O diferencial competitivo das organizações num futuro human-tech

Por Filipa Lemos Cristina, bióloga e fundadora da PowerUP

 

Num mundo de transformação digital acelerada, as competências associadas à tecnologia são indispensáveis. No entanto, de acordo com relatórios do World Economic Forum, as competências humanas ou power skills são indicadas como um diferencial competitivo indispensável para o sucesso das empresas. Falamos, por exemplo, de colaboração, empatia, comunicação, criatividade e pensamento crítico.

As empresas que desejam prosperar no futuro precisam urgentemente de uma estratégia clara: alinhar a adopção de tecnologia de ponta com o desenvolvimento das power skills. Esta combinação é a chave para garantir resiliência, inovação e competitividade organizacional, pois sabemos que estas competências têm um impacto directo no aumento da produtividade e na fidelização de talento.

O impacto é claro!

A produtividade traduz-se em mais resultados financeiros, promovendo uma melhor sustentabilidade da organização. Já a fidelização de talento reduz custos relacionados com a não contratação de novas pessoas e minimiza o impacto negativo da perda de conhecimento que ocorre quando perdemos colaboradores-chave.

Para além disso, o relatório de 2023 do World Economic Forum refere que se prevê uma reestruturação de 23% dos empregos globais até 2027, com a criação de 69 milhões de novas funções, mas também a eliminação de 83 milhões de postos. Estudos da McKinsey indicam que 40% dos trabalhadores precisarão adquirir novas competências até 2028 devido à automação e às novas exigências do mercado de trabalho. Além disso, é esperado que 54% dos trabalhadores até 2030 necessitem de requalificação para manterem a sua relevância profissional. Esses números ilustram uma oportunidade: investir nas power skills é uma medida estratégica para manter as empresas competitivas num cenário em constante transformação.

Mas como podemos desenvolver essas competências?

A neurociência oferece respostas. Graças à neuroplasticidade – a capacidade do cérebro de criar novas conexões neuronais – é possível aprender e fortalecer power skills através de experiências de aprendizagem activa. Estudos da Frontiers in Psychology mostram que a utilização de microaprendizagem e reforço positivo pode aumentar em 60% a retenção de conhecimentos comparado a métodos tradicionais.

Investir em power skills é, acima de tudo, uma estratégia de negócios.

As equipas de alto desempenho que priorizam empatia, comunicação e colaboração não apenas entregam resultados superiores – como maior produtividade e rapidez na solução de problemas – mas também reduzem a rotatividade de talentos. Trabalhadores que encontram propósito no que fazem são significativamente menos propensos a deixar a organização, segundo a McKinsey.

No contexto das PME portuguesas e das multinacionais presentes no nosso território, a integração de competências tecnológicas e humanas pode ser um verdadeiro diferencial competitivo. Um estudo do Massachusetts Institute of Technology demonstra que empresas que investem em power skills alcançam um retorno de até 256% em produtividade e desempenho organizacional. Esse tipo de investimento não apenas prepara as equipas para o futuro, mas também garante que elas estejam aptas a criá-lo.

Num mundo cada vez mais impulsionado pela tecnologia e inteligência artificial, o futuro pertence às organizações que integram o melhor da tecnologia com o melhor das capacidades humanas. Apostar em power skills é garantir não apenas a sustentabilidade financeira das empresas, mas também contribuir para um mercado de trabalho mais humano, resiliente e inovador.

Empresas que combinam colaboração humana e avanço tecnológico estarão não apenas a sobreviver às transformações do mercado – estarão a liderá-las.

 

Fontes:

  • The Skills Revolution and the Future of Learning and Earning. World Governement Summitt 2023 with the collaboration of Mckinsey & Company
  • The Future of Jobs Report 2023, World Economic Forum. 2023
  • Trends of Active Learning in Higher Education and Students’ Well-Being: A Literature Review. Ribeiro Silva E et al., Front. Psychol., 18 April 2022
  • The effect of soft skills and training methodology on employee performance. Ibrahim R et al., 2017
  • Returns of the Job Soft Skills Training. Adhvaryu A et al., 2019
  • Employee retention relationship to training and development: A compensation perspective. Anis A et al, 2011
  • 5 Reasons Why Attracting Top Talent is Crucial for Businesses. Patrick Floeck, 2023. Valesco Industries
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