O horário tradicional das 09h00 às 18h00 “já morreu”

Parceria entre a Human resources e a Randstad, a (re) talk desta semana contou com a presença de Ana Porfírio, directora de Recursos Humanos da Jaba Recordati, e Mariana Canto e Castro, directora de Recursos Humanos da Randstad. O tema que esteve em debate está na ordem dia, não só porque o teletrabalho é já hoje uma realidade incontornável, como, devido à instauração do estado de contingência até ao dia 14 de Outubro, pelo menos, ser pedido às empresas que procedam ao desfasamento dos horários dos colaboradores bem como à nova organização do trabalho com equipas em espelho.

 

Por Sandra M. Pinto

 

Isto leva-nos à questão de saber se o tradicional horário das 9 às 18 ainda é exequível ou se, por outro lado, tem os dias contados.

Para tentarmos chegar a alguma conclusão, importa em primeiro lugar perceber se o teletrabalho será o modelo de trabalho a adoptar no futuro, ou se, pelo contrário, iremos assistir a um modelo hibrido, com dias no escritório e outros em casa e de que forma as organizações estão a encarar esta questão.

«Quando recebi o vosso convite e olhei para o vosso titulo tive de sorrir», começou por confessar Ana Porfírio, directora de Recursos Humanos da Jaba Recordati, «pois trabalho há 26 anos e nunca trabalhei das 09h00 às 18h00». Depois de uma introspeção, Ana Porfírio é da opinião de que o tradicional horário das 9h00 às 18h00 não se aplica em grande parte dos sectores de actividade desde há muito tempo, «naturalmente que a crise que agora vivemos veio trazer um conjunto de adaptações que são obviamente necessárias no nosso dia-a-dia», refere, revelando com todos que a Jaba tem vivido a pandemia de uma forma muito particular.

«Somos uma empresa farmacêutica com uma equipa de vendas com cerca de 90 profissionais e um equipa de office com cerca de 30 e curiosamente tínhamos a nossa mudança de sede agendada para a semana em que foi decretado o Estado de Emergência», relembrou Ana Porfírio, «não foi fácil fazer uma mudança de 1200 metros quadrados nesse contexto mas foi uma “loucura” fazer a mudança e depois enviar toda a gente para casa durante 12 semana, equipa de vendas incluída».  Com o desconfinamento as equipas de vendas regressaram toda ao activo a 100%, «respeitando obviamente todas as regras e indicações da Direcção Geral de Saúde, enquanto no office o regresso está a ser feito de outra forma, pois estamos com equipas em espelho, pelo que semanalmente temos na empresa 15 colaboradores». De referir que o novo escritório da Jaba não tem open spaces pelo que o distanciamento social dos colaboradores se revelou mais fácil de conseguir, «o que facilita muito o regresso».

Para a responsável, das 09h00 às 18h00 é um modelo que não faz sentido na Jaba, «empresa que trabalha por objectivos e por projectos», refere, «obviamente que há horas a cumprir, mas mas isso não é necessariamente um trabalho das 09h00 às 18h00».

Na Randstad o desconfinamento teve inicio no dia 15 de Junho com todas as regras impostas pela DGS a serem implementadas. «Mesmo assim optámos por determinar que as áreas de back office continuariam a trabalhar remotamente», refere Mariana Cantro e Castro, directora de Recursos Humanos da consultora. «Ninguém está impedido de ir ao escritório sempre que for necessário, sempre com o uso de máscara, o qual é obrigatório dentro das nossas instalações». Para ajudar neste regresso a Randstad lançou a “YouPlan”, uma aplicação que vai permitir gerir todos os horários com a criação de escalas para os colaboradores e ainda com a possibilidade de comunicação. «É uma app que usamos internamente e que nos permite aceder às escalas e à utilização de alguns espaços das nossas instalações como seja o caso do ginásio».

Para Mariana Cantro e Castro não se podem perder alguns dos ganhos alcançados com a pandemia, «olhando para 2021 e daí para a frente devemos aproveitar para pensar não só a curto mas também a médio e alongo prazo, e pensando no nosso tema lamento informar mas das 09h00 às 18h00 “já morreu”».

 

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