
Perfis mais procurados e salários: eis as tendências que vão marcar o mercado de trabalho em 2026 (em 16 sectores)
A Michael Page lançou o estudo anual sobre as principais tendências do mercado português de trabalho para 2026 focado nos quadros médios e superiores de grandes empresas.
Num panorama global caracterizado pela incerteza geopolítica, volatilidade económica e aceleração tecnológica, o mercado de trabalho nacional mantém-se exigente e competitivo, com a procura por talento qualificado a superar a oferta em diversos sectores estratégicos.
A resiliência da economia portuguesa permanece colocada à prova, impactado por alterações regulatórias, reforma da lei laboral e inteligência artificial. O estudo aponta que, para 2026, a transformação na cultura de trabalho seja impulsionada por factores como evolução regulatória, maior transparência salarial e o crescente papel da IA. Estes elementos tendem a redefinir práticas de trabalho, gestão de equipas e planeamento estratégico das organizações, prevendo-se que continuarão a marcar o futuro, trazendo novos desafios.
«Num contexto laboral marcado pela instabilidade a vários níveis, os profissionais assumem um papel cada vez mais activo na definição do seu percurso, valorizando não apenas a componente salarial, mas também flexibilidade, oportunidades de desenvolvimento, cultura organizacional sólida e propósito nas funções que desempenham. Do lado das empresas, a atracção e retenção de talento afirmam-se como desafios centrais, exigindo políticas de gestão de pessoas mais inovadoras, transparentes e alinhadas com as novas expectativas do mercado», refere Álvaro Fernández, director-geral da Michael Page.
Observa-se, assim, que o mercado procura equilibrar mobilidade de carreira, ganhos competitivos e condições que promovam a satisfação e o alinhamento de valores entre colaboradores e organizações.
O estudo de 2026 da Michael Page antecipa ainda contextos em que o uso estratégico de dados, desenvolvimento de competências digitais e gestão de talento em ambientes cada vez mais globais e colaborativos são tendências. Entre as principais conclusões por sector e perspectivas salariais para 2026 nos quadros médios e superiores das grandes empresas, destacam-se:
1. Banking: Inflação persistente, taxas de juro elevadas e instabilidade geopolítica, estão a transformar o sector, levando as instituições a adoptar uma gestão mais prudente e reforçando áreas críticas para garantir resiliência e controlo.
As funções de risco, compliance e controlo interno estão entre as mais procuradas, não apenas pela crescente complexidade regulatória, mas também pela necessidade de mitigar riscos operacionais e reputacionais. A escassez de talento qualificado nestes domínios intensificou a competitividade entre instituições e valorizou significativamente estes perfis. Paralelamente, há maior procura de profissionais em contabilidade, controlo financeiro e controlo de gestão, funções que asseguram fiabilidade na informação e apoio à decisão.
Com a aceleração tecnológica, perfis especializados em análise de dados e transformação digital, como data analysts, business analysts e project managers, têm vindo a ganhar protagonismo, sobretudo em projetos de modernização de sistemas core, reporting automatizado e integração de soluções de RPA em middle e back-office. Nas operações de mercados financeiros mantém-se a procura por profissionais tecnicamente sólidos, com experiência em plataformas como Bloomberg, Calypso ou SWIFT.
Portugal tem vindo a afirmar-se como hub estratégico internacional, recebendo centros de competências de grandes players globais, sobretudo em investment banking e wealth management. Esta tendência projecta o país como um polo de atractividade, aumentando a exposição a operações complexas e exigindo perfis mais especializados e fluentes em línguas estrangeiras.
No que respeita às motivações, 50% dos profissionais estão satisfeitos com a sua actual função. Os candidatos privilegiam sobretudo propostas salariais competitivas, modelos de trabalho flexíveis e projectos com impacto tangível. As instituições que se têm destacado são as que ajustaram a sua proposta de valor, combinando melhores condições, flexibilidade e progressão interna ágil. Num sector reconhecido pela sua robustez, a diferenciação passará menos pela estabilidade e mais pela capacidade de responder com rapidez às expectativas dos profissionais.
Como tendência salarial, para a função de Corporate Finance a remuneração pode situar-se entre 25 mil a 84 mil euros, e um director de Agência até 50 mil euros, enquanto um responsável Financeiro pode auferir até 70 mil euros e a função de head of Marketing até 55 mil euros. A nível salarial, deverá manter-se a estabilidade em 2026, com um crescimento dos benefícios sociais para atrair e reter o talento.
