O hackathon a conduzir a inovação, a colaboração e o ‘el dourado’ das empresas: a retenção

Por Amanda Protasio, SAP Tech lead na Volkswagen Digital Solutions

 

Os hackathons são sinónimo de inovação e prototipagem ágil no mundo tecnológico, sendo um evento particularmente popular no chamado “ecossistema”. Contudo, este evento é muito mais que uma “competição” que se foca em desafios específicos de produtos: pode ser uma poderosa ferramenta com objectivos muito mais amplos, como a integração, aprendizagem contínua e a retenção de talento, hoje um imperativo e desafio das empresas.

Mas, antes de mais, o que é um hackathon? Na sua essência, um hackathon é uma “maratona de hacking” e, num contexto criativo, “hacking” refere-se a encontrar soluções inovadoras ou pouco convencionais para problemas. Isto pode envolver a reutilização de ferramentas existentes de formas inesperadas ou o pensamento “fora da caixa” para alcançar um resultado desejado. O hacking criativo combina engenho, experimentação e pensamento, podendo resultar numa inovação única, fruto de um espírito empreendedor que a empresa liberta nos seus activos e colaboradores. Ao permitir que as equipas escolham as suas próprias tecnologias para aprender e utilizando hyper sprints, os hackathons criam um ambiente colaborativo e dinâmico que encoraja a resolução criativa de problemas. A natureza personalizável destes eventos torna-os relevantes para várias áreas de negócio e tecnologias.

Para tornar tangível os reais benefícios dos utilizadores e clientes e não acharmos que esta é uma ferramenta que nasce e fica no universo de geeks, é de partilhar alguns bons exemplos que resultaram de hackathons de sucesso: foram os hackathons do Facebook que resultaram em funcionalidades como o botão “like” e o chat; na Netflix estes inspiraram recomendações personalizadas e conteúdo interactivo; o  UberPool e o UberEats nasceram de hackathons na Uber; os “Code Jams” da Google produziram produtos como o Google Maps e o Gmail; a “Hack Week” do antigo Twitter (X) levou a funcionalidades como o botão “Retweet” e as Sondagens; os “InDays” originaram a criação da app móvel do LinkedIn; o “OneWeek Hackathon” da Microsoft resultou em produtos como o Surface Hub e até os hackathons do Airbnb levaram a inovações como as Experiências Airbnb.

Com a missão de impulsionar a jornada digital do Grupo Volkswagen através da inovação desenvolvida das nossas tech units em Portugal, na Volkswagen Digital Solutions a nossa Comunidade SAP Fiori enfrentou um desafio, durante seis meses, que não estava a progredir como esperado: o desenvolvimento de uma app com pouco ou nenhum progresso. Foi então que surgiu a ideia de organizar um hackathon, não só poupando tempo e encontrando soluções, como o hackathon mantém-se vivo, mesmo que “formalmente”. hoje, um ano após o nosso primeiro hackathon, a equipa cresceu e adaptou-se. Usando ferramentas como as Breakout Rooms do Microsoft Teams, Loop e um canal dedicado no Slack para o hackathon, realizámos com sucesso hackathons totalmente presenciais, híbridos e remotos. Estas ferramentas ajudaram-nos a ultrapassar desafios e a manter um fluxo de colaboração contínuo.

Esta experiência permitiu à nossa comunidade fazer as suas próprias escolhas de aprendizagem, aprofundar os seus conhecimentos e melhorar as suas competências de apresentação. Ao mesmo tempo, promoveu uma comunidade mais unida. O que torna isto ainda mais notável é o facto de a nossa Comunidade SAP Fiori ser composta por membros de três equipas diferentes e este hackathon permitiu integrá-las que, de outra forma, não teriam tido muita interacção.

Em conclusão, mas voltando ao início, é de salientar que os hackathons fazem mais do que apenas fomentar a inovação: aumentam a motivação, a aprendizagem, a relação e a retenção dos colaboradores que se tornam verdadeiros intraempreendedores. Ao criar um ambiente descontraído, que promove a integração e oferece oportunidades para o desenvolvimento individual e a expansão das competências, estes eventos proporcionam uma plataforma de aprendizagem contínua, garantindo que as iniciativas permaneçam alinhadas com os objectivos empresariais, das mais diversas áreas.

