O que falta para o sucesso? Actuarmos como uma orquestra!

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

 

O que mais nos maravilha num concerto? Uma obra emblemática de um compositor famoso? A orquestra em si mesma? A articulação entre as várias classes de instrumentos? O virtuosismo dos solistas? O carisma do maestro?
Certamente todas estas componentes são apreciadas. Interrogamo-nos muitas vezes como tudo funciona na perfeição. Seguindo a pauta musical, a articulação entre cordas, metais, madeiras, percussão, teclas, tudo apresenta uma forte sintonia. Com maior detalhe de observação, percebemos que dentro de uma orquestra existem hierarquias implicitamente aceites. Como tudo acontece, em orquestras muito numerosas, algumas articulando-se com coros ou bailados, parece-nos, a quem é leigo na matéria, como algo de grandioso. Sem dúvida que o é, mas sem ser sobrehumano.
Talvez esteja aqui uma aprendizagem para o nosso dia a dia. O que seria que se cada elemento de uma orquestra se preocupasse tão só consigo próprio? Ou se cada classe de instrumentos quisesse sobressair? Ou se o maestro demonstrasse preferências pessoais? São só alguns exemplos do que podemos transferir para as organizações de per si e do seu respetivo papel de forma mais global. Os exemplos são muitos. Percebemos claramente quais as organizações, sejam elas quais forem, que funcionam na proximidade de uma orquestra.
Existir um propósito, existirem objetivos comuns, conhecermos e respeitarmos o papel de cada um, percebermos que nos movimentamos num mundo global e líderes carismáticos, que são capazes de ouvir, dar o exemplo e orientar, é fundamental que tudo funcione. Exige vontade, motivação e treino, obviamente. Tal como numa orquestra os instrumentos têm de estar afinados, também nas organizações têm de existir condições para a melhor execução das ações. Exige-se ainda planear e organizar, bem como transparência e comunicação. As dificuldades não são só de alguns, são e deve ser partilhadas. O contributo individual é fundamental, mas numa lógica de resultados conjuntos.
Perante tempos difíceis, de risco permanente e de desafios que aportam níveis elevados de incerteza, funcionar como uma orquestra é a melhor via para se alcançar o sucesso. Sem dúvida que numa orquestra o risco também é permanente, de alguém desafinar ou de um instrumento falhar, mas a maioria das vezes torna-se imperceptível ao público em geral. Tão só porque cada elemento sabe como gerir uma contingência. É trabalhada e treinada e a solidariedade é uma realidade, pois o que está em causa é o sucesso do concerto.
O que se verifica, hoje em dia, é que existe uma real dificuldade em se encontrarem pontos de convergência. Cada um escolhe um diapasão diferente para se alinhar, no extremo cada um acha que deve seguir uma pauta diferente, inclusivamente quando supostamente há interesses comuns. Aquilo que podia ser a força de se contrarem caminhos e soluções concretizáveis, acabam por se esvair na fragilidade de uma posição individualizada, muitas vezes manipulada até por lideranças sustentadas num cariz mais ideológico ou de salvação do seu próprio ego.
Os tempos atuais exigem que cada organização, dentro de si e entre si, sejam elas quais forem, funcionem como uma orquestra. Aplaudimos de pé o concerto, quando tal acontece. Porque nos transmitiu competência e até conforto, no fundo um bem estar que nos permite sermos felizes!