Qual o melhor modelo de trabalho? O que interessa são modelos de trabalho felizes!

Actualmente, são inúmeros os artigos, estudos e análises com que nos deparamos diariamente relativos a modelos de trabalho: modelos de trabalho em regime de teletrabalho, presencial ou híbrido. Mas chegou o tempo de “pára, escuta e olha”.

 

Por Ana Rita Nascimento, coordenadora da equipa de Laboral da Pinto Ribeiro Advogados

 

Os referidos artigos, estudos e análises procuram demonstrar vantagens e desvantagens de cada uma dessas realidades; procuram evidenciar qual a preferência por género, por idade, por sector, por região, por país. Ao mesmo tempo, surgem outros artigos, estudos e análises que procuram “adivinhar” como será no futuro, inclusivamente dizendo que o modelo actual, seja ele qual for, não vingará no futuro, por diversas razões.

E isto é um reflexo da sociedade que temos, sempre numa correria para qualquer coisa, às vezes sem saber bem o quê, e da ansiedade que todos nós, de uma forma ou de outra, vivemos.

Chegou o tempo de “pára, escuta e olha”. É tempo de parar, respirar fundo, reflectir e avançar com a serenidade que se impõe. Não interessa muito esmiuçar os diversos modelos, até porque, muito provavelmente, o melhor modelo para mim não é o melhor modelo para ti. Muito provavelmente também porque o melhor modelo não é aquele modelo standard que tem de assentar a todos que nem uma luva, já que isso é impossível.

Os modelos de trabalho são modelos de pessoas, e as pessoas não podem continuar a ser estereotipadas. Cada pessoa é uma pessoa, e deve ser respeitada e tratada como única. Então qual o melhor modelo? O melhor modelo, no presente ou no futuro, é o modelo em que na relação laboral, ambos – empregador e trabalhador – vivam felizes, serenos e em paz com a sua rotina diária.

Não interessa tanto debruçar sobre o que a lei permite (desde que a legalidade seja respeitada, naturalmente), se está bem feita, por exemplo no que respeita ao teletrabalho (no nosso entendimento, não está, foi feita a correr e rapidamente terá de ser alterada, e estas alterações sucessivas não são benéficas para ninguém), mas acima de tudo interessa pensar nas pessoas como pessoas, e encontrar o melhor modelo significará encontrar o modelo em que cada um é feliz, seja num regime presencial, num regime de teletrabalho, ou num regime híbrido.

Talvez também o legislador tenha de “parar, escutar e olhar”, com calma, para, a partir daí, conseguir produzir normas que, conciliando os interesses das partes envolvidas, enquanto as protege, sejam próximas das pessoas e não se dedique apenas a um mero debitar de normas sem sentido ou que ninguém sabe bem como aplicar, porque estão desfasadas da realidade e das pretensões das pessoas.

Assim, importa cada vez mais criar normas que salvaguardem a conciliação entre a vida familiar e a vida profissional, porque isso faz as pessoas felizes. Mas, mais do que isso, importar criar normas que sejam eficazes nesse propósito.

E se pensarmos que trabalhadores felizes são mais produtivos do que trabalhadores que trabalham por trabalhar, então arriscaria a dizer que são os trabalhadores felizes que alavancam a economia. E é nesses que se deve apostar.

 

Este artigo foi publicado na edição de Dezembro (nº. 144)  da Human Resources, nas bancas.

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