O caminho para a desmistificação da inclusão de pessoas com (d)eficiência

A igualdade de oportunidades no emprego constitui um dos chamados quatro “core labour standards”, a par da liberdade de associação, da eliminação do trabalho forçado e do trabalho infantil.

 

Por Joana Gama, Marketing & Communications Manager da Kelly Services Portugal & Benelux

 

Actualmente existem cerca de mil milhões de pessoas com deficiência, ou seja 15% da população mundial. Cerca de 80% estão em idade activa. No entanto, o seu direito a um trabalho digno é dificultado e em muitos casos negado pela simples falta de informação, juntamente com um preconceito negativo relativamente ao processo de inclusão e ao impacto nas organizações.

Para estes milhões de potenciais trabalhadores, as desigualdades no acesso ao mercado de trabalho exprimem-se através de taxas de desemprego e inatividade superiores às do conjunto da população activa. Variações no funcionamento físico, mental e sensorial sempre existiram e fazem parte da nossa diversidade. No entanto, fomos construindo as nossas sociedades como se todos vissem, ouvissem, andassem, compreendessem e reagissem da mesma forma. Esta ilusão – ou concepção errada da natureza humana – é uma das principais razões de exclusão das pessoas portadoras de deficiência. Mas o mundo está a evoluir neste ponto (enquanto retrocede noutros).
Em Portugal, a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho tem proteção legal desde 2004, mas só a 10 de janeiro de 2019 foi regulamentada a Lei4/2019 que estabelece um novo sistema de quotas para a admissão de pessoas com deficiência com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%.

Estruturar processos de verdadeira inclusão passa, em primeiro lugar, por uma comunicação eficiente. Estar informado é crucial, tanto ao nível da liderança como da força de trabalho. Recentemente, a Kelly Services analisou os vários aspetos da Lei 4/2019 num webinar e é da nossa vontade continuar a debater este tema. Este tipo de ações de (in)formação são essenciais para clarificar o processo de recrutamento inclusivo, apoios existentes e, mais importante ainda, desmistificar o impacto que a inclusão de pessoas com deficiência tem numa empresa a vários níveis, nomeadamente na produtividade, no reconhecimento de toda a equipa, no reforço do propósito da marca, missão partilhada por todos, no fortalecimento de pertença e employer branding dos colaboradores, entre muitos outros.

Já não é novo que a diversidade nos negócios traz à mesa pensamentos e experiências sub-representadas, o que inspira o aumento da criatividade e inovação dentro das equipas. Por este motivo, a construção de equipas diversificadas, equitativas e inclusivas continuará a ser crítica para o sucesso empresarial.
A empregabilidade inclusiva é uma realidade que se espera natural daqui a uns anos e na qual teremos de trabalhar em conjunto. Optimizar a integração de pessoas com deficiência é uma rota para impulsionar uma cultura positiva e promover a conexão entre todos os segmentos da força de trabalho de uma empresa.

Cabe agora, a cada um de nós, sensibilizar as nossas equipas, líderes e a nossa rede de relações directas para esta transformação, rumo a uma maior consciência social e ao verdadeiro sentido de “humanidade”.

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