Pode não parecer, mas este é o melhor momento para investir no talento jovem

Desde o início da pandemia, vários impactos atingiram a economia global, que já se encontrava enfraquecida. Em todo o mundo, as taxas de inflação mais altas do que o esperado desencadearam condições financeiras mais restritivas, contribuindo para o aumento dos custos operacionais das organizações e também do custo de vida dos colaboradores. Se estas mudanças afectam praticamente toda a gente neste momento, os efeitos a longo prazo poderão ser mais sentidos pelos jovens.  

Por Charlotte Penny, Global Content Marketing manager, Sage People

 

Muitas organizações estão a mudar o seu foco do crescimento para a rentabilidade e o cash flow, com um controlo rigoroso dos custos. Como resultado, sentem uma enorme pressão para reduzir as contratações, incluindo programas de estágios e parcerias de pós-graduação.

No entanto, a resiliência empresarial nunca foi tão crítica e os líderes precisam de dar respostas e ser decisivos. A mudança, a agilidade e a flexibilidade são factores essenciais que as organizações têm de dominar, caso pretendam sobreviver neste mundo incerto. Contudo, se investirem no talento jovem, conseguirão fomentar verdadeiramente a resiliência num cenário imprevisível.

 

Um círculo virtuoso de inovação

Há muitas razões pelas quais as empresas deveriam estar à procura de talento jovem neste momento. Quem entra no mercado de trabalho pela primeira vez traz entusiasmo e energia, para além de libertar capacidades vitais para os colaboradores mais experientes; mais importante ainda, estas pessoas trazem ideias inovadoras e novas competências.

No geral, os mais jovens são competentes na utilização da tecnologia moderna e podem ser pioneiros na aplicação de tecnologias emergentes numa organização. Isto é especialmente verdade no caso da Inteligência Artificial (IA): 40% da Geração Z utiliza IA na sua vida profissional, em comparação com apenas 28% dos Baby Boomers. Ferramentas como IA, realidade aumentada, robótica e IoT são indispensáveis na mudança para a digitalização, que é fundamental no mundo laboral actual e futuro.

Nativos digitais, os colaboradores em início de carreira podem ajudar as empresas a tirar partido das ferramentas e tecnologias mais recentes que tanto os atraem. Num momento em que o ritmo da mudança está a acelerar e as necessidades a evoluir, os talentos emergentes adquirem novas competências mais facilmente e ajudam as empresas a adaptar-se melhor às exigências em constante mudança.

Para além disso, têm um efeito cíclico na inovação, permitindo a utilização de novas tecnologias e estabelecendo um ambiente benéfico e atractivo para recrutar ainda mais pessoas. Uma empresa que utiliza novas tecnologias atrai ainda mais jovens talentos, recomeçando este processo uma e outra vez. Assim, estabelece-se um círculo virtuoso de inovação, gerando constantemente novas ideias, perspectivas e capacidades.

 

Ajudar os jovens a entrar no mercado de trabalho

O mercado de trabalho continua desafiante e atrair o melhor talento jovem não se tornará mais fácil. Os jovens têm expectativas, atitudes e talentos que as empresas terão de reflectir para os atrair. As equipas de RH e Pessoas precisam de saber o que é mais importante para a geração mais nova, e só então poderá captar o seu interesse.

Não é coincidência que empresas como a Google e a Apple tenham sido tão bem-sucedidas na atracção de jovens talentosos: isso acontece porque oferecem trabalho flexível e remoto, férias ilimitadas e ferramentas que encorajam a criatividade.

As empresas mais bem-sucedidas e com mais visão de futuro reconhecem que outros factores para além do salário são grandes impulsionadores para os jovens. Um ambiente de trabalho divertido e colaborativo e dias de folga para trabalho de beneficência, por exemplo, são a chave para manter a moral e a produtividade. No entanto, o desafio é que estas “motivações intrínsecas” são diferentes para todos. Percursos de carreira bem definidos ou pacotes de benefícios, por mais únicos que sejam no mercado, podem não corresponder às expectativas de cada jovem.

É, então, necessário que as equipas de RH adoptem uma abordagem individualizada para cada um, estabelecendo um plano de carreira personalizado com incentivos e condições que os encorajem a dar o seu melhor. Isto aplica-se a todos os colaboradores, mas particularmente aos que estão a iniciar a carreira.

 

Um antídoto para a disrupção

Ao longo dos últimos três anos, temos entendido melhor do que nunca a citação de Heráclito que diz que “a única constante é a mudança”. As empresas compreendem que é difícil prever como as necessidades dos clientes vão mudar e como as operações serão afetadas quando factores externos têm impacto na economia.

Assim sendo, têm de ser flexíveis e estar prontas para se adaptar às exigências do mercado e da legislação, e capacitar-se com as ferramentas, talento e tecnologia que lhes darão as melhores oportunidades durante tempos de mudança. É por isso que a introdução de talento jovem é tão importante: os jovens aumentam a agilidade de uma empresa, assegurando que possui as competências técnicas e a inovação necessária para ter sucesso.

Estes colaboradores entraram na força de trabalho durante tempos incertos e imprevisíveis, mas isso será, precisamente, o que vai fazer deles melhores profissionais. O talento jovem pode ser o antídoto exacto de que as empresas necessitam neste momento.

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