Os maiores desafios dos lideres. E as competências para os ultrapassar

Dois CEOs, uma directora de Marketing e Comunicação e um director de Recursos Humanos juntaram-se numa conversa moderada pelo jovem empreendedor Fred Canto e Castro para falar dos maiores desafios que enfrentam no seu dia a dia profissional e das competências que consideram fundamentais para lhes dar resposta, neste mundo VUCA. Este Get Together Let’s Talk realizou.–se ontem, numa iniciativa conjunta da Microsoft e da Fidelidade, no âmbito do evento “Building the Future”, a decorrer no Pavilhão Carlos Lopes.

 

«Não há um desafio maior. Há imensos e são diários», começou por resumir Inês Veloso, directora de Marketing e Comunicação da Randstad Portugal, numa sessão moderada por Fred Canto e Castro, jovem empreendedor português. A responsável fez notar que é necessário aperfeiçoar a capacidade de adaptação.

«Garantidamente, todos nós trabalhamos a capacidade de adaptação. E isso passa muito pela capacidade que temos de ser feliz. A verdade é que tudo o que nos acontece na vida tem sempre duas perspectivas e se nós nos comprometermos que queremos ser felizes todos os dias, vamos ter capacidade de nos adaptar, independentemente de haver momentos em que isso é muito difícil», realçou.

Ao mesmo tempo, «é preciso definir muito bem as prioridades» para não comprometer o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Não há dúvida – e perdoem-me os workaholics – de que o nosso umbigo é a nossa prioridade e o nosso umbigo é a nossa família», afirmou Inês Veloso, certa de que «só quando temos este equilíbrio com os nossos é que o seguinte também acontece».

«Muito provavelmente, todos nós tivemos momentos na nossa carreira em que tivemos líderes que eram muito workaholics e que tinham um desequilíbrio profundo emocional e social. Eram péssimos líderes e orgulhavam-se de dizer que eram os primeiros a entrar na empresa e os últimos a sair», continuou, reforçando que «isso não é motivo de orgulho». A directora de Marketing e Comunicação é peremptória: «Só vamos ter líderes inspiradores se conseguirmos ter equilíbrio na vida pessoal, profissional e familiar.»

 

Diversidade cognitiva

Pedro Ramos, director de Recursos Humanos da TAP Air Portugal, por seu lado, começou por partilhar que a «sede de aprender» é algo muito presente na sua vida e que, por isso, define-se como um «coleccionar de títulos académicos. Desde que me lembro que aprendo. Quando me lançam um desafio eu digo sempre que sim e depois vou aprender para saber como é que se faz», continuou.

Enquanto gestor de pessoas da companhia aérea, explicou que a TAP enfrenta, actualmente, dois desafios de peso:  por um lado, o crescimento exponencial e, por outro, o processo de transformação cultural da empresa. «Como sabemos, não são, por norma, processo muito conciliáveis. Ou as empresas crescem ou se transformam», referiu, acrescentando que esse é, de facto, um desafio que «estimula permanentemente novas aprendizagens para que consigamos ultrapassar outros desafios, muitos dos quais nós não sabemos quais serão, porque estamos a vivê-los». E exemplificou: «Na semana passada estive em São Paulo de emergência, porque era preciso reforçar a nossa equipa de técnicos de manutenção de aeronaves, mas não existem na Europa. Por isso, temos de ir buscar brasileiros e isso implica formá-los e qualificá-los.»

Mas um tema que recentemente tem apaixonado Pedro Ramos é o da diversidade cognitiva. Chamou a atenção para os riscos da homogeneidade porque, para dar resposta aos desafios actuais, precisamos de maior diversidade nas empresas. «Estou a descobrir que andei mais de dez anos como director de Recursos Humanos de grandes empresas a fazer tudo mal. Andei a recrutar pessoas que fossem iguais a mim, e à organização, e que tivessem o tal ADN da empresa.»

Face ao contexto actual de profunda mudança, o responsável revelou que encontra-se hoje a reformular todos os processos de atracção e retenção de talento e não tem dúvidas de que é necessário «atrair pessoas que pensem de forma diferente, pois só assim é possível encontrar soluções novas para os velhos, e novos, problemas. Só numa lógica de diversidade cognitiva é que isso é possível», reafirmou.

 

A capacidade de inovar

Outra das questões abordadas foi a capacidade de inovar. E, nesse sentido, Nuno Ferreira Pires, CEO da Sport TV, depois de ressalvar que acredita que a vida pessoal e profissional acabam por se confundir pois são ambas parte integrante da vida – «dois mundos que não se podem separar» – admitiu que as coisas mais importantes que aprendeu não foram na faculdade nem nas empresas. «Aprendi no pré-escolar, com os meus pais ou sentado no colo dos meus avós. O meu ADN tem muito a ver com esta aprendizagem.» Partilhou também que é um católico convertido aos 25 anos e profundamente crente de que todos nós temos uma missão clara. Todos nós nascemos com uma vocação própria e estamos cá por uma razão», defendeu Nuno Oliveira Santos, reconhecendo ser obcecado em encontrar «todos os dias, a toda a hora, o motivo pelo qual» cá está.

«O que  mais me move é deixar um legado para aos meus filhos, para os meus colaboradores e para a sociedade. Apaixona-me este drive de deixar alguma coisa com significado e perceber que andei cá por uma razão concreta.» E isso, explicou, tem «muito mais a ver com drivers sociológicos e humanos do que de gestão». «Enquanto lideres temos uma missão e uma responsabilidade incríveis.»

 

A importância da responsabilidade

Nuno Oliveira Santos, CEO da Gfi Portugal, concordou que «todos temos um papel no mundo, mas há uns que têm um papel mais privilegiado», referindo-se à «responsabilidade específica de sentir “nas costas” que há pessoas que confiam em nós para um trabalho, que é um privilégio». Entre outros aspectos, «o que temos de dar de volta, é o sentido de responsabilidade, quer seja de forma mais formal, mais corporativa, como gestor de uma empresa, como também estar para além disso, que é a Gestão de Pessoas». Fez ainda notar que coisas que podem parecer pouco significativas, podem assumir grande importância para as pessoas.

 

 

(Re)veja abaixo parte da sessão:

GET TOGETHER LET'S TALKFred Canto e Castro conduz uma conversa com Inês Veloso, directora de Marketing e Comumicação da Randstad; Pedro Ramos, director de Recursos Humanos da TAP Air Portugal; Nuno Ferreira Pires, CEO da SPORT TV; e Nuno Oliveira Santos, CEO da Gfi Portugal.O encontro é promovido pela Microsoft e pela Fidelidade, no âmbito do Building the Future, a decorrer no Pavilhão Carlos Lopes.

Publicado por Revista Human Resources Portugal em Quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

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