«Os colaboradores têm de sentir confiança», afirma Rui Rijo Ferreira, da Jaba Recordati

Perante a pandemia que motivou que todos os colaboradores da Jaba Recordati ficassem em teletrabalho, mudaram as circunstâncias mas não a essência da comunicação interna: ser transparente, contínua e chegar a todos de forma eficiente.

 

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

Rui Rijo Ferreira, director de Marketing na Jaba Recordati e responsável pela Comunicação, reconhece que nem mesmo na indústria farmacêutica se estava preparado para uma situação de pandemia com as repercussões globais da actual. Por isso, o impacto emocional nos colaboradores não foi menos sentido. Mas a resposta foi rápida e a Comunicação teve um papel fundamental para assegurar a necessária adaptação ao contexto, mantendo a actividade intacta e a tranquilidade e confiança dos colaboradores. E o timing do Estado de Emergência trouxe um desafio acrescido, uma vez que a farmacêutica estava em pleno processo de mudança de instalações.

 

O que é que para a Jaba Recordati assumiu prioridade em termos de comunicação, quando confrontada com a actual situação de pandemia?
O modelo de negócio seguido pela generalidade das companhias farmacêuticas é muito assente na comunicação “face to face”. O medicamento é, em si, um produto de elevada complexidade técnica e científica, e o mercado farmacêutico é fortemente regulamentado.

A pandemia COVID-19 obrigou-nos a enviar para casa toda a equipa comercial, a rever todas as nossas actividades e toda a nossa forma de comunicar. Subitamente, o nosso principal cliente, o profissional de saúde, está na primeira linha da COVID-19 e, por isso, focado nesse combate. A nossa comunicação teve de se adaptar a esta realidade.

Deixámos de o contactar presencialmente e passámos a fazê-lo remotamente. O conteúdo e o objectivo deixou de ser a promoção dos nossos produtos e passou a ser o suporte e apoio à sua actividade com o objectivo de lhe fazer sentir que nós estamos na retaguarda a assegurar que o mercado não terá roturas de medicamentos, e que lhe daremos todo o apoio possível.

 

E em concreto na Comunicação Interna, quais foram as prioridades?
Penso que o mais importante foi conseguir que todos os colaboradores sentissem que a companhia não está parada. Sabem que estão em casa, mas que cada um deles continua a desempenhar um papel importante na organização. A situação alterou-se radicalmente e a companhia também se adaptou rapidamente. E todos, sem excepção, têm um papel importante nessa transformação.

 

Que ferramentas têm usado na “comunicação à distância”?
Com as equipas comerciais em casa e espalhadas pelo território nacional, sentimos a necessidade de desenvolver ferramentas que nos permitissem uma comunicação estreita e imediata com todos estes comerciais. Neste âmbito, recorremos às redes sociais, criando diversos grupos no WhatsApp. Desenvolvemos e implementámos um programa de e-learning e, em paralelo, os Recursos Humanos desenvolveram uma acção de distribuição de equipamento básico de protecção por todos os colaboradores. Isto a somar aos restantes meios utilizados na comunicação interna e que, no presente, têm ainda mais peso, como a nossa intranet.

 

Actuando na indústria farmacêutica, na área da Saúde portanto, acredita que os vossos colaboradores estariam eventualmente mais bem preparados para gerir, nomeadamente a nível emocional, uma situação desta natureza?
Penso que ninguém estava preparado para esta situação. Na nossa área, todos temos uma noção do que é, e do que implica, uma epidemia, mas estamos habituados a que isso seja um acontecimento que ocorre em locais distantes. Desta vez, não foi assim. Por isso, o impacto emocional foi idêntico. Talvez a consciencialização do real problema é que eventualmente tenha sido um pouco mais rápida.

 

Quais as vossas principais preocupações, neste âmbito?
Em primeiro lugar foi proteger os colaboradores e suas famílias, adoptando todas as medidas necessárias. Em concreto, criando todas as condições para que trabalhassem a partir de casa e reforçando o seguro de saúde para que sentissem que, na infelicidade de eventualmente contraírem a COVID-19, terão acesso a testes de diagnóstico e aos cuidados médicos necessários.

Criámos também um stock de emergência de alguns medicamentos nossos utilizados nos diferentes protocolos de combate ou prevenção à infecção provocada pelo vírus. Com isto, todos os nossos colaboradores sabem que, se necessário, a companhia lhes fará chegar mui- tos dos medicamentos necessários.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Maio da Human Resources, nas bancas.

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