2. Customer Service: O sector em Portugal está em profunda transformação, impulsionada pela automação e pela adopção de inteligência artificial, com foco na crescente valorização da experiência do cliente. As organizações implementam soluções que permitem automatizar processos, antecipar necessidades e responder de forma rápida, eficaz e personalizada.
Assistentes virtuais e agentes de IA têm agora capacidade para gerir interacções complexas, reforçando a consistência do serviço. Em paralelo, a análise preditiva de dados permite abordagens cada vez mais personalizadas, orientadas às expetativas do cliente.
A flexibilidade continua a marcar o sector: modelos híbridos e remotos são valorizados tanto por candidatos como por empresas, desde que acompanhados por processos claros, ferramentas eficazes e foco na produtividade. Por isso, 61% procurariam outro emprego se aumentasse o número de dias obrigatório de trabalho presencial.
Garantir uma experiência omnicanal coerente, promover a formação contínua, assegurar privacidade e segurança de dados e implementar IA de forma ética, em conformidade com o AI Act europeu, são prioridades estratégicas. As empresas procuram profissionais que combinem competências digitais, domínio de idiomas e forte orientação ao cliente, mas as soft skills, como empatia, escuta activa e comunicação eficaz, continuam a ser determinantes para o sucesso.
O mercado de Customer Service tornou-se mais estratégico e competitivo, com as equipas de apoio ao cliente a assumirem um papel crítico na retenção, fidelização e reputação da marca. Neste contexto, a adaptabilidade e o desenvolvimento contínuo de competências são essenciais para acompanhar a evolução do sector e responder às novas exigências do mercado.
Como referência salarial, nas empresas de grande dimensão e multinacionais, a função de Customer Service specialist, pode ganhar até 21,500 mil euros por ano, operador de Backoffice (Português), até 17 mil euros enquanto para uma língua nórdica pode ascender aos 42 mil euros. Para a função de Contact Center manager, o plafond máximo pode ir até aos 95 mil euros.
3. Engineering & Manufacturing: Num sector fortemente impactado pela guerra, inflação e aumento dos custos das matérias-primas, em 2025, a indústria em Portugal mostra, no entanto, sinais de recuperação, com destaque para a produção energética, tecnologias digitais, alimentar e sectores logísticos. A transformação digital e os investimentos em energias renováveis impulsionam os sectores mais dinâmicos, como data centers e automação industrial. Por outro lado, a indústria extractiva e parte da manufatura tradicional mantêm-se estagnadas.
A escassez de talento qualificado continua a ser uma questão central, com procura acentuada por perfis técnicos e operacionais. Engenheiros de processo, gestores de produção, project manager, responsáveis de manutenção e especialistas em automação e digitalização industrial estão entre os profissionais mais requisitados, enquanto as empresas lutam para atrair e reter esses recursos, num contexto de desemprego reduzido. Esta escassez desafia as políticas de recursos humanos, que, além de salários competitivos, precisam de oferecer novas formas de flexibilidade e oportunidades de desenvolvimento profissional para responder às expectativas de uma nova geração de colaboradores.
O dinamismo também marca este sector, em que 73% dos profissionais preveem permanecer na função actual por menos de três anos. Este é um momento de transição e transformação, em que as indústrias são obrigadas a questionar práticas antigas e a abraçar novas abordagens para ter sucesso num mundo em constante mudança.
Nesta área, como indicação, os valores para a função de director-geral podem variar entre os 110 mil a 170 mil euros, e o director de operações pode auferir até 92 mil euros.
4. Finance: A área financeira em Portugal continua a evoluir, reflectindo um mercado cada vez mais complexo e especializado. Profissionais analíticos e orientados para o negócio assumem um papel central, permitindo às organizações tomar decisões mais informadas, antecipar riscos e impactos futuros e optimizar o desenvolvimento estratégico do negócio. Este tipo de talento transforma-se num verdadeiro diferencial competitivo, capaz de converter dados em insights estratégicos que apoiam a gestão de topo em decisões críticas.
A complexidade crescente dos mercados globais, aliada à necessidade de acesso contínuo a informação e indicadores atualizados, valoriza significativamente candidatos com competências avançadas em análise de dados e em ferramentas de business intelligence. Essas soluções não apenas automatizam tarefas repetitivas, libertando tempo para a interpretação de informação relevante, como também geram recomendações de elevado valor acrescentado, integrando dados financeiros e não financeiros na formulação da estratégia organizacional.
