Ocupação de escritórios flexíveis diminuiu no primeiro trimestre do ano em toda a Europa

A taxa de ocupação de escritórios flexíveis na Europa diminuiu no primeiro trimestre de 2020, passando de 9,5% para 5%, relativamente ao final de 2019. O sector expandiu exponencialmente a partir de 2017 e está agora a atingir a maturidade, à medida que os grandes fornecedores se tornam menos expansionistas.

 

Os dados da consultora imobiliária internacional Savills demonstram que em 2019 a taxa de ocupação de escritórios flexíveis em Paris (centro da cidade) era de 25,6%, seguida pela cidade de Londres com 23%, Barcelona com 18,1% e West End (Londres) com 15%.

Eri Mitsostergiou, Analyst in the European Research Division da Savills, comenta: «Embora a análise dos nossos dados não possa ter em consideração todos os efeitos da COVID-19, é para nós claro que – com a pandemia ou não – a desaceleração do sector de escritórios flexíveis pode ser atribuída à sua maturidade. Estamos a assistir à suspensão de novas aberturas de grandes empresas, como a WeWork e a IWG, que agora se focam na redução de custos, este cenário abriu espaço para operadoras menores e mais aquisitivas.»

«Em zonas do globo que são populares para um trabalho mais flexível – predominantemente Londres, Paris e Barcelona – também poderíamos argumentar que a escassez persistente de espaço disponível de qualidade é parcialmente responsável pela diminuição na ocupação. Ainda não é possível saber se isto terá impacto a longo prazo devido ao COVID-19.»

Apesar de muitos operadores de escritório flexíveis permanecerem abertos durante o confinamento em toda a Europa, a ocupação de edifícios é inferior a 20%, com escritórios particulares a permanecer parcialmente em uso, e a procura por espaços de trabalho em co-working a diminuir significativamente devido a preocupações de saúde e segurança. De acordo com o mais recente estudo de opinião global da Workthere, especialista em escritórios flexíveis da Savills, os fornecedores de escritórios flexíveis esperam uma ocupação com contrato de 71% no final de maio – em comparação com 83% antes da COVID-19.

No entanto, olhando para o futuro, as perspectivas para o sector nos próximos 12 meses são positivas. De acordo com a pesquisa da Workthere, 62% dos fornecedores de escritórios flexíveis em todo o mundo estão optimistas sobre o desenvolvimento da situação nos próximos 12 meses.

Rodrigo Canas, Associate director do Departamento de Escritórios da Savills Portugal afirma: «As empresas de hoje têm uma maior consciencialização ao nível dos prazos dos compromissos que tomam, sendo que a flexibilidade será certamente algo procurado pelos inquilinos na forma como gerem e ocupam os seus espaços. É natural que dada a situação actual de incerteza, onde a densidade e ocupação dos espaços está restringida devido ao distanciamento social, os inquilinos aproveitem esta flexibilidade para interromper alguns contratos que neste momento não sejam absolutamente necessários. Ainda assim, aquando um regresso mais estabilizado, estas mesmas empresas e outras também, procurarão soluções flexíveis que lhes permitam tomar decisões à medida das suas necessidades.»

Jessica Alderson, global research analyst da Workthere, acrescenta que «em tempos de incerteza, a flexibilidade será uma solução procurada, pois as empresas podem evitar compromissos de arrendamento a longo prazo. Além disso, com mais pessoas a trabalhar remotamente de modo regular, as empresas podem optar por estender os seus requisitos de escritório por soluções de escritório tradicionais e flexíveis em diferentes locais. Isso também pode levar a uma maior procura por espaços de escritório flexíveis em locais que não sejam da CBD e mais próximo dos centros de transporte.»

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