O futuro do mercado de trabalho nas profissões de gestão humana

A Gestão de Pessoas terá novamente de se reinventar. Ao profissional do futuro não bastará ter visão abrangente do negócio ou saber definir estratégias e políticas de desenvolvimento de talento. O RH do futuro é um RH criativo, versátil, ágil e flexível. E um verdadeiro gestor da felicidade.

Por Maria João Ceitil, HR Consulting Coordinator na Cegoc

 

A função de Recursos Humanos é uma das funções organizacionais que mais se tem transformado e adaptado ao longo dos anos, tanto ao nível do âmbito de actuação, como no perfil dos profissionais que a exercem. Sendo uma função relativamente “nova” no contexto organizacional, a sua origem remonta à era industrial, entre os finais do séc. XIX e início do séc. XX, surgindo essencialmente como uma área de processamento administrativo de remunerações e gestão das relações laborais, muito focada no controlo de assiduidade, pagamento de salários e processos disciplinares.

Actualmente, o papel desta gestão está muito distante do que era o seu propósito original, ocupando cada vez mais uma posição verdadeiramente crítica nas organizações. A importância das pessoas para o sucesso dos negócios é já uma verdade indiscutível, e ao profissional de Recursos Humanos exige-se agora a capacidade de pensar negócio e definir estratégias de desenvolvimento e mobilização das pessoas, tendo finalmente conquistado o lugar de parceiro estratégico.

Mas a sociedade continua a evoluir e a era digital começou, nos últimos anos, a conduzir a novas necessidades de transformação desta função. A globalização do trabalho, a automatização e digitalização crescentes, o surgimento de novas profissões e desaparecimento de outras, e as dinâmicas velozes das organizações têm trazido as pessoas para o centro das reflexões e decisões macro.

Vemos, então, começar a surgir uma gestão dos recursos mais humanizada, orientada para as pessoas e respectivas necessidades, procurando criar equipas mais colaborativas, com elevados níveis de engagement e alinhadas com os valores e propósito da organização. E qual o futuro para esta área? Com tantos desafios que as organizações enfrentam, com dinâmicas tão exigentes, como podem os profissionais de Recursos Humanos estar preparados para responder aos desafios?

Ao que tudo indica, a área de Gestão de Pessoas é uma das profissões do futuro. No recente relatório “Jobs of Tomorrow”, do World Economic Forum, as funções de People and Culture surgem como uma das cinco funções do futuro, a par com as Tecnológicas e de Vendas e Marketing. Curioso? Talvez… Mas, sem dúvida, um sinal claro da sociedade em que vivemos. Uma sociedade cada vez mais digital, mas também mais humana, que procura em simultâneo formas de optimizar os métodos de trabalho e formas de potenciar as experiências de vida, uma sociedade de emoções, de diversidade cultural, geracional e motivacional.

E, nesta sociedade, a Gestão de Recursos Humanos terá novamente de se reinventar. Ao profissional do futuro não bastará ter visão abrangente do negócio, ou saber definir estratégias e políticas de desenvolvimento de talento. O RH do futuro é um RH criativo, versátil, ágil e flexível… alguém que domina as tecnologias, que entende todas as consequências e impactos das transformações que se esperam, com capacidade de se colocar na linha da frente da mudança, capaz de antecipar as competências que serão necessárias nas funções que ainda não sabemos que vão existir, capaz de preparar e apoiar as pessoas nestas transformações, ao mesmo tempo que consegue criar condições para experiências de trabalho verdadeiramente diferenciadoras  e mobilizadoras.

E isto porque o profissional de Recursos Humanos do futuro deixará de todo de cingir ao processamento, para passar a ser um verdadeiro gestor da felicidade.

 

 

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