As organizações procuram, hoje, profissionais que combinem conhecimentos técnicos sólidos, elevada capacidade analítica, espírito crítico e domínio de ferramentas tecnológicas, capazes de traduzir números em decisões estratégicas e de contribuir para uma gestão mais ágil e informada. Este perfil híbrido é essencial para enfrentar os desafios atuais do sector, fomentar a inovação e assegurar que a análise de indicadores financeiros se articule de forma consistente com a definição da estratégia de negócio e com os objectivos de crescimento da empresa.
Num mercado cada vez mais competitivo e dinâmico, a capacidade de interpretar dados, antecipar tendências e fornecer recomendações estratégicas transforma o papel do profissional financeiro, tornando-o decisivo no sucesso e na sustentabilidade das organizações, e com impacto direto na performance global e na tomada de decisões estratégicas.
Os níveis salariais aumentaram neste último ano. No topo da tabela de remuneração, o director Financeiro pode auferir até 160 mil euros enquanto o Responsável Financeiro aufere até 90 mil euros e para a função de controller Financeiro até 50 mil euros. A função de contabilista certificado tem o teto máximo de 60 mil euros.
5. Healthcare & Life Sciences: Este sector em Portugal mantém um crescimento constante em 2025, reflectindo a robustez e a relevância das suas áreas de actuação. As funções de Comercial e Marketing continuam entre as mais procuradas, com posições como Brand manager sénior, directores Comerciais e Key account managers a desempenharem um papel central no desenvolvimento estratégico do negócio.
As áreas de Qualidade e Direcção Técnica mantêm elevada dinâmica, enquanto os departamentos Médico e de Acesso ao Mercado apresentam menor movimento, reflectindo uma estabilidade relativa. A digitalização do sector ganha cada vez mais relevância, reforçando a necessidade de profissionais capazes de acompanhar esta transformação e de contribuir para projectos de inovação, embora a expansão desta área ainda seja gradual.
Os recrutadores valorizam candidatos com forte capacidade de adaptação, pensamento crítico e visão estratégica, essenciais para responder a um mercado em constante evolução. Formação complementar, como MBA ou PhD, constitui um diferencial, assim como fortes competências relacionais e perfil de liderança, cada vez mais exigidos para funções de responsabilidade.
O mercado permanece favorável aos candidatos, que privilegiam a cultura e os valores das empresas (28%), mas a retenção de talento jovem continua a ser um desafio para o sector.
As organizações que se destacam são as que combinam políticas de desenvolvimento profissional, progressão interna clara e modelos de trabalho flexíveis, conseguindo assim atrair e reter profissionais qualificados.
Em termos salariais, não se verificam alterações relativamente a 2024. No topo da tabela de remuneração, o perfil de Business Unit manager/director pode auferir até 150 mil euros. Segue-se o de Sales & Marketing manager até 93 mil euros e sales manager até 82 mil euros.
6. Hospitality & Leisure: O sector da hotelaria em Portugal mantém-se como um dos principais motores da economia, impulsionado não apenas pela expansão de unidades, mas também pela diferenciação da oferta e pela sofisticação crescente das estruturas. A experiência do cliente continua a ser o eixo central das estratégias, especialmente no segmento de F&B, onde a criação de novos conceitos visa atrair hóspedes e público externo, maximizando as receitas e rentabilizando os espaços.
A área operacional permanece no centro do recrutamento, exigindo investimento contínuo em formação interna, valorização salarial e planos de progressão, garantindo retenção de talento e excelência na execução. Paralelamente, funções estratégicas como IT, Marketing e Expansão assumem relevância crescente, reflectindo a profissionalização do sector e a complexidade das operações.
A transformação digital e a adopção de ferramentas de análise de dados reforçam a necessidade de perfis com competências analíticas, visão estratégica e capacidade de interpretação de indicadores operacionais e financeiros, essenciais para optimizar recursos, maximizar resultados e apoiar a tomada de decisão informada. Funções de suporte e direcção intermédia beneficiam igualmente desta abordagem, tornando-se cruciais para a eficiência organizacional.
Os candidatos valorizam modelos de trabalho flexíveis, perspectivas de progressão e cultura organizacional, enquanto as organizações que melhor combinam gestão baseada em dados, inovação na experiência do cliente e excelência operacional destacam-se na atracção e retenção de profissionais qualificados.
