Pedro Rocha e Silva, LHH | DBM: O preconceito etário nas empresas ainda é uma realidade

No seu comentário à LVIII edição do Barómetro Human Resources, Pedro Rocha e Silva, Managing director da LHH | DBM, afirma que «existe ainda um preconceito etário (idadismo), em que muitas empresas, consciente ou inconscientemente, preferem candidatos mais jovens, assumindo que são mais adaptáveis, tecnológicos e têm mais “energia”». 

«Vivemos uma fase em que as empresas se queixam bastante da falta de pessoas. Vivemos num país envelhecido e em que as projecções apontam para um maior envelhecimento e maior longevidade. Para além da imigração, poderíamos dizer que está aqui uma das formas óbvias de minimizar o problema da falta de pessoas. Mas o que sentimos é que existem resistências à contratação de seniores, apesar de o cenário ser bem distinto de há uns anos, em que alguém acima dos 50 anos estaria “fora do mercado”. Isto deve-se a uma combinação de factores culturais, económicos e estruturais.

Existe ainda um preconceito etário (idadismo), em que muitas empresas, consciente ou inconscientemente, preferem candidatos mais jovens, assumindo que são mais adaptáveis, tecnológicos e têm mais “energia”. Cada vez mais acho que essas são características da pessoa e não da geração. Há a percepção de que um profissional sénior já não “dará muitos anos à empresa”.

Ora, com a crescente rotação dos mais jovens, actualmente é cada vez mais o oposto, são os mais seniores que dão maiores perspectivas de ligações duradouras. Existe a ideia de que os mais seniores, pela experiência acumulada, esperam salários mais altos. Poderá ser verdade no imediato, mas a prazo, as expectativas de crescimento rápido dos menos seniores tenderá a equilibrar a balança.

Com menos jovens a entrar no mercado de trabalho, com o aumento da idade da reforma e com melhores condições de saúde, os mais seniores tornam-se efectivamente uma opção viável e valiosa para suprir necessidades organizacionais, trazendo consigo algumas vantagens, nomeadamente ao nível do conhecimento acumulado, da capacidade de mentoria e da estabilidade emocional e profissional, o que pode ser uma mais-valia em ambientes complexos ou de alta pressão.

Para isso, é essencial que as empresas desenvolvam estratégias de integração, valorização da diversidade etária e formação contínua. Só assim será possível transformar o envelhecimento da população activa numa oportunidade real de crescimento e inovação organizacional.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de de Abril (nº. 172) da Human Resources, no âmbito da LVIII edição do seu Barómetro.

A revista está nas bancas. Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

Ler Mais