OE2022: FMI em linha com Governo sobre decisão salarial na função pública

O FMI partilha da convicção do Governo português de não avançar já para uma actualização da massa salarial da função pública à taxa de inflação esperada para este ano, considerando que a escalada dos preços é temporária.

Num briefing com a imprensa, a propósito das conclusões sobre a avaliação anual da instituição a Portugal, Rupa Duttagupta, líder da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), quando questionada sobre se o executivo português deveria avançar já com a subida dos salários com base na inflação esperada deste ano, disse estar em linha com a postura adoptada pelo Governo.

«Nós acreditamos na actual visão do Governo, porque isto é uma questão temporária, de que os salários não precisam de ser ajustados. Concordamos com isso», disse.

Ainda que admitindo que a perspectiva de inflação do FMI para Portugal foi revista em alta para 6% este ano, Rupa Duttagupta mostrou-se convicta, com base nas projeções do Global World Economic Outlook (WEO) para os preços das commodities, que grande parte da subida da inflação é sustentada por factores globais, que devem começar a recuar no segundo semestre do ano.

«Portanto, esperamos que a inflação comece a recuar», vincou.

Ainda assim, a responsável pela missão do FMI a Portugal considerou que uma questão mais ampla é que Portugal tenha padrões de vida «mais fortes ou melhores».

«Uma grande prioridade é melhorar a competitividade dos trabalhadores, a empregabilidade e as condições de emprego. E, para isso, penso que as várias reformas que são direccionadas para aumentar o nível de qualificação, tanto nas habilidades profissionais, como também na digitalização da educação, naturalmente, aumentariam tanto a competitividade quanto os salários de forma mais durável no médio prazo», justificou.

O FMI divulgou as conclusões da avaliação anual a Portugal (Article IV), no qual melhorou a perspectiva de crescimento do PIB português para 4,5% este ano e agravou a da inflação para 6%.

A equipa do FMI manteve contactos com as autoridades portuguesas durante os dias 21 de Outubro a 4 de Novembro de 2021 (virtualmente) e de 9 a 13 de Maio de 2022 (presencialmente).

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