O papel decisivo das equipas de TI nos desafios impostos às empresas pela COVID-19

Com o constante desenvolvimento das tecnologias no decorrer da última década, o papel das equipas de TI tem vindo a evoluir. Tradicionalmente, a complexidade e a novidade às quais se associavam a tecnologia exigiam conhecimentos muito específicos, o que colocava o departamento de Tecnologias de Informação no centro das empresas.

 

Por Carlos Cunha, Director Comercial da Dynabook Portugal

Enquanto as TI mantêm o seu papel crítico em qualquer organização, os colaboradores, que hoje em dia são mais avessos à tecnologia, dispõem de ferramentas mais acessíveis e compreensíveis, o que significa que o papel convencional atribuído às equipas TI tem sido redefinido no sentido de ir ao encontro da era digital.

Claro que este cenário se alterou com a erupção do coronavírus. Enquanto a maioria dos negócios estão delineados para suportar um pequeno número de trabalhadores remotos, apenas uma reduzida parte das empresas se preparou efetivamente para o aumento drástico do número de pessoas a trabalhar a partir de casa. Face a este ambiente de trabalho sem precedentes, com a tecnologia como personagem principal, os departamentos TI assistiram a um aumento do fluxo de pedidos de apoio por parte dos utilizadores. Como resultado, assistimos a uma renovação de confiança nas TI. Mas que implicações é que isso comporta para estas equipas? Que desafios é que lhes esperam?

Gerir um ambiente TI híbrido

O distanciamento social continua a ser uma realidade, o que significa que muitos negócios não poderão, num futuro próximo, reunir a sua força de trabalho num mesmo espaço físico. Dito isto, sendo claros os benefícios do trabalho remoto durante este período, algumas organizações tomaram mesmo a decisão de permitir que o seu staff trabalhe a partir de casa “para sempre”, se for seu desejo.

Para os gestores das TI, esta opção adiciona um nível de complexidade totalmente novo. Ter alguns colaboradores a trabalhar a partir do escritório e outros a partir de outras localizações cria um ecossistema TI híbrido mais definido, que comporta complicações adicionais à orquestração de ativos TI, divididos por múltiplos ambientes cloud ou localizados, bem como a estratégia Bring Your Own Device (BYOD). A gestão deste novo ambiente significa que o alcance das equipas TI vai para além das quatro paredes digitais da empresa, exigindo que se assegurem a todos os colaboradores a mesma experiência TI, independentemente da sua localização.

Conectividade fora do escritório

Apesar de não controlarem o ambiente dos colaboradores, as equipas TI continuam a ser responsáveis pela sua experiência. Com isto em mente, a conectividade mantém-se uma variável a considerar. Assegurar uma conexão estável entre o utilizador final e a rede da empresa, os dados e aplicações é muito desafiante. Em muitos casos nesta pandemia, os departamentos TI tiveram dificuldade em manter uma infraestrutura de rede fiável e robusta, capaz de cooperar com a crescente procura. À medida que o trabalho remoto continua, é natural que algumas equipas TI concluam que precisam não apenas de reforçar a sua força de trabalho, como requalificá-la, de forma a gerir eficazmente as suas necessidades.

Contudo, esta é apenas uma parte da solução. Evitar o tempo de inatividade que poderá advir dos problemas de conectividade depende ainda do próprio dispositivo do colaborador. O investimento dos gestores TI em novos hardwares para equipar as suas equipas de trabalho tem de contemplar dispositivos que comportem as mais recentes funcionalidades de WiFi, bem como Bluetooth e conexões periféricas suficientes, de que são exemplo as entradas HDMI e USB. Não apenas isso, mas ainda uma câmara fiável, ferramentas de áudio de qualidade e de redução de ruído – funcionalidades de crescente importância, da qual dependem as conferências por vídeo, cada vez mais frequentes.

Gerir riscos de segurança

A segurança mantém-se, naturalmente, como uma das maiores preocupações das equipas de TI. Agora que os dados estão fora das paredes digitais das organizações, há maior risco de comprometer ou, até, perder informações sensíveis. Um estudo recente da Microsoft revela que 90% das organizações foi impactada por ataques de phishing.

Além do mais, o BYOD, não sendo exatamente um conceito inovador, adquiriu um significado renovado à luz do período atual. Com uma estratégia BYOD, as equipas de TI são deixadas com um controlo muito limitado. O agravamento das ameaças obrigou os gestores TI, não apenas a convergirem com as equipas de segurança, mas a tornarem-se, igualmente, especialistas em cibersegurança, capazes de prever e garantir a proteção contra novos ataques. Muitos tiveram de aumentar rapidamente tanto a dimensão da sua equipa, como o investimento em ferramentas e tecnologias que protejam os dados corporativos dos colaboradores.

Estas soluções de gestão de dispositivos móveis – projetadas para assegurar os dados e dispositivos das organizações – estão frequentemente integradas nos produtos, tendo pouco ou nenhum custo adicional. No que respeita a proteção do dispositivo em si, ferramentas biométricas, como o reconhecimento de impressão digital existem em muitos dispositivos. Outras defesas incluem soluções zero-client, que asseguram que os dispositivos não retêm qualquer informação sensível. Em vez disso, esta é armazenada centralmente, num sistema baseado na cloud, para que os dados permaneçam seguros, mesmo no caso de o dispositivo se perder ou ser roubado.

De acordo com o CEO da Microsoft, no início da pandemia COVID-19, assistimos, em dois meses, a uma transformação digital equivalente a um período de dois anos. Este nível de aceleração agitou as responsabilidades diárias de muitos departamentos de TI, apresentando, ao mesmo tempo, consideráveis desafios à capacidade de rede, segurança e às próprias qualificações dos profissionais. Apesar da incerteza que pauta a realidade das organizações atualmente, conta-se com a certeza de que as equipas TI manterão a sua renovada importância neste que é o novo normal.

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