
Portugueses de Sucesso no mundo. Carolina Leite, PIMCO: A habilidade de navegar entre culturas, experiências e aprendizagens
Cresceu em Pombal, estudou em Coimbra e foi para Londres tirar um MBA. Sair da zona de conforto permitiu-lhe viver novas experiências, aprendizagens e aventuras em Itália, Reino Unido e Estados Unidos. Agora de volta a Londres, Carolina Leite é vice-presidente de Corporate Engagement na PIMCO (Pacific Investment Management Company LLC), gestora de investimentos global.
Por Tânia Reis
Carolina Leite sempre soube que «tinha de trabalhar com pessoas» e, quando era pequena, queria ser “fada madrinha”. Enveredou por Psicologia para compreender as dinâmicas humanas, mas quis o destino que fosse a responsabilidade social e a sustentabilidade a levá-la mais longe. E levou, da Europa à América do Norte. Apesar de querer criar raízes em Londres, onde está actualmente, confessa que, um dia, gostava de regressar a Portugal.
Estudou Psicologia em Coimbra. Era o seu objectivo de carreira?
Na altura, não sabia exactamente o que desejava para a minha carreira, mas sempre soube que tinha de trabalhar com pessoas. Quando era pequena, dizia que queria ser “fada madrinha” e isso reflecte muito de mim – movo-me por valores sociais e éticos, e sinto-me inspirada por contribuir para um mundo melhor. Psicologia pareceu ser o ponto de partida certo, dando-me uma base sólida para compreender as dinâmicas humanas e organizacionais. Especializei-me em Psicologia das organizações, o que me deu ferramentas valiosas que aplico diariamente.
Entretanto fez Erasmus em Itália. O que a levou a escolher Florença?
Sempre quis ter uma experiência internacional e Florença parecia o lugar perfeito. No entanto, ao chegar lá e ver o meu pai voltar para Portugal, senti um misto de emoções e incertezas – “será que estou preparada para isto? Onde está a minha rede de suporte?”. Foi uma experiência transformadora – sair da zona de conforto, para um país desconhecido, com ruas confusas e uma língua que ainda não dominava.
Enfrentei muitos desafios, mas também cresci imensamente a nível pessoal. Fiz amizades para a vida, conheci culturas diferentes e vivi muitas aventuras. Esta experiência ensinou-me a ser resiliente, a valorizar as minhas raízes e a minha família, e a perceber que, apesar das saudades, viver fora do país me proporcionou um crescimento que nunca teria alcançado de outra forma.
Iniciou o seu percurso no Grupo CH, em 2009. Como foi a entrada no mundo do trabalho?
Foi emocionante e enriquecedor. Escolhi o estágio no Grupo CH pela oportunidade de trabalhar em responsabilidade social. Encontrei uma empresa com uma energia e um ADN especial, onde conheci pessoas extraordinárias e carismáticas, com quem aprendi imenso e que guardo para a vida. A empresa estava em grande crescimento e sinto que crescemos juntas! Quando saí da CH, sete, oito anos depois, estava a desempenhar uma função de direcção de Responsabilidade Social e uma função enquanto gestora de unidade de negócios de Recursos Humanos.
Foi aí que nasceu o “bichinho” da responsabilidade social?
O meu interesse começou durante os tempos de faculdade, em Coimbra, onde fiz a tese de mestrado sobre responsabilidade social das empresas. Naquela época, a sustentabilidade corporativa e a responsabilidade social ainda não eram temas amplamente discutidos, e percebi que havia muito a ser feito.
Também integrou a direcção do GRACE – Empresas Responsáveis durante seis anos. Que impacto teve essa experiência?
Tenho uma enorme admiração pelo GRACE e foi um imenso privilégio integrar a direcção. Essa experiência contribuiu para alargar os meus horizontes ao conhecer mais da realidade das multinacionais. Ver o impacto que o GRACE tem, reforçou a minha convicção no potencial da área da sustentabilidade corporativa. Sinto que “sou GRACE para a vida” e, apesar de estar um pouco mais longe agora, é uma honra ter contribuído para o crescimento desta organização e trabalhado com líderes que tanto admiro.
Em 2018, vai para Londres, para a Moody’s Corporation, para a função de Senior CSR associate. Como surgiu essa oportunidade?
Em 2016, decidi que precisava de complementar a minha experiência e formação com mais conhecimentos de gestão, economia e finanças, precisava de “falar números” e fui para Londres para tirar o MBA. Mais uma vez, sair da minha zona de conforto e aventurar-me sozinha por “terras de Sua Majestade” foi um desafio.
O MBA abriu-me horizontes e o mercado de trabalho em Londres permitia-me explorar uma carreira mais impactante. A oportunidade na Moody’s foi aliciante pela reputação e por ter um departamento de Responsabilidade Social e Estratégia bem desenvolvido, composto por profissionais experientes nesta área.
Com que principais desafios se deparou? E oportunidades?
Adaptar-me a um novo ambiente corporativo e forma de trabalhar foi desafiante. Foi o primeiro emprego em inglês, a primeira vez que estava em contacto directo e a gerir projectos em dezenas de escritórios pelo mundo. A minha equipa estava nos Estados Unidos, por isso tive de aprender a trabalhar com diferentes fusos horários.
As oportunidades também foram imensas: trabalhar com equipas globais, estabelecer a minha rede de contactos no Reino Unido e trazer um olhar novo e diferente, o que me permitiu acrescentar valor e identificar oportunidades de melhoria facilmente.
Leia o artigo na íntegra na edição de Maio (nº. 173) da Human Resources, nas bancas.
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