O sector atravessa uma fase de transformação estratégica e competitiva, em que a sustentabilidade e o crescimento futuro dependem da capacidade de integrar tecnologia, análise de dados e práticas de gestão eficientes, garantindo, simultaneamente, experiências memoráveis para os clientes e resultados sólidos para as organizações.
Num sector em que 38% considera o salário/incentivos como o factor mais relevante da decisão de aceitar um novo desafio, a nível de remuneração, um director-geral de Operações pode auferir até 95 mil euros na zona do Porto e um director de Hotel até 105 mil euros, na zona de Lisboa. Um chef pode auferir até 98 mil euros.
7. Human Resources: Os Recursos Humanos são um motor estratégico da sustentabilidade e competitividade das organizações portuguesas. Num mercado em constante mudança, marcado por novas exigências dos profissionais e desafios tecnológicos e económicos, as empresas têm vindo a investir em práticas modernas de gestão de pessoas, procurando equilíbrio entre eficiência, motivação e bem-estar.
O salário base já não é o único factor decisivo. Os profissionais valorizam cada vez mais benefícios extrassalariais, como teletrabalho, planos de saúde, viatura de serviço ou esquemas flexíveis de compensação. Esta tendência obriga as organizações a repensar pacotes de remuneração e a alinhar as propostas de valor às expectativas dos colaboradores.
Nesse contexto, cresce a especialização dos departamentos de RH, com a criação de áreas de Compensation & Benefits e contratação de profissionais especializados. Observa-se um ligeiro aumento salarial nos perfis técnicos generalistas, enquanto os cargos de middle management e direção mantêm estabilidade em termos salariais, embora a valorização de benefícios adicionais seja cada vez mais consistente. Paralelamente, aumenta a procura por perfis versáteis, com visão estratégica, competências digitais e capacidade de actuar como parceiros de negócio.
Para atrair e reter talento, as organizações que se destacam combinam remuneração justa, benefícios relevantes, oportunidades de desenvolvimento e um ambiente inclusivo e flexível, consolidando o papel dos RH como motor de crescimento e transformação. Num contexto de evolução constante, em que mais de metade dos profissionais (62%) identificam o work life balance como o aspecto mais importante da cultura organizacional, a capacidade de alinhar a estratégia de pessoas com objectivos de negócio será determinante para a competitividade e sustentabilidade futuras das empresas.
Relativamente à remuneração, nas grandes empresas e multinacionais, um director de RH pode auferir entre 54.600 mil a 120 mil euros, enquanto numa PME e empresa nacional o salário oscila entre os 35 mil a 70 mil euros.
8. Information Technology: O mercado de IT em Portugal mantém uma tendência de crescimento consistente, embora persista um desequilíbrio entre a procura e a oferta de profissionais qualificados. As organizações procuram cada vez mais candidatos com competências tecnológicas especializadas, mas também com conhecimento aprofundado das áreas de negócio associadas, permitindo alinhar a tecnologia com os objetivos estratégicos das empresas.
No que respeita a perfis com menor experiência, continua a ser valorizado um background académico sólido, garantindo a base necessária para evoluir num sector em rápida transformação.
A digitalização contínua intensifica a procura por profissionais nas áreas de Cyber Segurança, IoT, Cloud, CRM, ERP, Machine Learning, AI e Big Data, reforçando a importância de perfis capazes de responder a desafios tecnológicos complexos.
O mercado tornou-se mais exigente na combinação de hard skills e soft skills, valorizando competências como liderança, empatia, comunicação eficaz e capacidade de resolução de problemas. Os candidatos procuram continuamente consolidar os seus conhecimentos e atingir diferentes patamares de progressão, seja na vertente tecnológica, seja em funções de gestão.
O salário mantém-se como factor determinante na escolha de projetos, a par com o work life balance, cada vez mais valorizado, mas outros elementos influenciam a decisão, incluindo flexibilidade de trabalho remoto, ambiente tecnológico, natureza dos projectos e responsabilidades da função. Os benefícios complementares, como flex plans, pocket money, home office, formação contínua, certificações técnicas, planos de carreira bem definidos e stock options, têm vindo a ganhar relevância crescente.
Num mercado competitivo e em rápida evolução, as organizações que combinam estratégias de atracção e retenção focadas em desenvolvimento de carreira, flexibilidade e benefícios diferenciadores destacam-se na captação de talento, consolidando a sua posição num setor crítico para a transformação digital e crescimento estratégico das empresas.
