Palavras cruzadas: Confinamento versus Resiliência

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

Para quem gosta de exercícios de Palavras Cruzadas: “Está em lugar fechado ou impossibilitado de sair, por razões de segurança ou saúde” ou “Estado ou condição de quem se retira para um lugar reservado” com 12 letras – CONFINAMENTO! “Capacidade de um corpo em recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação” ou “Capacidade de superar, de recuperar de adversidades” com 11 letras – RESILIÊNCIA!

Ao longo de um ano, Confinamento e Resiliência andaram de mãos dadas! Palavras diferentes mas totalmente imbrincadas no contexto atual! Elas próprias, em tempos de pandemia… Palavras Cruzadas! Ao desconfinarmos a Resiliência mantém-se. Não no seu atributo de recuperar a sua forma original, mas no de superação aliada à recuperação da Economia, e da nossa própria vida.

Antes da pandemia quantas vezes desejámos fazer um parentesis: “a minha vida está uma loucura, está na hora de parar, refletir e rearrancar”. Mas não o fizemos, ou não nos pudemos dar a esse luxo. O confinamento deu-nos, por mais caricato e nocivo que tenha sido, essa oportunidade de nos retirarmos e reequacionarmos novos rumos, novas experiências e vivências e, dentro do possível, com menor esforço, sem depauperarmos resultados. Como em tudo na vida, há sempre quem tenha conseguido, outros não tanto.

O cansaço pandémico atraiçoou por vezes esse desígnio. Só com resiliência podíamos dar um impulso significativo a uma nova forma de estar na vida, de forma mais positiva e com a capacidade de enfrentar desafios.

O confinamento ensinou-nos uma coisa: não basta ser bom tecnicamente. As competências comportamentais acabaram por sobressair. Forte capacidade de adaptação permitiu adequar novos cenários. Automotivação e disponibilidade para aprender estiveram na ordem do dia. Resolver problemas de forma escalonada e lógica foram fundamentais. Criar e potenciar novas ideias foram a via para uma certa sobrevivência. Mas ainda, e de forma determinante, pensar a importância das Pessoas, no seu posicionamento social, independemente da distância, através de um ecran.

No fundo, as pessoas superaram-se. Mas adversidades fizeram também parte do dia a dia. Há, pois, que recuperar. Há que absorver a resiliência como um estado ou uma caraterística do ser humano para enfrentar o futuro. O desenvolvimento da automatização irá condenar muitas ocupações, mas áreas como o ambiente e a saúde certamente irão procurar novos talentos. Mas são só um exemplo.

Prevê-se que 12% do número de trabalhadores atuais terá de encontrar novas profissões. O mundo do trabalho em desconfinamento certamente conhecerá uma nova revolução. Teletrabalho, modelos laborais híbridos e proteção social, certamente irão estar na ordem do dia. É esta, pois, a base da resiliência: não ter medo de recomeçar num novo contexto. Mas estarão as organizações preparadas para alavancar e suportar um equilíbrio entre o business-first e o people-first? Acreditamos que sim se gerarem uma Cultura mais inclusiva, sem dúvida que com mais automatização, mas estimulando a colaboração e a criatividade, apresentando experiências mais diversificadas e que catapultem o potencial das suas pessoas. Isto é ganhar o futuro pós confinamento, com resiliência!

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