Com esta experiência enriquecedora que estudámos e somos testemunhos, partilhamos algumas ideias e caminhos para a criação de hackathons nas (vossas) empresas. São culturalmente, economicamente e socialmente produtivos… e divertidos! Let the hackathons begin!

Objectivos dos hackathons:

  • Fomentar a integração entre equipas híbridas com diversas competências e formações.
  • Incentivar a aprendizagem contínua através da exploração de novas tecnologias e metodologias.
  • Capacitar as equipas para escolherem o seu conjunto de tecnologias, promovendo a responsabilidade e a inovação.
  • Implementar metodologias ágeis com hyper sprints para aumentar a eficiência e a adaptabilidade.

Estrutura para um hackathon de sucesso:

  1. Preparação pré-hackathon:
  • Sessão de brainstorming: começar com uma sessão de brainstorming para definir a solução, objectivos, temas e desafios alinhados com os objectivos da organização e as tendências da indústria.
  • Formação de equipas: organizar equipas multidisciplinares com membros de diferentes áreas.
  • Preparação: listar pré-requisitos como licenças ou sessões de formação e fornecer recursos para explorar tecnologias antes do evento. Criar um backlog de funcionalidades para a solução.
  1. Execução do hackathon:
  • Início: começar com uma orientação sobre objectivos, regras e metas para o dia.
  • Colaboração da equipa: facilitar a formação de equipas e a escolha do conjunto de tecnologias, incentivando a colaboração e a partilha de conhecimento.
  • Metodologias ágeis: usar sprints curtos e iterativos, com flexibilidade e adaptabilidade como prioridade.
  • Apoio: fornecer mentores e especialistas para guiar as equipas ao longo do processo.
  • Cultura de criatividade: incentivar a experimentação e soluções pouco convencionais.
  • Pausas e foco: agendar pausas e seguir a agenda para manter o foco. Após cada pausa, realizar uma sessão de stand-up para verificar o progresso e fornecer assistência, se necessário.
  • Retrospectiva: terminar o hackathon com uma sessão de retrospectiva para identificar o que correu bem, o que pode melhorar e o que deixar de fazer em futuros hackathons.
  • Aprendizagem contínua: recolher ideias e lições aprendidas para informar futuros hackathons e iniciativas da organização.
  1. Pós-hackathon:
  • Quadro de retrospectiva: manter um quadro com notas da retrospectiva para acompanhar as melhorias ao longo do tempo.
  • Feedback dos pares: incentivar feedback e reflexão para uma aprendizagem contínua.
  • Demo Day: quando a solução estiver pronta (isto pode demorar alguns hackathons), organizar um dia de demonstração para as equipas apresentarem o seu trabalho.
  • Reconhecimento: celebrar e recompensar as equipas pelas suas conquistas para fomentar uma cultura de valorização.
  • Dar prioridade à aprendizagem ao longo do processo, mais do que aos resultados propriamente ditos.

Benefícios dos hackathons:

  • Integração de equipas híbridas: os hackathons juntam indivíduos de diferentes áreas e origens, promovendo a inclusão e a diversidade dentro da organização.
  • Foco na aprendizagem: ao incentivar a exploração e experimentação, os hackathons promovem a aprendizagem contínua e o desenvolvimento de competências, ajudando os participantes a manter-se actualizados com as tecnologias mais recentes.
  • Flexibilidade tecnológica: ao permitir que as equipas escolham o seu conjunto de tecnologias, os hackathons capacitam-nas a aproveitar a sua especialização enquanto exploram novas ferramentas e plataformas.
  • Metodologias ágeis: sprints curtos promovem iterações rápidas, desenvolvimento orientado por feedback e gestão eficaz de projectos, garantindo a entrega atempada das soluções.
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