Neste sector observa-se algum descontentamento relativamente aos salários; cerca de 50% dos profissionais sentem que não são pagos de forma justa pela função que desempenham.
Como referência, um Chief Tecnology Officer (CTO) pode auferir anualmente até 140 mil euros, um Chief Information Officer (CIO) entre 80 mil euros a 120 mil euros e um IT manager até 100 mil euros.
9. Insurance: Ao longo de 2025, o sector de seguros em Portugal tem registado uma crescente procura por perfis especializados, especialmente nas áreas de consolidação, reporting, contabilidade e planeamento e controlo de gestão. A conjuntura económica atual reforçou a atenção para temas de compliance e reporting, face a exigências regulatórias cada vez mais rigorosas.
As áreas de Transformação e Inovação têm vindo a ganhar relevância, impulsionadas pela inteligência artificial e pela necessidade de garantir competitividade e capacidade de resposta aos clientes. Nas áreas técnicas, observa-se um reforço contínuo em Subscrição, Data Analytics e Atuariado, reflectindo a crescente complexidade e especialização do mercado.
O modelo híbrido de trabalho tornou-se dominante, sendo também a preferência mais procurada pelos candidatos neste setor. No segmento dos correctores, o mercado apresenta uma consolidação através de operações de M&A, implicando redistribuição de funções e integração de novos FTE’s. Os principais correctores expandem o seu âmbito de actuação, transformando-se em consultoras de risco com múltiplas unidades de negócio, atraindo profissionais de outros setores e com diferentes formações académicas.
No que respeita à compensação, verifica-se uma atenção crescente à inclusão de benefícios flexíveis, aumentando a atratividade e liquidez das ofertas para potenciais colaboradores. Os candidatos valorizam não apenas condições salariais competitivas, mas também modelos de trabalho flexíveis, oportunidades de desenvolvimento e diversidade de experiências profissionais.
Num contexto em rápida transformação, o sucesso na atração e retenção de talento no sector de seguros depende da capacidade das organizações em conjugar inovação, flexibilidade e proposta de valor diferenciada, reforçando a competitividade e sustentabilidade do setor.
Destacam-se ainda os aumentos salariais neste sector, com 78% dos profissionais a indicar que tiveram um aumento no último ano.
A título de exemplo, as remunerações para funções técnicas como a de gestor de Sinistros começam nos 21 mil euros (na zona do Porto) até 68 mil para o Actuário Sénior na zona de Lisboa. Nas funções de negócio, um director Comercial Rede de Mediadores pode auferir até 57 mil euros, na zona de Lisboa.
10. Logístics & Supply Chain: A procura por profissionais neste setor mantém-se elevada em 2025, reflectindo a complexidade crescente dos fluxos logísticos e a necessidade de maior resiliência nas cadeias de abastecimento. Esta dinâmica é particularmente evidente em setores como Retalho, FMCG, Indústria e Saúde, impulsionada pela digitalização e pelas exigências de sustentabilidade.
A escassez de talento qualificado continua a ser um desafio central, com a procura a superar a oferta de profissionais especializados. A aceleração tecnológica e a necessidade de resposta rápida a eventos globais imprevisíveis, como conflitos geopolíticos ou disrupções climáticas, levaram as empresas a reformular modelos logísticos, apostando em cadeias mais ágeis e flexíveis.
Os perfis mais procurados situam-se no middle management, incluindo funções como responsável de Logística e Armazém, responsável de Supply Chain e comprador sénior. Há também uma crescente procura por posições de Top Management, com ênfase em perfis estratégicos como director de Logística, director de Supply Chain, director de Operações e director de Compras, cada vez mais envolvidos na transformação digital e na sustentabilidade das cadeias de valor.
As empresas que desejam atrair e reter talento devem oferecer uma proposta de valor clara e diferenciadora, combinando cultura organizacional forte, planos de progressão estruturados, mobilidade interna e pacotes de benefícios atractivos. Os profissionais valorizam cada vez mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional, flexibilidade, modelos híbridos de trabalho e benefícios complementares, como seguros de saúde, apoio psicológico, fundos de pensões, dias extra de férias e subsídios de bem-estar.
Num mercado competitivo e em constante evolução, a capacidade de combinar tecnologia, sustentabilidade e gestão de talento será determinante para reforçar a resiliência, eficiência e competitividade das organizações.
