O teletrabalho passou a estar em cima da mesa como uma condição para negociação laboral?

Digo, e sem margem para dúvidas, que sim! Com o surgimento da pandemia a maioria das empresas foi obrigada a adoptar novos métodos, entre os quais o teletrabalho. Esta foi, sem dúvida, a medida que mais se fez sentir como resposta à reviravolta de 180º que tanto surpreendeu o mundo. 

 

Por Nádia Nunes, People & Culture manager na Think Attitude

 

Este regime, numa era profundamente tecnológica, em que quase tudo se faz através de um computador, tem levantado grandes questões quanto às suas vantagens e desvantagens.

Têm sido muitos os estudos sobre o tema e um deles promovido, por exemplo, pela Remote Portugal procurou perceber o nível de satisfação dos trabalhadores em relação ao teletrabalho, bem como os seus benefícios e desafios, e chegou à conclusão de que 92% considera ser (ou ter) uma experiência positiva. É claro que esta é uma das temáticas que mais se tem debatido entre colaboradores e empregadores. A verdade é que a autonomia, flexibilidade e comodidade têm sido pontos cada vez mais valorizados entre os que operacionalizam este tipo de regime. Segundo a mesma fonte, 96% dos profissionais, em Portugal, demonstrou o desejo de manter a opção de teletrabalho.

Ora, com esta crescente preferência dos colaboradores, não é de estranhar (e tenho visto isso todos os dias enquanto responsável por uma empresa de recrutamento) que muitos já só procuram e respondem a ofertas de emprego em que as empresas contratantes oferecem a possibilidade da função em causa ser exercida neste formato – é requisito considerado como prioritário. A flexibilidade horária, para uma melhor conciliação entre a vida profissional e a pessoal, é sem dúvida uma das principais prioridades, ao dia de hoje, na procura de emprego.

No recrutamento, e em especial para a área das tecnologias de informação, esta preferência é notória em jovens-adultos. Tendência esta que provavelmente se irá reflectir naquilo que poderá vir a ser o futuro. As tecnologias continuarão a evoluir e com elas as alternativas ao trabalho presencial. Num futuro muito próximo, as empresas não poderão continuar a ignorar a vontade (tão unânime) dos profissionais que consideram o teletrabalho como um benefício (tal como consideram o acesso a um seguro de saúde).

Esta é a altura ideal, na minha opinião naturalmente, para as organizações adoptarem, de forma mais global, procedimentos e estilos mais inovadores, rápidos e eficientes. Além de tornar a empresa mais atractiva no mercado, o teletrabalho promove a autonomia, adaptabilidade e satisfação dos próprios colaboradores.

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