Os escritórios não vão deixar de existir. Eis porquê

Hoje ainda faria os mesmos 500 quilómetros para ir a uma entrevista presencial? E se pudesse ficar para sempre a trabalhar remotamente, ficaria?

 

Por Rodrigo Canas, Offices Associate Director , Savills Portugal

 

Lembro-me da minha primeira entrevista na Aguirre Newman, hoje Savills. Tento imaginar como seria hoje… aquele nervosismo de quem tinha acabado de viajar cinco horas, de Lisboa até Madrid, para ter uma entrevista presencial. Fiz questão de ir, pensei que poderia fazer a diferença.

Depois de tantas opiniões, acho que hoje não mudava algo que foi tão fundamental e preponderante para a minha decisão. Se possível, faria os 500 quilómetros na mesma. Fez, de facto, a diferença.

Sentir a imponência da empresa através de um simples bom dia, o check-in na segurança de uma sede única, brilhante a nível arquitetónico e com um zig-zag constante de brokers (hoje amigos) ao telefone pela passerelle que circundava as equipas.

Foi isso que me fez querer ficar, foi isso que me fez desejar um dia estar ali, entre eles…

Já passaram uns anos e desde então, muita coisa mudou na minha vida, até mesmo dentro da empresa (para melhor). Mas uma coisa se mantém: A vontade de todos os dias acordar e poder contribuir para chegarmos lá. Assim vou fazendo, conquistando o meu lugar.

Lembro-me muitas vezes de voltar do almoço, no regresso ao meu lugar, olhar à volta e pensar: “Imagino-me aqui para sempre!”, algo que ainda acontece hoje em dia – sentimento este que saiu reforçado neste regresso ao escritório. No fundo, tudo aquilo que queremos numa perspectiva profissional.

Tudo isso foi conquistado no escritório, em colaboração com pessoas fantásticas, que muito me ajudam a ser como sou e todos os dias um bocadinho melhor. É por isto que acredito que os escritórios não vão deixar de existir.

Precisamos deste sentimento de pertença para podermos dar o nosso melhor, um melhor que nem nós sabíamos que tínhamos, e que também só é possível quando a empresa na qual trabalhamos nos faz sentir família.

É verdade que não precisamos de passar mais tempo no escritório do que em casa, e que toda a gente tenha conseguido perceber isso é algo positivo. Mas também não deixa de ser verdade que todos queremos, nem que seja um bocadinho, voltar a estar com todos os amigos com quem trabalhamos e com quem tanto temos falado por videoconferência.

(escrito do sofá, uma vida de escritório)

 

 

 

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