Portugueses são os mais motivados da Europa do Sul

De acordo com o estudo da consultora de gestão Hay Group, que avalia o impacto do estilo de liderança no ambiente de trabalho, Portugal é o único país da Europa do Sul com um índice de motivação positivo no trabalho.

O estereótipo cultural associado aos países mediterrâneos não se aplica quando falamos do mundo do trabalho. De acordo com o estudo sobre liderança e clima organizacional do Hay Group, as empresas sediadas nos países da Europa do Norte são bastante mais “quentes” para os colaboradores do que os países da Europa do Sul, que revelam estilos liderança mais “frios”. Mas Portugal é excepção.

Cerca de metade (47%) dos trabalhadores Portugueses que participaram no estudo dizem ter um ambiente de trabalho positivo, motivante e de elevada performance. Apenas os países nórdicos como a Escandinávia (52%), Alemanha, Áustria, Suíça (49%) e a Europa de Leste (55%) revelam estar mais motivados.

Espanha, Itália e França são os países que apresentam resultados mais desanimadores. Mais de dois terços (68%) de gestores Italianos estão a fomentar um clima organizacional desmotivador para os seus colaboradores – taxa mais elevada da Europa. Espanhóis e Franceses aparecem em segundo lugar em ex aequo com cerca de 64% dos colaboradores a afirmar que os seus superiores não conseguem criar um clima positivo de trabalho.

Apesar do balanço positivo que Portugal apresenta, existe ainda uma percentagem significativa de colaboradores desmotivados (39%), mas ainda assim bastante afastada dos seus países vizinhos.

Sobre estes resultados, Felipa Oliveira Serrão, directora do Hay Group em Portugal afirma que «a evolução da melhoria do ambiente de trabalho e consequente aumento de produtividade dos colaboradores é consistente com a crescente sensibilidade e investimento que as empresas de referência nacionais têm feito no desenvolvimento de liderança e gestão de talento».

Impacto dos estilos de liderança

Os estilos de liderança influenciam em cerca de 70% o ambiente de trabalhoe o que este estudo demonstra é que, quanto mais rico o leque de estilos que um líder adopta, maior a probabilidade de criar um clima de elevado desempenho.

De acordo com Felipa Oliveira Serrão: «Não existem estilos de liderança bons ou maus, existe sim estilos mais ou menos eficazes. A eficácia de um estilo depende da situação, do desafio inerente e dos recursos disponíveis – financeiros, tecnológicos e humanos. Todos os estilos demonstram potencial eficácia em circunstâncias específicas. A verdade é que a crise colocou uma pressão acrescida nos gestores, tanto na abordagem dos negócios ao mercado, como na gestão das suas equipas, tornando-se inevitável exigir mais dos seus colaboradores – tanto em conteúdo como na forma. Neste contexto os líderes das organizações sabem que só vão conseguir alcançar os objectivos e energizar as suas estruturas se conseguirem motivar e envolver os seus colaboradores.

Dos 27 países que participaram no estudo, Portugal apresenta a percentagem mais elevada (62%) de respostas que apontam para lideranças mais afiliativas (que fomentam a harmonia entre equipas), e é o segundo país com a percentagem mais elevada (53%) de lideranças “coaching” (foco no crescimento profissional dos colaboradores).

No entanto existe uma percentagem bastante significativa de lideranças coercivas (69%) o que pode justificar o clima de desmotivação manifestado por 39% dos trabalhadores Portugueses que participaram neste estudo. O estilo coercivo foca-se em atingir objectivos de curto prazo e revela-se bastante eficaz em tempo de crise – quando se exige um volte-face. Mas é importante ter em atenção que o uso prolongado, ou isolado, deste estilo de liderança provoca nos colaboradores uma resistência passiva, resignação e desmotivação.

Metodologia e amostra

O estudo do Hay Group sobre estilos de liderança e clima organizacional foi aplicado a 71.996 colaboradores, dos quais 14.416 são gestores em 375 das maiores empresas europeias, de 27 países.

Para resumir as conclusões do estudo, fazendo um paralelismo entre o clima organizacional e o clima atmosférico, o Hay Group criou um site interactivo que poderá consultar em www.haygroup.com/ww/europeanclimatemap.

O Hay Group realizou uma análise comparativa entre a visão ideal que os colaboradores têm de um bom clima de trabalho, e o clima que realmente é vivenciado.

Foi aplicado um questionário aos gestores e suas respectivas equipas, a partir do qual, o clima organizacional e os estilos de liderança foram “padronizados”, utilizando uma base de dados de dezenas de milhares de gestores, para aferir de que forma as experiências dos colaboradores em estudo se comparam com as de outras organizações.

Clima organizacional

O que caracteriza um clima de elevado desempenho é a optimização das capacidades de cada um dos colaboradores – o que os torna mais empenhados e reforça o seu comprometimento com a organização.

Um clima de dinamização é aquele que promove um alto grau de esforço e comprometimento organizacional por parte dos colaboradores.

Organizações com um clima neutro, geralmente, conduzem a um reduzido grau de compromisso e empenho por parte dos colaboradores.

Climas desmotivadores são susceptíveis de resultar numa elevada taxa de rotatividade dos colaboradores e faltas frequentes, o que dá origem a um desempenho significativamente abaixo dos níveis ideais.

Estilos de liderança

Ao longo dos anos, os estudos do Hay Group identificaram seis principais estilos de liderança a que os gestores recorrem. A pesquisa demonstra que quanto maior o leque de estilos um líder usa, maior a probabilidade de ele ou ela, criar um clima de alto desempenho.

Coercivo: foco no cumprimento de objectivos de curto prazo. “Faça o que lhe digo!”

Autoritário: foco numa visão e direcção de longo prazo – “Siga-me!”

Afiliativo: foco na criação de harmonia entre a equipa – “As pessoas primeiro.”

Democrático: foco na obtenção de um consenso de grupo e na criação de novas ideias – “O que acha?”

Pacesetting / Modeling: foco no cumprimento de tarefas com padrões elevados – “Faça assim, como eu faço. Agora!”

Coaching: ênfase no crescimento profissional dos colaboradores – “Experimente assim.”

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