O well-being não é uma tendência, é uma necessidade

Nos nossos dias, compreendemos o bem-estar – ou well-being – em contexto organizacional como um elemento fulcral que promove as questões que se prendem com a segurança e saúde no trabalho das nossas pessoas.

 

Por Daniela Lima, Managing partner da Swaifor

 

Sabemos que as empresas tendem a ser mais atractivas, e inclusive mais produtivas, se investirem em programas de well-being ajustados às necessidades dos seus colaboradores. Estes programas não devem ser entendidos como chamariz para “atrair” talento, mas funcionar como verdadeiras ferramentas de suporte e manutenção dos níveis de saúde e bem-estar, com o intuito de reter os seus talentos e aumentar os níveis de desempenho de forma sustentada.

Acredito que, de forma geral, todos nós em um dado momento da nossa vida já experienciámos elevados níveis de stress, resultantes de um sem-número de factores presentes em contexto organizacional: (1) carga de trabalho elevada, (2) horários imprevisíveis, (3) autonomia limitada, (4) longas horas de trabalho, (5) trabalho por turnos, (6) estilos de liderança, (7) conflitos vida pessoal/vida profissional, (8) falta de apoio dos colegas/chefia, (9) condições físicas de trabalho, (10) assédio moral, (11) mobbing, (12) cultura organizacional e (13) trabalho remoto/híbrido/ presencial. Todos estes factores, quando combinados com as restantes variáveis presentes em contexto organizacional, conduzem invariavelmente a situações de stress (Workplace Mental Health & Well-Being, 2022).

O stress, quando experienciado por um elevado período de tempo, tem efeitos negativos em numerosos sistemas do nosso organismo. Alguns exemplos: a nível hormonal provoca alterações nas hormonas que têm impacto no ritmo normal do sono, aumenta a tensão muscular e prejudica a função metabólica. Todos estes efeitos do stress têm custos para as pessoas – dificuldade de concentração, falta de criatividade, maior propensão para erros, lapsos e acidentes de trabalho, e perdas de produtividade – e para as empresas – menor atractividade, aumento da sinistralidade e perdas de produtividade.

Quando crónico, o stress está associado ao desenvolvimento de doenças como: tensão arterial elevada, colesterol elevado, doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes, doenças auto-imunes (por exemplo, Doença de Crohn) e doenças cancerígenas, além de aumentar a vulnerabilidade a infecções (Workplace Mental Health & Well-Being, 2022).

A nível comportamental, o stress coloca desafios enormes às pessoas, às organizações, aos gestores de Recursos Humanos, aos especialistas de segurança, aos profissionais de saúde, aos psicólogos, aos psiquiatras e à sociedade de forma geral. Porquê? Porque lidamos com fenómenos silenciosos, que minam as relações que se estabelecem em contexto organizacional e colocam em risco a segurança e a saúde das pessoas afectas e das equipas de trabalho.

O Mental Health of America, no estudo que desenvolveu em 2021 com uma amostra de 11 mil trabalhadores, obteve resultados interessantes: (1) 80% dos trabalhadores identificaram o stress experienciado no local de trabalho como um factor que afecta as suas relações com os amigos, com a família e com os colegas de trabalho; (2) só 38% dos inquiridos conheciam os programas de well-being existentes nas respectivas organizações e estavam confortáveis em participar para obter a ajuda de que necessitam.

Em suma, o desafio que se coloca às empresas que operam em contextos sociotécnicos cada vez mais exigentes e complexos, é desenhar programas de well-being credíveis, acessíveis e que preservem as suas pessoas.

 

Este artigo foi publicado na edição de Janeiro (nº. 145)  da Human Resources, nas bancas.

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