Pausa para café no trabalho?! Não, agora é pausa para Super Bock (0.0)

A Super Bock apresentou ontem a nova estratégia da marca para o segmento das cervejas sem álcool. Como é que isso cabe no âmbito da Human Resources? A resposta é simples e fica evidente na campanha publicitária que arranca hoje: o foco é o ambiente laboral. Porque o novo conceito pretende chamar a atenção para a importância das pausas ao longo do dia de trabalho. E porque não com uma cerveja em vez de um café ou a acompanhar um almoço descontraído entre colegas?! Motivo nenhum, não há contra-indicações. 

 

O slogan é “O mesmo espírito, sem álcool”. E os spots publicitários mostram-nos um almoço de convívio (ao invés de se engolir alguma coisa em cinco minutos e voltar ao trabalho) e uma pausa em grupo numa sala de reuniões, sempre com a nova Super Bock 0,0 a acompanhar.

O director de Investigação, Desenvolvimento e Inovação do Super Bock Group, Tiago Brandão, começou por explicar que esta é uma aposta alinhada com a grande tendência de mercado, pois «há algum tempo que se assiste ao crescimento de consumo mundial nas cervejas sem álcool» e Portugal não é excepção. A tendência vinha a manifestar-se no nosso país já no período pré-pandémico. Como a COVID-19 a impor-nos distanciamento físico durante quase dois anos, tendo todos nós ficado com défice de convívio, o objectivo deste lançamento passa por reforçar a importância da partilha de experiências em conjunto e por promover o regresso da convivialidade e das interacções; «pôr as pessoas a conversar, sem ser através de um ecrã».

A disrupção surge no ângulo de abordagem: o foco  no contexto de trabalho e a associação do conceito às práticas organizacionais para promoção do bem-estar dos colaboradores. É (também) lá, às entidades empregadoras, que o Super Bock Group quer fazer chegar a Super Bock 0,0. Para comunicar este conceito, pretendem ser anfitriões de lunch parties e fazer sampling do produto em empresas.

Com o mesmo propósito, no evento de ontem, houve lugar para uma conversa sobre a importância das pausas sociais no contexto laboral. Tiago Brandão – que assegurou a moderação – contou com dois convidados: Paulo Moreira, formado em psicologia e autor do livro “Inteligência Emocional”, e Marlene Fernandes, Sales & Operations director, na área de Outsourcing da Randstad Portugal.

 

O regresso às interacções (de qualidade)

«A maioria de nós esteve muito tempo em teletrabalho, os que ficaram nas empresas estavam distanciados e outros ainda estiveram em lay-off, o que significa que deixou de haver interacções de qualidade», recordou Paulo Moreira, acrescentando que «somos um ser social, precisamos de interacções presenciais e de partilhar experiências» e que a falta disso leva «a graves danos psicológicos, emocionais e sociais».

Do contexto individual para o contexto laboral, Marlene Fernandes fez notar que a pandemia obrigou as organizações a mudar toda a sua a estratégia de Gestão de Pessoas. «Fomos todos para casa, trabalhar de forma individual, com o nosso computador, e as pessoas acabaram por se distanciar. As empresas estão a sentir, cada vez mais, que é preciso voltar a promover momentos para estarmos todos juntos.» Não obstante ser verdade que se estão a estudar novos modelos de trabalho, que prevêm que parte do tempo as pessoas estejam remotas, é igualmente inquestionável que «há momentos em que as pessoas têm de estar juntas. E a Randstad está a sentir isso», revelou, reconhecendo que a criatividade e a resolução rápida de problemas foram afectadas. «É importante voltar ao presencial.»

Outro tema relevante tem a ver com a necessidade de desligar. Paulo Moreira alertou que hoje «parece que não desligamos, que temos de estar sempre presentes. Trabalhar sem parar dá a falsa sensação de que estamos a produzir muito, mas não é verdade. As pausas permitem fazer um reset, reduzir o stress e a exaustão, ficar com mais energia. E diminuem a necessidade de recuperação a longo prazo.» Mas o psicólogo ressalva que nem todas as pausas têm este efeito, dando o exemplo de pausas estimulantes e aditivas como estar no telemóvel, nas redes sociais ou a jogar.

Marlene Fernandes concorda que «é fundamental – e todos temos direito – a desligar. E não é só ao fim do dia», afirma. «Também ao almoço.» E não só. Com este intuito, a Randstad tem promovido – integradas no seu programa de bem-estar – diferentes inciativas, incentivando as pausas, porque acreditam que ajudam as pessoas a recentrar-se no seu trabalho. Sessões de mindfulness ou aulas de yoga (sempre facultativo) são apenas alguns exemplos. «É bom para as pessoas, para o seu bem-estar emocional e físico, e também para as organizações, porque está provado que a seguir há mais produtividade», afirmou.

 

Do café para a cerveja

Reiterando as «consequências positivas das pausas» e do seu «contributo para a construção de relações mais sólidas», Paulo Moreira destacou que «quanto mais tempo estamos com alguém, mais gostamos dessa pessoa». Por outro lado, «promove a partilha de experiências, pois estar com alguém a trabalhar é diferente de estar com alguém a fazer uma pausa, ainda que em contexto laboral. É nessas alturas que partilhamos coisas da nossa vida, pessoais, sobre o que gostamos e não gostamos. Precisamos de corrigir as consequências negativas trazidas pelo isolamento. As pequenas pausas são importantes, mas as grandes também.»

Lembrando que os momentos de pausa normalmente são feitos «à volta da máquina do café», Tiago Brandão faz a provocação: «Porque não à volta de uma arca frigorífica de Super Bock zero?!» E Marlene Fernandes acredita que essa disrupção pode ajudar a dar resposta aos constantes desafios colocados pelas novas gerações, ser mais um factor de atracção e retenção de talento. «Estamos num mercado sem pessoas, o que faz com que o paradigma mude. Hoje é o candidato que decide onde quer trabalhar, se vai para a empresa A ou B. E a employee experience é fundamental.»

Termina com uma sugestão: «Porque não ter uma Super Bock zero ao almoço, mas também poder sair da reunião das quatro da tarde e ir até à copa beber uma cerveja sem álcool? Temos que inovar na forma como gerimos as nossas equipas; claramente, esta pode ser uma mais-valia para as novas gerações, que procuram uma experiência de trabalho diferente. E a produtividade gera-se em ambientes mais descontraídos.»

Texto: Ana Leonor Martins

 

 

 

Ler Mais