O salário é apontado como o aspecto principal por cerca de 29% dos profissionais quando procuram emprego neste sector. Relativamente à remuneração, a progressão salarial constante, baseada em desempenho é uma tendência. Na área de Supply Chain, a função de Supply Chain analyst pode auferir até 28 mil euros e um director de compras (Procurement director) até 110 mil euros, enquanto na área de Logística, o plafond de remuneração máximo de 80 mil euros cabe ao cargo de director.
11. Property & Construction: O ano de 2025, apesar de ter iniciado com alguma incerteza em determinados sectores, tem registado uma consistência positiva nos segmentos de imobiliário e construção, mantendo-se estável e com perspectivas de continuidade para os próximos anos. A escassez de mão-de-obra qualificada, aliada ao aumento do número de projectos, tem conduzido a ajustes salariais ascendentes, tendência que se observa desde 2021.
Para 2026, caso o dinamismo se mantenha, espera-se uma nova valorização salarial, especialmente nos perfis com maior procura. Os perfis mais procurados estão, sobretudo, ligados à produção do lado dos empreiteiros, incluindo directores de Obra, encarregados gerais, preparadores de Obra e orçamentistas, onde a competência técnica, orientação para a solução e capacidade relacional são essenciais.
Do lado dos promotores, destaca-se a procura por gestores de Projecto, Property managers e gestores Pós-Venda, cujas funções requerem planeamento estratégico, coordenação eficaz e forte capacidade de relacionamento. A crescente complexidade dos projectos, a necessidade de cumprimento de prazos e orçamentos, bem como a atenção à qualidade e segurança nas obras, reforçam a importância de perfis altamente especializados e adaptáveis. Além da competência técnica, soft skills como comunicação, capacidade de resolução de problemas e liderança de equipas são cada vez mais valorizadas, refletindo um sector que combina rigor operacional e visão estratégica.
Num mercado competitivo e em evolução, 30% tentaram negociar o seu salário no último ano. As organizações que melhor conseguem atrair e reter talento são aquelas que oferecem condições salariais ajustadas, oportunidades de progressão, valorização de competências técnicas e ambiente de trabalho estruturado, assegurando assim eficiência, qualidade e sustentabilidade nos projetos.
No que diz respeito a salários, um director-gral pode auferir até 110 mil euros, e nas funções mais procuradas, um director de obra pode ganhar até 60 mil euros e o encarregado de obra cerca de 50 mil euros.
12. Retail: O sector continua a evidenciar a sua complexidade e dinâmica em 2025. Apesar da instabilidade que marcou 2024, este ano destaca-se pela consolidação de marcas que continuam a apostar no mercado nacional, enquanto se mantém a pressão de um contexto altamente competitivo e economicamente desafiante.
O crescimento tem-se reflectido no reforço das equipas de Management, compostas por perfis mais estratégicos, ecléticos e com visão centrada num consumidor informado e exigente, num cenário de forte expansão do online e de concorrência internacional à distância de um clique.
A operação mantém-se como o maior desafio. A elevada rotatividade e a coexistência de dois perfis distintos: por um lado, profissionais qualificados, comprometidos e apaixonados pelo sector e outros que continuam a encarar o retalho como solução temporária, impactam diretamente na evolução das empresas.
Hoje, o Retalho exige competências, visão e agilidade e, sem uma base operacional sólida, a inovação e a estratégia não se concretizam plenamente. Acresce que o cliente valoriza cada vez mais a experiência 360º, incluindo produto e serviço, exigindo que as empresas repensem processos, formação e trabalhem a motivação das equipas.
Apesar dos ajustes salariais, a retenção depende da capacidade das empresas em equilibrar exigência, perfil e qualidade de vida. Horários prolongados e trabalho ao fim de semana continuam a afastar talentos valiosos, sendo urgente pensar numa solução. Cerca de metade dos profissionais tem como principal prioridade o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
2025 é um ano de adaptação e redefinição de prioridades. As organizações que conseguirem alinhar talento, estratégia e experiência do cliente estarão mais preparadas para enfrentar os desafios e capitalizar as oportunidades que o sector continua a oferecer.
