“Olá, está tudo bem contigo?”
Vivemos num tempo onde, cada vez mais, a automação ganha espaço e a Inteligência Artificial (IA) já substitui o humano em muitas tarefas. O tempo em que os desafios à nossa capacidade analítica e de resposta aumentam de dia para dia.
Por Diogo Neves, consultor de Sistemas de Suporte Operacional, agap2IT
O objectivo deste artigo é dar a minha visão enquanto profissional em regime de outsourcing sobre a relação com os Recursos Humanos (RH). Com a pandemia o mundo mudou e a organização de trabalho alterou-se. A ideia de chegar ao escritório trabalhar das 9h às 18h deixou de existir. Agora somos digitais, híbridos e globais e às empresas exige-se flexibilidade organizacional e investimento analítico na gestão de pessoas. Esqueçamos o picar o ponto, até porque os cartões de ponto estão em vias de extinção.
A automação e o foco no capital humano
Automatizando as tarefas rotineiras, o foco vira-se para o capital humano e é neste contexto que os RH assumem o papel fundamental de nos fazer lembrar o básico: somos humanos e, embora inseridos numa organização, somos indivíduos singulares.
Tradicionalmente pensa-se que na relação dos RH com o consultor em regime de outsourcing existe um certo distanciamento, mas a realidade prova que este não tem necessariamente de existir. Se pensarmos bem, o capital humano é o bem mais precioso de uma empresa. São recursos que, estando em regime externalizado, tem uma dupla missão: responder às necessidades do cliente e ser o espelho dos valores da empresa, ou seja, os RH reflectem os valores da empresa ao colaborador que os espelha no cliente.
As reuniões de acompanhamento entre os RH e o consultor são a verdadeira partilha de conhecimento com escuta activa de ambos os lados e só assim faz sentido para conhecer a realidade do dia-a-dia do consultor.
A trabalhar na agap2IT desde 2019, em regime de outsourcing, sou testemunha disso, visto a camisola da minha empresa, enquanto acrescento valor ao negócio do cliente onde estou inserido. Por seu lado, os RH acompanham-me e promovem estratégias de formação para que possa aumentar a minha base de conhecimento e aceitar novos desafios.
Mais do que um número
O consultor tem nome e a relação deste com a empresa vai muito além do simples recrutamento e inserção no mercado de trabalho. As exigências diárias obrigam a uma adaptação constante e a adquirir novas competências, cabe aos RH em conjunto com o colaborador apontar o caminho para novas formações com o foco na performance e obtenção dos melhores resultados, mas não só. O respeito pelo meio que nos rodeia, as relações com os outros são apostas fortes, como os valores que nos são transmitidos enquanto colaboradores, seja na comunicação mais tradicional como em eventos ao longo do ano.
Olá, está tudo bem contigo?
É aqui que uma empresa com gestão de RH de excelência marca pontos e se destaca. A valorização do capital humano como “mais do que um mero colaborador”. Desde a pandemia que se passou a este nível de relação entre RH e consultor. Em qualquer empresa receber uma chamada dos RH pode causar uma certa angústia, na minha empresa é comum e natural, receber uma a perguntar: “Está tudo bem contigo e com a tua família? Precisas de algo?” É aqui que, enquanto profissional, sinto fazer parte de uma organização que é exigente, mas que se preocupa comigo e com a minha saúde mental. Com a chegada da pandemia foi esse contacto dos RH que marcou toda a diferença, quando ninguém sabia o que fazer foi importante ter a confiança de que, do outro lado, existia apoio e que tudo ia correr bem. E correu!
O presente é
A trabalhar num dos maiores “players” de telecomunicações a nível mundial, em modelo híbrido, o desafio passa por manter as relações humanas a funcionar. Somos seres sociais e com colegas distribuídos em vários pontos geográficos, é fundamental não esquecer isso. A comunicação é a base para alcançar objectivos comuns.
Os objectivos diários passam também por tornar as tarefas repetitivas em automação e deixar para os humanos as tarefas sensíveis que carecem de análise, tendo sempre o foco na satisfação do cliente e clientes deste.
Também no presente, os RH já não são apenas aqueles que recrutam e despedem. Criam condições para que o capital humano e intelectual atinja as metas organizacionais, definem estratégias e aumentam a visão social. Aquela visão de que o departamento de RH é composto por pessoas cinzentas, com secretárias cheias de papéis e sem tempo para escutar já não existe, pelo menos na minha empresa. O futuro já chegou! O futuro é agora. Com a gestão à distância dos colaboradores, formações adaptadas às diferentes áreas de negócio.
Existe futuro?
Existe, mas… Depende de nós, humanos, garantir que o limite da tecnologia é estar ao nosso serviço e não acabar com o nosso lugar nas organizações. Há muito em jogo, garantir este equilíbrio é o maior desafio para os próximos anos.