Pausas no trabalho… Promovem-se?!

São conhecidos os filmes publicitários que nos recomendam “fazer uma pausa”. Sejam marcas de chocolate, café, ou mesmo cerveja sem álcool, “fazer uma pausa” é, provavelmente, um dos conselhos de maior bom-senso na gestão diária da jornada de trabalho. No nosso dia-a-dia laboral “paramos” de muitas formas! Mas será que “paramos bem”?

 

Por Tiago Brandão, director de Investigação, Desenvolvimento e Inovação do Super Bock Group

 

A “pausa”, num contexto de trabalho, para além do seu enquadramento jurídico- -laboral, pode ser um instrumento que as organizações utilizam para promover o clima social e o comprometimento (engagement) colectivo. Para mais, regressados de um período de confinamentos pós-pandémicos em que o distanciamento físico das pessoas se agravou…

Falo de “pausas” efectivas: para uma conversa ao almoço com amigos ou colegas; para uma ida ao ginásio; para um passeio a pé entre reuniões, etc. Não incluo aqui as interrupções para ir ao WC, para atender uma chamada privada ou apenas para esticar as pernas depois de um longo período sentado.

Observo uma tendência crescente para reduzirmos os períodos de almoço a poucos minutos de pausa, muitas vezes solitários, numa sala ou copa do nosso local de trabalho. É verdade que os portugueses não são dos piores nesta má-prática, mas que há uma “desorganização da pausa para almoço” e dos hábitos de convívio entre colegas e amigos nas empresas, poucos podem negar!

Tenho a experiência (e a sorte!) de trabalhar numa empresa que cria condições internas para a pausa para o almoço – com cantina, café e sala de jogos e de convívio para os seus colaboradores – pelo que vivo no lado bom desta “estória”.

As “pausas” para que pretendo sensibilizar os leitores a procurarem incluir nas agendas semanais têm um propósito: potenciar as relações humanas entre pessoas nas empresas.

Não é complicado encontrarmos estudos na área da psicologia do trabalho a concluírem os benefícios das “pausas” para factores como produtividade, criatividade, bem-estar e clima social nas equipas. A maioria, se não todos, dos benefícios acima acabam por impactar, por um lado, a organização como um todo e, por outro, o estado mental e físico do indivíduo.

Destaco uma conclusão de um estudo1 de 2017, feito a profissionais norte-americanos: “Retomem a prática das pausas para almoço nas empresas se pretendem aumentar a satisfação e o bem- -estar emocional e mental das pessoas.” Acrescentam os autores que é estatisticamente relevante o impacto da “pausa para almoço” quando se mede a “produtividade” e a “recomendação da empresa para trabalhar”.

Com a luta pelo talento na ordem do dia, melhorar a experiência e motivação dos colaboradores é estratégico para as organizações! Contar com os melhores e mais motivados impacta resultados colectivos, a saúde e bem-estar e, no médio-prazo, promove o desenvolvimento profissional das pessoas.

Num contexto em que se procuram contrariar algumas forças de desligamento e diluição de cultura de empresa, que factores como a transformação digital e os regimes de trabalho remoto e híbrido podem agravar -se nas organizações, criar condições (horárias e físicas) para “boas pausas” pode ser uma estratégia que os gestores de Recursos Humanos devem ponderar. Não é extraordinário percebermos quão simples são algumas medidas de Gestão de Pessoas?! Faça uma “pausa”…

 

Este artigo foi publicado na edição de Abril (n.º 136) da Human Resources, nas bancas.

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