Por que estão a aumentar os pedidos de ajuda à Deco?

As situações de deterioração das condições laborais são a principal causa dos pedidos de ajuda que chegam ao Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado (GAS), da Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor

 

Entre Janeiro e Outubro deste ano, o número de pedidos de ajuda à Deco por parte de famílias sobre-endividadas aumentou para 26.200, o que representa uma média de 72 solicitações por dia, segundo dados da Deco, a propósito do Dia Mundial da Poupança, que se assinala esta quinta-feira, a 31 de Outubro.

De acordo com a Deco, 43% dos pedidos de ajuda a cair no GAS chegam de agregados familiares com dois elementos casados ou a viver em união de facto, com idades compreendidas entre os 40 e os 54 anos (41%). Os pedidos vêm maioritariamente de pessoas do sector privado (43%), desempregadas (19%) e reformadas (19%), com um rendimento líquido mensal médio de 1200 euros.

Lisboa (27%) regista o maior número de casos, seguida do Porto (25%) que, em 2018, liderava a mesma tabela. Logo a seguir, surge Setúbal (11,6%).

As causas que estão na origem do sobre-endividamento prendem-se, sobretudo, com situações de deterioração das condições laborais (21%), ou seja, situações de precariedade e de baixos salários; desemprego (20%); ou penhoras (12%). O apoio a ascendentes (pais e avós), a descida de rendimento nas reformas antecipadas e o aumento de despesas com saúde também são apontados como fatores de rutura financeira dos orçamentos das famílias.

Dos pedidos de ajuda recebidos, a Deco acabou por abrir, até Outubro deste ano, 2.095 processos de sobre-endividamento. Em 2018 foram abertos 2.077, contra os 2.001 registados no período homólogo.

Mas nem tudo são más notícias. Face ao ano passado, uma das alterações positivas prende-se com a ligeira diminuição da taxa de esforço que as prestações mensais representam no rendimento das famílias, que passou de 73% para 72,5%. Ou seja, o peso das prestações de crédito no rendimento mensal das famílias está a diminuir.

Verifica-se também uma redução do crédito em incumprimento, de 49% para 36%, e uma subida do crédito regularizado, de 51% para 64%.

Ainda segundo a Deco, estas famílias têm uma média de cinco créditos. O montante médio do crédito à habitação é de 83,300 euros, o montante médio dos créditos pessoais é 20,100 euros e o valor total dos cartões de crédito chega aos 8500 euros. Já o valor total das prestações de crédito subiu de 798 euros, em 2018, para 870 euros até Outubro deste ano.

Ler Mais