Planeamento Estratégico: Não é preciso inventar a roda, mas é preciso fazê-la rodar

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

É importante agilizar as organizações, preparando-as estrategicamente. Mas uma preparação orientada para a acção, em que esta seja monitorizada e constantemente optimizada. O planeamento estratégico é uma oportunidade disruptiva, capaz de enfrentar mudanças repentinas.

Se desejamos desenvolver o que se designa de capital humano, se pretendemos definir a força de trabalho necessária para alcançar metas, quantitativa e qualitativamente, aumentar níveis de competitividade e obter sucesso no mercado, então o planeamento estratégico de gestão de pessoas é um pilar essencial do global da organização.

Estamos perante desafios actuais que são estranhos. Não tanto por serem novos, mas pela recorrência de resultados algo negativos. Muito se fala da escassez de meios, na quantidade de pessoas para fazer face a obstáculos e dificuldades. Mas planear não se pode converter tão só em números. São importantes, mas não tão só de per si, se não entramos na dicotomia oca de cada um os interpretar à sua maneira e de acordo com os respectivos interesses. Será que as recentes dificuldades nas urgências hospitalares são apenas falta de clínicos? Será que as dificuldades do combate a incêndios se explica por escassez de meios e pessoas?

É que o planeamento estratégico, nomeadamente em gestão de pessoas, vai para além de recrutamento e selecção. É um processo em que temos de ter as competências necessárias para as metas que queremos atingir, temos de possuir um arquitectura organizacional adequada às respostas que temos de dar, temos de promover um clima e uma cultura favorável às acções fundamentais e temos de trabalhar nas equipas de forma eficiente e eficaz. Nesta lógica, a liderança torna-se uma peça-chave: é sua a responsabilidade de disseminar a estratégia nas suas equipas e monitorizar insistentemente. Mas com acções concretas e coerentes, em particular, agir em função de uma comunicação objectiva e transparente.

O planeamento estratégico tem essa mais-valia: não só identificar as competências necessárias para qualquer acção, mas acima de tudo não ter receio de identificar lacunas que devem ser preenchidas, seja por via do desenvolvimento de competências específicas, seja através de formação adequada, seja por perceber projectivamente todo um conjunto de outros indicadores. Acima de tudo, prevenir! Há que conhecer os acontecimentos do dia-a-dia, conhecer o que cada distorção de um determinado processo pode provocar. Evidente que existem factores de mais difícil projecção – podemos entender que ninguém previa uma pandemia. Mas, hoje, já temos informação para a controlar melhor. Mas podemos ter dados para o número de partos que existirão a dado momento, como sabemos que o Verão é mais propício a incêndios.

Se, hoje em dia, temos acesso a vasta informação e dados, se nos inundamos de indicadores de vários níveis, qual o porquê de não prevenirmos? Apostar num planeamento estratégico não é tão só uma forma pomposa de discurso. É acima de tudo ter uma perspectiva sistémica, integradora e gerar sinergias de várias disciplinas, incluindo em gestão de pessoas, para obtermos resultados comuns, que façam convergir decisões na mesma direcção. A tecnologia é um grande aliado do planeamento estratégico, automatizando processos, garantindo maior produtividade e obtenção de melhor informação para a acção. Não temos que inventar a roda, apenas fazê-la rodar!

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