Qual é o futuro do Agile? Será um enigma?

Nos dias de hoje, é cada vez mais frequente ouvirmos frases como: «A era do Agile passou» e «O Agile falhou», entre muitas outras expressões depreciativas. Apesar de muitas destas afirmações virem de profissionais admirados e reconhecidos no sector, será que o momento de abandonar o barco do Agile chegou mesmo?

Por Rodrigo Costa Menezes, Business Engagement manager da NTT DATA Portugal

 

 

Vamos decifrar este enigma olhando primeiro para o histórico e para as tendências que têm vindo a caracterizar esta metodologia e depois para o que o futuro nos reserva.

O mercado tem-nos mostrado que as actividades em Agile têm vindo a diminuir, elevando, assim, o risco de self fulfilling prophecy. O histórico também nos diz que, em regra, são precisos 10 anos de amadurecimento de uma prática, para que haja experiências suficientes, ou seja, uma massa crítica de falhas e sucessos que indiquem caminhos e boas práticas. Por isso, não podemos ignorar que novos paradigmas precisam de tempo para serem consolidados, principalmente quando envolvem mudanças estruturais em organizações.

Contudo, também é ingénuo considerar que a gestão de projectos predictiva/waterfall acabou porque surgiu a agilidade, pois nenhuma das duas abordagens deixará de ser adequada quando aparecer outro paradigma.

Neste momento, estamos no intervalo entre o crescimento e a estabilização, um fenómeno bem conhecido por quem trabalha com produto. Sejamos sinceros: há iniciativas em Agile que vão falhar ou alcançar números abaixo do que seria esperado para o investimento; outras há que, simplesmente, serão incapazes de entregar os resultados dentro do tempo devido, mas isto em nada as diferencia de quaisquer outros métodos de trabalho.

Então como podemos superar estes fracassos pontuais para construir um sucesso duradouro?

Em primeiro lugar, é essencial que o pragmatismo e o realismo se sobreponham ao romantismo e à idealização na aplicação desta metodologia. Em segundo lugar, as organizações devem ter objectivos específicos e criar as condições necessárias para os alcançar, pois estas vivem de resultados.

Para além disso, aquelas que realizaram investimentos para tal, precisam de potenciar os seus esforços de forma a maximizar o retorno. Utilizando um exemplo bastante prático: não adianta investir numa frota de aviões sem investir em combustível, pilotos, tripulação, logística e manutenção.

Em suma, como em qualquer método de trabalho, é preciso tomar acções para dar suporte ao Agile, facilitar a interacção das áreas de Agile com as restantes, ter roadmaps realistas e continuar a investir na manutenção. Só assim é possível criar as condições necessárias para esta metodologia brilhar, assegurar os resultados que promete e prolongar a sua era.

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