Pare, reflicta e, então, desenvolva-se!

Certamente, já se cruzou com pessoas que, ao longo da vida, foram tendo várias oportunidades de aprendizagem, como formações nacionais e internacionais, viagens, cargos relevantes, networking, e pensou: Como é que esta pessoa diz estas coisas e demonstra tanta ignorância sobre as suas limitações? Inevitavelmente, interrogamo-nos porque é que isto acontece.

Por Catarina Quintela, director of Corporate Solutions na Porto Business School

 

No passado, as pessoas que viajavam tinham, necessariamente, “mais mundo”. Actualmente, isto não é condição (pode ser indicador), uma vez que o conhecimento está disponível e à distância de um clique. Ter acesso a conhecimento pode não se traduzir em aprendizagem e, muito menos, em competências.

Do mesmo modo, conhecer muitas pessoas não significa ter uma boa rede de networking, baseada na confiança e na referenciação.

A verdade é que a experiência não garante aprendizagem efetiva, porque exige reflexão! Tornar a experiência em aprendizagem requer ser um praticante da reflexão como uma forma de alimentar a aprendizagem e é raro as pessoas conseguirem fazer isto sozinhas. Esta é uma das razões pelas quais alguns programas de formação falham, pois os participantes são “engolidos” pelo dia a dia de trabalho e não dedicam tempo a decidir o que querem transferir e apropriar.

Então, de que forma se pode provocar esta reflexão?

Comece por analisar os objectivos para que possa alinhar as suas acções com as suas aspirações. Depois, avalie cuidadosamente os benefícios e os riscos de aprender sobre determinado assunto e desenvolver determinada competência. Pense também sobre o que vai gostar mais e sobre as dificuldades que vai encontrar no processo, bem como quem o pode apoiar a ultrapassá-las. Paralelamente, avalie se as suas expectativas são realistas e qual o impacto que pretende.

Depois, aplique e volte a reflectir de modo a evitar erros semelhantes no futuro. No caminho, vai provavelmente identificar novas áreas de melhoria e focar no desenvolvimento de outras habilidades.

Os benefícios de parar para reflectir são inequívocos na aprendizagem, mas reflectir sobre as nossas interacções com os outros promove também a empatia, melhorando os relacionamentos. Momentos de reflexão podem também levar a insights e ideias inovadoras, criando espaço para o pensamento divergente e para explorar múltiplas perspectivas e soluções.

Quais as acções que pode adoptar para promover esta reflexão e potenciar as oportunidades de aprendizagem?

  1. Comece por escolher um momento para parar e dedicar tempo à reflexão
  2. Use esse momento para colocar questões a si mesmo. Pense nas situações que vivenciou e como pode tirar partido delas. Procure lembrar-se e fazer pontes sobre aquilo que aprendeu e outras coisas que já sabe
  3. Partilhe e procure incessantemente feedback. Partilhar é um dos pilares de aprendizagem. Diria mesmo que se segue à disponibilidade para aprender. Quanto mais partilhamos, mais as outras pessoas partilham connosco e mais pistas recolhemos para nos apropriarmos dos novos conhecimentos
  4. Identifique um mentor. Ligada à sugestão anterior, ter alguém com quem fala abertamente. É particularmente importante, à medida que sobe hierarquicamente na organização ou empresa, pois menos pessoas lhe dirão aquilo que realmente pensam sobre si e sobre o seu desenvolvimento
  5. Escreva. Escrever, por exemplo, num diário, ajuda a organizar os pensamentos e a trabalhar a autoconsciência
  6. Defina uma rotina. Criar o hábito de reflexão para implementar estas estratégias é absolutamente fundamental para o sucesso.

Para isto acontecer é preciso garantir um equilíbrio entre a humildade e a assertividade. Só a consciência de que não sabemos tudo e que podemos aprender em todos os contextos e com todos pode tornar a aprendizagem intencional e significativa, e então o desenvolvimento acontece.

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