Quantas horas por dia faz “doomscrolling”? Além da saúde, está a prejudicar a sua carreira

Actualmente, uma das distrações mais subestimadas no ambiente de trabalho não é o messenger ou os gestores tóxicos, mas sim o “doomscrolling”. As pessoas que fazem scroll contínuo navegam e lêem conteúdo deprimente ou perturbador em redes sociais ou sites de notícias, geralmente nos telemóveis. Um novo estudo mostra que este hábito pode prejudicar a sua saúde mental e o seu sucesso profissional, revela a Forbes.

 

Um relatório da Payless Power mostra que o “doomscrolling” está a drenar silenciosamente energia, foco e moral, custando aos empregadores até 5.600 dólares por trabalhador anualmente em perda de produtividade. E não é tudo. Embora a maioria das pessoas pense nisto como um mau hábito nocturno, os dados mostram o contrário. Pode ter um efeito devastador na saúde mental dos colaboradores.

O estudo revela dados preocupantes:

  • Um em cada dois doomscrollers afirma ter mais dificuldade em concentrar-se em reuniões ou em manter o foco no trabalho.
  • Os norte-americanos desperdiçam cerca de 28,8 milhões de dólares em electricidade com o doomscrolling.
  • Os doomscrollers têm quatro vezes mais probabilidades de falhar um prazo, uma reunião ou uma oportunidade.
    13% tomaram uma decisão importante na vida após uma espiral de doomscrolling.
  • Apenas 49% dos doomscrollers referem satisfação com a sua saúde mental.
  • Enquanto 64% dos norte-americanos se descrevem como doomscrollers, 43% fazem isso diariamente e 26% fazem-no várias vezes ao dia. A Geração Z é a mais propensa a identificar-se como doomscroller (81%).

Existe também um fosso de confiança crescente, indicado por 88% dos norte-americanos que afirmam que as plataformas não estão a fazer o suficiente para limitar o conteúdo emocionalmente prejudicial.

Brandon Young, CEO da Payless Power, refere cinco consequências do “doomscrolling” para a saúde mental:

  1.  «O doomscrolling desencadeia respostas de stress que destroem o foco. O doomscrolling engana o cérebro, fazendo-o pensar que está em perigo. As hormonas do stress disparam. O foco diminui. Esta ansiedade sequestra a memória, a tomada de decisões e o controlo emocional, que são funções essenciais para se manter focado no trabalho.»
  2. «Drena a energia mental antes mesmo de o dia começar. É o encontro do stress do trabalho com o caos da internet. Percorrer más notícias durante o horário de trabalho funde o desespero digital com a pressão do trabalho. O resultado é a fadiga cognitiva antes mesmo de a primeira tarefa estar concluída.»
  3. «O doomscrolling corrói a confiança e alimenta a síndrome do impostor. O doomscrolling rouba tempo, mas também corrói a autoconfiança. Dá por si a fazer scroll no meio de uma tarefa? Esta vergonha interna acumula-se. Com o tempo, alimenta a procrastinação, a ansiedade e a dúvida sobre o desempenho.»
  4. «Distorce o tempo e prejudica a produtividade. A mecânica de scroll infinito quebra a noção de tempo. Quinze minutos desaparecem. Depois, 45. Os prazos arrastam-se. Perde reuniões. O trabalho acumula-se, e o stress também. O resultado é um desgaste constante da atenção e da saúde mental, especialmente para os profissionais da Geração Z.»
  5. «O doomscrolling entorpece a resposta emocional e enfraquece a cultura do ambiente de trabalho. A exposição constante a conteúdo perturbador enfraquece a empatia. No trabalho, isto pode manifestar-se como desinteresse, baixa coesão da equipa ou menor consciência das necessidades dos colegas.»

 

Dicas para atenuar o impacto negativo do doomscrolling

É importante estar a par das notícias para saber o que se passa no mundo. Mas isso não significa que deva deixar que o doomscrolling o leve para um poço de angústia. Nestes tempos de conflitos, trauma e incerteza, cuidar da sua saúde mental e bem-estar é mais essencial do que nunca. Aqui estão algumas dicas testadas e comprovadas para o autocuidado:

Compartimentalize
Limite a exposição às notícias. Estabeleça limites para o tempo que passa a ver cenas violentas repetidas ou análises contínuas nos media. A saturação pode exacerbar e aprofundar ainda mais o trauma.

Estabeleça regras sobre a exposição

De acordo com Ethan Kross, psicólogo da Universidade de Michigan, o bombardeamento constante de notícias na televisão e nas redes sociais com a mesma informação perturbadora pode gerar conversa fiada mental — debate colectivo ininterrupto, agravando a ansiedade.

Faça um esforço consciente para se concentrar no positivo

O seu cérebro está programado para se focar na violência, no caos e no terrorismo com propósitos de luta ou fuga, porque estes actos são ameaças à sobrevivência. Por isso, é importante fazer zoom out e olhar para o panorama geral. Isto nem sempre é fácil, mas é importante focarmo-nos no espírito, na coragem e na resiliência das pessoas  e na forma como a união pode inspirar-nos a todos a unirmo-nos como uma sociedade solidária.

Pratique actividades relaxantes

Relaxar na natureza ou praticar meditação ensina a mente a fazer o que não faz instintivamente: voltar ao presente em vez de se concentrar em preocupações, tragédias, traumas e violência. Uma caminhada ou corrida no bairro, combinada com cinco minutos de meditação, proporciona um impulso bioquímico. Acalmar a mente estimula a parte do cérebro que amortece as ondas de adrenalina e cortisol que acompanham o stress.

Pratique os princípios básicos de autocuidado

Certifique-se de que dorme, se alimenta e se exercita o suficiente. Desligue-se e faça pausas das redes sociais. O seu corpo e cérebro apreciarão a reposição equilibrada. A meditação permite-lhe fazer pausas suficientes para que a sua perspectiva possa regressar ao momento presente, a um refúgio calmo interior, onde pode responder ao que está a acontecer com mais inteligência e empatia.

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