Relativamente à remuneração, nas funções de Compras, o Retail manager pode ganhar entre 56 e 84 mil euros, enquanto nas funções de Operações no retalho alimentar e especializado de grande dimensão, a remuneração máxima de 105 mil euros cabe ao director Comercial de Retalho. Nas funções de Operações na área da restauração, o director pode auferir até 84 mil euros. No retalho de Luxo, para a função de Store Manager em Lisboa, o valor pode atingir os 80 mil euros.
13. Sales & Marketing: O recrutamento nas áreas Comerciais tem evoluído, passando de perfis centrados em competências tradicionais de vendas para perfis mais completos, que combinam competências técnicas, digitais e analíticas e elevada capacidade de adaptação a um mercado cada vez mais competitivo e volátil. A globalização dos mercados exige profissionais aptos a actuar em contextos internacionais, enquanto a digitalização acelerada redefine os canais de venda e o relacionamento com os clientes, exigindo rápida adaptação das empresas e profissionais.
O sector enfrenta desafios significativos, destacando-se a escassez de talento qualificado, especialmente em perfis que integrem experiência em vendas consultivas, competências digitais e soft skills ajustadas a processos complexos.
Para atrair e fidelizar profissionais, as organizações devem reforçar a sua proposta de valor, investindo em cultura organizacional, planos de carreira claros e ambientes de trabalho que valorizem desenvolvimento pessoal e equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Os candidatos valorizam cada vez mais factores que vão além do salário. A flexibilidade, incluindo horários flexíveis e regimes híbridos ou remotos, assume crescente relevância, particularmente entre as gerações mais jovens. A cultura organizacional e o desenvolvimento de carreira continuam determinantes, com profissionais à procura de ambientes colaborativos e inclusivos, oportunidades de progressão e desafios que permitam evolução para posições de liderança.
No Marketing, a integração da inteligência artificial (IA) obriga a uma atualização contínua das competências técnicas, compreensão dos dados e algoritmos subjacentes e utilização ética e transparente da tecnologia, exigindo profissionais capazes de integrar marketing tradicional e novas tecnologias de forma estratégica. Mais de 80% dos profissionais afirmam utilizar a GenAI na sua função actual, para personalizar campanhas, identificar clientes e aumentar o impacto das vendas.
Organizações que alinhem salários competitivos, flexibilidade, cultura forte e desenvolvimento de carreira estarão mais bem posicionadas para captar talento e garantir crescimento sustentável, a par com vantagem competitiva.
Nas funções de marketing e comunicação generalistas, um director de Marketing pode auferir até 85 mil euros e um director de Comunicação 72 mil euros, enquanto nas funções ligadas ao marketing digital, o head of Digital pode auferir até 80 mil euros. No Digital, o plafond máximo é de 110 mil euros para a função de director de e-Commerce.
14. Shared Services Centres (SSC): O sector em Portugal encontra-se em transformação, impulsionado pelo sucesso e maturidade dos players já estabelecidos. A evolução reflete-se no aumento das responsabilidades técnicas e estratégicas atribuídas a estas estruturas, que deixaram de ser vistas como meros apoios transacionais para assumirem um papel de parceiros globais de valor acrescentado.
Os SSCs são hoje reconhecidos como hubs internacionais de ligação, capazes de transformar e automatizar processos, gerar eficiências em larga escala e consolidar a confiança dos investidores. Esta credibilidade tem conduzido a um alargamento dos scopes e à instalação de centros de excelência, com funções cada vez mais críticas nas áreas de Controlling, Process Improvement e Automatization.
A procura por talento qualificado mantém-se elevada, dando origem a projectos de recrutamento de grande dimensão. Perfis com percurso académico sólido, experiência em ambientes internacionais e fluência em línguas estrangeiras são especialmente valorizados. Além disso, os candidatos demonstram uma mudança clara de expectativas, atribuindo maior importância ao propósito, à personalização da experiência profissional e à possibilidade de trabalho remoto.
A atracção e retenção de talento continua a ser um desafio central, sobretudo em funções que exigem competências linguísticas, onde se tem verificado uma subida expressiva dos salários. As empresas que se diferenciam são as que combinam pacotes competitivos com propostas de valor ajustadas às motivações individuais dos profissionais.
E33% dos profissionais identificam a paridade salarial como a iniciativa de diversidade com maior relevância. Com ROI elevados, qualidade consistente e baixos níveis de rotatividade, os SSCs em Portugal posicionam-se para um futuro de expansão e sofisticação, reforçando o país como um destino de excelência para operações globais.
