Mas como o fazem? Dentro das suas limitações e com o conjunto de conhecimentos de que dispõem (o que não é mau), mas proporcionar bem-estar às “nossas” pessoas exige que sejamos audazes, e isto deve estar gravado no ADN das organizações. Como?

Acredito que as organizações são ambientes vivos, extremamente complexos e em constante mutação, mas com uma capacidade de aprendizagem incrível. Isto porque as organizações são as pessoas. Para que exista sustentabilidade e para que as organizações sejam viáveis, exige-se uma visão estratégica da gestão de topo, através da adopção das melhores práticas de Gestão de Pessoas, que inevitavelmente incluem o Well-Being Organizacional. Como deve ser trabalhado o Well-Being? Como um eixo estratégico, suportado por um conjunto de ferramentas cre díveis e mensuráveis, resultantes da mais recente investigação científica, com o desenho de uma estratégia de Well-Being exequível e adaptada à realidade de cada organização (não existem soluções universais, sendo que estas resultam de assessments validados cientificamente). Temos de desenvolver programas de acordo com as preferências das nossas pessoas, atendendo às suas especificidades e diversidade. Devemos trabalhar com os líderes (que também são pessoas e têm emoções) e com as suas equipas para potenciar a experiência do colaborador e medir os resultados, alimentando assim o círculo virtuoso no caminho do Well-Being Organizacional.

Em suma, sempre que invisto no Well-Being das pessoas, aumento os seus níveis de comprometimento e fidelizo-as, com impacto directo na sua produtividade. No final, o Well-Being tem de estar profundamente inculcado na Cultura Organizacional para se traduzir na famosa expressão: “O Well-Being é a forma como se vive na ‘minha’ organização e ‘eu aqui sou feliz!’”.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Saúde e Bem-estar” que foi publicado na edição de Março (nº. 171) da Human Resources.

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