Olhar para a crise como oportunidade de prestar auxílio

Vivemos tempos imprevisíveis e inesperados. A pandemia tem revelado duas maneiras de agir por parte das pessoas, empresas ou grupos: exibindo extrema compaixão ou, por outro lado, extremo egoísmo. Por um lado, a adversidade traz a verdadeira natureza do carácter dos indivíduos e das organizações ao de cima. Mas por outro, as situações adversas podem também revelar um lado que não sabiam que tinham.

 

Por Francisco Miranda Duarte, director-geral da Ordem da Trindade

 

Nesta linha de pensamento, as duas maneiras de abordar situações adversas advém ou de pessimismo, avaliando apenas o impacto da situação a curto-prazo e focando apenas no sentimento de desespero, ou do optimismo, que advém de se aperceber que todas as adversidades são uma oportunidade de crescimento. Os optimistas têm a habilidade de olhar para o futuro e perceber quais podem ser os resultados a longo-prazo das suas escolhas, e por isso, como podem utilizar uma situação difícil para melhorarem pessoalmente, fazerem avançar as organizações e as comunidades e em última análise tornar melhor o mundo.
Ainda assim, actualmente pode ser difícil manter uma atitude positiva, pois indivíduos ou organizações sentem falta de controlo sobre as circunstâncias, o que leva ou pode levar a adoptar uma postura de ressentimento. Mas adquirir responsabilidade e tomar novamente as rédeas poderá ser mais facilmente atingível tendo um propósito e usando o poder ao alcance de todos nós para fazer algo positivo.

Neste sentido, quais algumas maneiras de utilizar situações adversas para atitudes benéficas, que tenham em conta o bem-estar do próximo?

Focar nas necessidades do utente: É necessário saber avaliar como a mudança afectará os mais vulneráveis e qual o impacto que terá nos mesmos. Para isso é necessário desenvolver uma abordagem metódica que garanta uma resposta adequada às novas necessidades.
Definir o “porquê”: Alturas desafiantes são óptimas para relembrar qual a missão da instituição, e o porquê de fazer o que se faz. Saber qual o nosso papel em no limite “mudar o mundo”, tornando a missão pessoal será meio caminho andado para que tudo seja feito com paixão, mesmo em adversidade.
Construir uma equipa com talentos complementares: Uma cultura que valoriza a individualidade de cada colaborador, faz com que exista uma grande variedade de metodologias e abordagens, o que por consequência, fará com que existam tratamentos personalizados para cada utente.
Colocar o propósito em primeiro lugar: Acima de tudo, é preciso avaliar que a longo prazo, o que trará retorno será a aposta numa causa maior e não o lucro. Se tempos como este mostram que o retorno financeiro é algo instável, criam oportunidade para expandir o leque de actividades ou redirecionar objetivos para algo mais nobre.

Existe uma citação de Albert Einstein que recorda: “Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre”. Esta contempla que a importância da atitude que escolhemos ter perante qualquer situação, e que existe sempre poder para mudar o rumo daquilo que nos é apresentado.
Qualquer forma que o futuro adquira, o importante é compreender que não podemos manter o caminho como antes estava traçado e que a estratégia a desenvolver deve ser robustecida com dimensões sociais de auxílio ao próximo que sedimentem de uma forma positiva e no longo prazo o papel das organizações na sociedade.

As instituições que prosperaram durante a crise não podem ficar complacentes e as que estavam menos preparadas devem tentar uma abordagem nova, que passe por exemplo pela filantropia, para construir novos recursos, parcerias e competência.

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