Profissionais com dislexia têm algumas das competências mais procuradas no mercado mas continuam a estar em desvantagem nos processos de recrutamento

Cerca de 79% dos disléxicos acredita que os actuais processos de recrutamento não lhes dão a oportunidade de demonstrarem as suas verdadeiras capacidades. Estas é uma das conclusões do estudo Dyslexic Dynamic, realizado pela ManpowerGroup Talent Solutions e a Made By Dyslexia.

 

Por outro lado, 49% dos empregadores admite não saber as competências associadas a estes candidatos e 45% dizem não acreditar que este factor seja relevante.

A colaboração entre as duas organizações visa desenvolver uma melhor compreensão do pensamento disléxico nas empresas e encorajar as organizações a reconhecerem a sua importância num mundo de trabalho em rápida mudança. Com a escassez de talento a nível global a atingir valores máximos, o estudo incide em como as pessoas com dislexia possuem muitas das soft skills mais procuradas hoje pelas empresas para fazer face aos desafios da crescente digitalização e automatização dos seus modelos de negócio.

Segundo o estudo, as áreas em que os indivíduos com dislexia mais se destacam são, exactamente, a comunicação, a imaginação e a empatia, seguidas da curiosidade, a tomada de decisões e a compreensão. Não obstante, muitas vezes, essas competências não são identificadas pelos recrutadores e empregadores, como resultado dos actuais métodos de avaliação de candidatos, levando-os a desaproveitar uma base de talento, que poderia revelar-se fundamental para ajudar a preencher atual escassez de talento.

É necessária uma mudança de pensamento e abertura cultural das organizações, que permita um melhor deve aproveitamento das competências disléxicas, capitalizando-as para enfrentar os actuais desafios das empresas num mundo em constante transformação.

Desta forma, um dos pontos chave avançado pelo estudo passa por redefinir os métodos de avaliação dos candidatos disléxicos, já que os processos tradicionais não permitem uma análise correcta dessas candidaturas. Aqui, a gamificação e experiências mais curtas e envolventes podem ser utilizadas durante a avaliação de potenciais candidatos, não só para identificar as suas capacidades, como também para eliminar preconceitos.

A solução para eliminar as barreiras aos candidatos disléxicos durante o processo de recrutamento, pode passar também por encorajar a que demonstrem as suas habilidades de diferentes maneiras, através da disponibilização salas silenciosas, tempo extra e perguntas claras durante a entrevista.

Além disso, minimizar a importância dos erros de ortografia, já que não são um reflexo das suas capacidades, bem como o motivá-los para informar sobre a sua dislexia, reconhecendo o valor do pensamento disléxico, também são boas estratégias para aumentar a sua confiança e à vontade durante o processo de recrutamento.

Os dados do estudo Dyslexic Dynamic do ManpowerGroup Talent Solutions e da Made By Dyslexia foram extraídos de entrevistas a 348 recrutadores e a 1061 trabalhadores com dislexia em 2021.

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