Observa-se um aumento na remuneração das funções, com destaque para o manager (head of SSC / head of GBS) pode atingir os 160 mil euros, Accounts Payable manager até 65 mil euros, Purchase-to-Pay Team leader até cerca de 45 mil euros, enquanto um especialista Purchase-to-Pay pode auferir cerca de 32 mil euros.
15. Tax & Legal: O sector jurídico mantém-se dinâmico em 2025, com as sociedades de advogados a liderarem o volume de recrutamento, sobretudo em perfis juniores recém-agregados até cinco anos de experiência. A elevada rotatividade reflecte uma geração cada vez mais exigente, que valoriza pacotes salariais competitivos, flexibilidade, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, um ambiente saudável e benefícios complementares como dias extra de férias, programas de bem-estar e formação contínua. O equilíbrio vida-trabalho (38%) e saúde mental (32%) lideram as prioridades dos profissionais desta área.
A procura por perfis seniores mantém-se estável em áreas de maior complexidade, como Contencioso, Direito Público, Corporate/M&A, Fiscal e Urbanismo. Do lado das empresas, os perfis generalistas continuam a ser valorizados, mas cresce a procura por especialistas em Imobiliário, Bancário e Financeiro, Fiscalidade, Compliance, Protecção de Dados e ESG, em linha com a evolução regulatória europeia.
O sector vive ainda um movimento de concentração, com fusões, aquisições e movimentações de equipas entre sociedades. Em paralelo, a procura internacional por advogados portugueses, em particular no Reino Unido, Luxemburgo e Estados Unidos, acentua os desafios de retenção, sobretudo entre os mais juniores, que privilegiam oportunidades de progressão rápida, exposição internacional e condições financeiras mais atractivas.
Denota-se ainda uma preocupação crescente com a criação de departamentos jurídicos internos, com o objectivo de garantir respostas mais rápidas e eficazes. Esta tendência tem-se acentuado nos últimos anos, reflectindo-se numa procura cada vez maior por profissionais interessados em assumir funções como in-house lawyers.
Na consultoria fiscal a rotatividade mantém-se elevada, em especial entre perfis juniores, que tendem a transitar para cliente final em busca de maior estabilidade, pacotes remuneratórios competitivos, equilíbrio e percursos de carreira mais estruturados.
Como exemplos de remuneração nas sociedades de advogados, um advogado associado com quatro a sete anos pós agregação ronda os 42 mil euros como teto máximo, enquanto um advogado com mais de 10 anos pode auferir até 84 mil euros.
16. Secretarial & Business Support: Nos últimos anos, tem-se assistido a uma crescente especialização nos perfis de Assessoria, reflectindo as exigências das organizações modernas. Multinacionais procuram profissionais altamente diferenciados, capazes de aliar uma visão estratégica da organização a uma compreensão abrangente dos negócios, assumindo um papel cada vez mais relevante no suporte à gestão.
Nos perfis de cariz departamental, mantém-se a forte necessidade de candidatos com domínio avançado de ferramentas como o Excel. A língua inglesa deixou de ser uma condição preferencial para se tornar obrigatório, estando presente em cerca de 90% dos processos de recrutamento. Ganha também destaque a procura por profissionais com competências técnicas robustas, complementadas por formação académica especializada na área do departamento onde irão actuar.
Nos perfis executivos, especialmente em funções de apoio à Administração, Comissões Executivas e C-level, é cada vez mais comum que os candidatos tenham formação de base em Gestão ou Direito, frequentemente complementada por formações executivas ou MBAs. Este percurso permite reunir competências técnicas e estratégicas de elevado nível, adequadas ao apoio a decisores de topo. Além disso, valorizam-se de forma crescente as soft skills, entre as quais a capacidade de comunicação, a proactividade e a resiliência em contextos de forte pressão.
Já nas empresas de menor dimensão, observa-se uma realidade distinta: privilegiam-se perfis mais transversais, com capacidade para desempenhar uma maior diversidade de funções e oferecer respostas flexíveis às necessidades do negócio.
Quanto a remunerações observa-se um aumento dos valores salariais. Perfis qualificados como o de secretária de CEO e secretária de Presidência podem auferir o valor de 65 mil euros por ano, seguindo-se a secretária de Administração com um máximo de 45 mil euros por ano, na zona de Lisboa. Para as mesmas funções, os valores na zona do Porto são de 56 mil euros (CEO e Presidência) e 44.800 mil euros para a secretária de Administração.