Poderá a COVID-19 aumentar a desigualdade de género?

Segundo a Lusa, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que as mulheres enfrentam riscos “exacerbados” ao nível da saúde, economia, segurança e protecção social, decorrentes da pandemia da COVID-19.

 

Num relatório, a ONU diz que «em todas as esferas, da saúde à economia, da segurança à protecção social, os impacto da pandemia da doença provocada pela COVID-19 são exacerbados para mulheres e meninas simplesmente por causa de seu sexo».

A ONU sublinha que as «conquistas limitadas alcançadas nas últimas décadas» ao nível da igualdade de género correm o risco de serem revertidas, na sequência da propagação da pandemia.

Os efeitos económicos decorrentes da COVID-19 poderão acentuar ainda mais as discrepâncias salariais entre géneros, uma vez que as mulheres «geralmente ganham menos e vivem mais próximas do limiar de pobreza».

O relatório da ONU também refere que há «evidências em vários sectores, incluindo ao nível do planeamento económico e de respostas de emergência que demonstram inquestionavelmente que as decisões que não incluem a participação de mulheres são simplesmente menos eficazes».

Ao nível da saúde, apesar de a COVID-19 afectar mais os homens, as Nações Unidas realçam que não se pode esquecer os cuidados de saúde para as mulheres, que estão sujeitas a riscos acrescidos, como, por exemplo, as grávidas.

O relatório também adverte que o isolamento profilático recomendado ou obrigatório, implementado por vários países, também poderá aumentar o número de casos de violência doméstica.

«Muitas mulheres estão a ser forçadas a ficar trancadas em casa com os seus agressores, enquanto os serviços de apoio às vítimas estão a enfrentar problemas ou estão inacessíveis», conclui o estudo.

«A doença COVID-19 não é apenas um desafio para o sistema de saúde mundial, mas também uma prova do nosso espírito humano. A recuperação deve levar-nos a um mundo mais igualitário, que seja mais resiliente em relação a futuras crises», sustenta a ONU.

A Organização das Nações Unidas considera ainda que as mulheres «serão as mais afectadas por esta pandemia, mas também serão a coluna vertebral da recuperação das comunidades». Se as respostas políticas “reconhecerem isto”, então “terão mais impacto”, argumenta a ONU.

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