IBM: Progressão de carreira no feminino

O estudo “Mulheres, Liderança e o Paradoxo da Prioridade”, divulgado pela IBM, revela que a progressão de carreira das mulheres não é uma prioridade para 79% das organizações. Mas a empresa quer contrariar esta realidade.

 

Por Sandra M. Pinto

 

A IBM criou, há 20 anos, o “IBM Institute for Business Value”, organização que se dedica à investigação de temas estratégicos, como Inteligência Artificial (IA), cloud, blockchain ou computação quântica, mas que também desenvolve outros estudos, em áreas como os Recursos Humanos. O estudo “Mulheres, Liderança e o Paradoxo da Prioridade”, que analisa temas de Igualdade de Género nas organizações de hoje, insere-se nesse âmbito.

«Nos últimos anos, assistimos a um grande movimento de defesa da Igualdade de Género no trabalho e no emprego. Apesar de, em várias sociedades ditas civilizadas, haver consenso à volta deste tema, a verdade é que a percentagem de mulheres que ocupam cargos de lide- rança executivos permanece extremamente baixa. Tendo em conta este facto, a IBM quis perceber o porquê, em que organizações mais acontece, o impacto que tem e o que pode ser feito», sublinha Lígia Cabeçadas, directora de Recursos Humanos da IBM Portugal.

Com este estudo, a IBM quis compreender melhor porque a sociedade evoluiu em tantos outros domínios, mas o mesmo não acontece com o papel da mulher no mundo profissional. «Este é um problema que, apesar da maior sensibilização e tomada de consciência, ainda persiste, e quisemos perceber o porquê», reitera a responsável, acrescentando que uma das conclusões aponta para o facto de grande parte dos homens subestimarem a magnitude da diferença de géneros no ambiente profissional. «Como é um tema que tem sido mais falado nos últimos tempos, é fácil pensar que está resolvido, mas, na verdade, não está, e a prova é que os inquiridos responderam que apenas 18% dos líderes das suas organizações eram mulheres, ou seja, 82% são efectivamente homens», refere. «Ficou demonstrado que os líderes questionados estimam 54 anos, ou seja, mais de duas gerações,para que haja um equilíbrio entre cargos de liderança ocupados por homens e mulheres. No fundo, a maioria dos líderes actuais não acha que seja um tema “deles” e esse é o principal problema.»

Para esta situação, o estudo da IBM detectou três razões principais. Em primeiro lugar, muitas organizações não estão totalmente convencidas dos benefícios da igualdade de género na liderança. Em segundo lugar, as organizações continuam a acreditar nas “boas intenções” e a ter uma abordagem não interventiva com a diversidade. E em terceiro, os homens, que representam a esmagadora maioria dos líderes de topo em todo o mundo, tendem a subestimar a magnitude que as ideias pré-concebidas sobre a igualdade de género tem nos seus locais de trabalho.

Mudança de paradigma

«Muitos pensam que a igualdade de género se irá resolver naturalmente. Mas tal não irá acontecer, ou demorará demasiado tempo. É preciso reconhecer este problema como uma prioridade, tratá-lo como um objectivo de negócio», defende Lígia Cabeçadas. «E porque os homens estão em maioria nas posições de liderança, é crucial obter o seu buy-in para fazer da igualdade na liderança uma prioridade. É necessário que os homens trabalhem em parceria com as mulheres para criar as políticas e a cultura corporativa inclusiva onde todos os colaboradores qualificados têm oportunidades iguais para liderar.»

Para a responsável pela área de Recursos Humanos da IBM, a melhor forma de progredir neste tema é tratá-lo como mais um objectivo de negócio. «Uma estratégia passa por tornar a liderança da empresa responsável pelos resultados de Igualdade de Género, uma vez que são os executivos seniores que têm a capacidade, e o poder, para tornar a promoção das mulheres a cargos de liderança, uma prioridade estratégica de negócio.»

A baixa percentagem de mulheres em cargos de liderança, explica-se, na opinião de Lígia Cabeçadas, essencialmente por três factores: «a grande maioria dos homens subestima a magnitude da disparidade de géneros; existe falta de reconhecimento e priorização deste problema; e as organizações não estão convencidas da mais-valia para o negócio de terem mulheres líderes». Quase dois terços dos entrevistados acreditam que a principal razão pela qual mais mulheres não ocupam cargos de liderança é porque as mulheres são mais propensas do que os homens a dar prioridade à família em vez da carreira.


Leia a reportagem na íntegra na edição de Maio da Human Resources.

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