Os números não enganam. Portugal está entre os piores pagadores

Em 2018, só 14,2% das empresas nacionais pagaram a tempo e horas aos seus fornecedores. A tendência de incumprimento dos prazos acordados agravou-se para 85,8%. Quem o diz é a Informa D&B, que, ao longo do ano passado, concluiu que, em 35 países, os portugueses são os piores pagadores.

 

De acordo com o estudo, a que o “Expresso” teve acesso em exclusivo, a Polónia é a nação onde as empresas mais respeitam os prazos (79,3%), realidade que contrasta com as empresas nacionais, que demoram, em média, 71 dias a pagar.

As micro empresas são as que mais se atrasam no pagamento aos fornecedores. Em 2009, recorda a Informa D&B, eram 26,7% os micro negócios que pagavam a tempo e horas, mas em 2018 o número não foi além dos 14%.

Os fornecedores dos sectores da indústria, agricultura, construção e das empresas grossistas estão entre os que recebem e também entre os que pagam mais tarde. Por outro lado, as actividades imobiliárias, transportes, alojamento e restauração e serviços gerais concentram a fatia de empresas que pagam a 30 dias. A única excepção é o Retalho que, embora seja um dos sectores que recebe mais cedo, é dos que paga mais tarde.

O relatório adianta também que a maioria das transacções comerciais entre empresas em Portugal não são feitas a pronto pagamento. No ano passado, o valor por pagar a fornecedores situava-se nos 49,8 mil milhões de euros, o equivalente a 27% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. 

Em 2018, o país contava com 50 mil empresas com risco elevado ou médio-alto de se atrasarem mais de 90 dias a pagar aos fornecedores. «O risco associado ao recebimento é uma preocupação cada vez maior por parte dos gestores e relevante para uma economia saudável, já que afecta o equilíbrio financeiro das empresas, sobretudo as de menor dimensão, que perante estes atrasos ficam sem capacidade de pagar aos seus fornecedores», aponta Teresa Cardoso de Menezes, directora-geral da Informa D&B, responsável pelo estudo, ao “Expresso”. 

E o cenário actual «não contribui para um clima de confiança entre os agentes económicos», continua, defendendo que «é cada vez mais importante dar aos gestores instrumentos e análises que lhes permitam escolher os parceiros de negócio em função deste indicador, reduzindo os riscos que a situação traz para as suas empresas». 

Entre 2007 e 2018, o incumprimento dos prazos de pagamento aumentou 7,5% nas empresas nacionais. Já a média europeia de organizações que cumprem as datas de pagamento era, no final do ano passado, de 42,8%. Ou seja, três vezes mais do que em Portugal.

Além da Polónia, com 79,3% das empresas a cumprirem os prazos de pagamento, Taiwan (75,5%) e a Holanda (73,8%) compõe o top 3 dos melhores pagadores.

Nos últimos lugares da tabela, encontram-se a Roménia (20,3%), Israel (18%) e, em último, Portugal como os piores pagadores.

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