«Portugal é um país atractivo para trabalhar», afirma a directora de RH dos CTT

Em mais uma (re)talk, Marisa Garrido, directora de Recursos Humanos dos CTT e Erica Pereira, Associate Director Randstad Professionals, analisaram até que ponto a atracção e retenção talento tem vindo a ser impactado – não só nas empresas, mas no País – com a implementação do trabalho remoto.

Por Sandra M. Pinto

 

Como habitualmente, a conversa foi moderada por Ana Leonor Martins, directora de Redacção da Human Resources, que começou por fazer notar que, segundo a OCDE, a qualidade do emprego é avaliada de acordo com três factores: salário, estabilidade profissional e ambiente de trabalho. Como se posiciona Portugal nestas três variáveis? Podemos afirmar que somos um País atractivo para trabalhar?

Marisa Garrido é peremptória e defende que Portugal é um país atractivo para trabalhar. «Temos um conjunto de atractivos e de infraestruturas instaladas, além de uma cultura muito focada para o trabalho, no trabalho em equipa e para os resultados, onde se vive de uma forma excelente», refere, «Portugal tem tudo o que é preciso para atrair outros talentos de outros países, mas essencialmente para atrair os nossos talentos que entretanto e que desejam voltar». Para Marisa Garrido os portugueses valorizam muito a relação com os colegas pelo que o ambiente de trabalho é bastante valorizado, «juntando aqui outra factor importante que é a estabilidade do trabalho sendo que esta depende muito de nós e daquilo que acrescentamos às organizações».

Na Randstad o contacto com muitos candidatos faz parte do dia-a-dia da organização. Erica Pereira, associate director Randstad Professionals responsável pela área de recrutamento e selecção especializado refere que, com base na sua experiência, os profissionais mais altamente qualificados valorizam, sobretudo, aquilo que é a proposta de valor que as empresas podem oferecer, «e isto não passa apenas pela questão salarial, questões como o ambiente de trabalho e progressão de carreira têm estado na linha da frente enquanto factores preferenciais, sendo que esta situação é perfeitamente visível quando assistimos a rejeições de propostas que financeiramente são superiores». Os nossos talentos privilegiam uma série de outros benefícios que acabam por se revelar factores decisivos na escolha por parte do candidato. Por outro lado, o trabalho remoto vai permitir que as empresas consigam oferecer às suas pessoas a possibilidade de continuarem a trabalhar lá para fora estando a viver em Portugal.

 

A nova realidade do trabalho remoto

A actual pandemia veio colocar a tónica no remoto, sendo que já há empresa a ponderar permitir que os colaboradores fiquem em teletrabalho a tempo inteiro. Assim, a questão geográfica acabaria quase por sair da equação no que respeita a decidir onde trabalhar. Na visão de Marisa Garrido isso não retira a atractividade de Portugal enquanto empregador, «até hoje temos pessoas que trabalham para empresas portuguesas e vivem noutra qualquer zona do mundo, e isto levanta a questão da melhor conciliação entre a vida pessoal e profissional um aspecto que deve ser cada vez mais valorizado aspecto importante para todas as gerações».

Para Erica Pereira é importante a criação de um modelo hibrido que levará Portugal ao nivel de outros países que já tinham a questão do trabalho remoto bem enraizado, pois o que é valorizado é aquilo que a pessoa entrega enquanto competência.

Enquanto uma cultura muito vincada, a cultura CTT percebe que mesmo que as pessoas não estejam fisicamente a trabalhar nas instalações, a empresa tem os meios e está a trilhar estratégias para que a cultura da organização permaneça. «Os CTT têm uma capilaridade muito grande com muitas instalações no país inteiro, e de certa forma, já conseguimos criar essa cultura em muitos locais de trabalho onde, através das nossas lideranças também conseguimos passar aos colaboradores aquilo que é trabalhar e viver nos CTT», refere Marisa Garrido.

Na opinião de Erica Pereira, esta situação do trabalho remoto ainda é excepcional, ou seja, «é possível fazermos o recrutamento e o on bording totalmente digital, mas por outro lado não podemos desvalorizar a componente humana e presencial». Para quem gere pessoas o papel que desempenham é fundamental pois está nas sua mãos conseguir um maior engagment dos seus colaboradores, «neste momento o papel dos lideres está a ser muito exigente, pois o trabalho remoto exige muito das lideranças e das equipas no que concerne ao planeamento e à organização».

 

Temos talento em fuga?

Sobre se neste momento temos talento em fuga ou se Portugal está no bom caminho, Marisa Garrido defende que Portugal está no bom caminho. «Parece-me que Portugal está com capacidade de atracção de talento estrangeiro e de outra vez activar a chama do nosso talento nacional».

Concordando com esta opinião, Erica Pereira afirma que «neste momento estamos a partir do mesmo ponto de partida de qualquer outro país da União Europeia, pelo que estamos em pé de igualdade com todas as condições para poder atrair os nossos talentos».

 

(re)Veja na íntegra, aqui.

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