Quase todos (94%) os trabalhadores dos Seguros querem desenvolver novas competências. Saiba que outros sectores se destacam

Um estudo elaborado pela Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a The Network, cujo representante em Portugal é o Alerta Emprego, revela que 36,4% dos trabalhadores em Portugal ficaram mais preocupados com a automação da sua função durante a pandemia.

 

O aumento desta preocupação é especialmente comum em funções de marketing e comunicação, indústria e transformação, administração e secretariado, e no serviço de apoio ao cliente. Já no topo das indústrias percepcionadas como tendo maior risco de automatização das funções estão os Seguros (59%), Legal (55%) e Retalho (48%).

A abertura e vontade de desenvolver skills mais relacionadas com o digital vai permitir que as pessoas tenham oportunidades de trabalho dentro das novas funções que surgem no âmbito da digitalização. Em Portugal, 80% dos trabalhadores mostra disponibilidade para formação e aquisição de novas competências acima dos 68% a nível mundial.

Algumas das indústrias mais impactadas pela COVID-19 e pela automação são também aquelas cujos colaboradores mostram maior vontade de desenvolver novas competências, com a indústria dos Seguros a liderar (94%), seguida dos sectores da Energia (90%), Instituições Financeiras (86%), e Telecomunicações e Turismo e Viagens (83%).

De acordo com o estudo, os trabalhadores em cargos de gestão (91%), IT e tecnologia (89%), sector dos serviços (88%), administração e secretariado (86%) são os que mais mostram predisposição para formação.

A formação no trabalho é o recurso mais utilizado para desenvolver novas competências (64%), seguindo-se a autoaprendizagem, com 54% (crescimento de 3 p.p. face a 2018), e a formação online em instituições de educação, que está a ganhar cada vez mais relevância, subindo 21 p.p. para 49%.

O estudo mostra ainda que 43% dos trabalhadores portugueses esteve em lay-off ou viu o horário de trabalho reduzido com a pandemia, sendo que Portugal foi um dos poucos países a nível global que mostrou que as consequências económicas têm sido piores para os trabalhadores com mais de 51 anos, alinhando-se, contudo, no que toca ao impacto em pessoas menos instruídas.

O mesmo estudo revela também uma mudança significativa na escolha do modelo de trabalho. Antes da pandemia, 81% dos inquiridos trabalhavam a 100% no escritório e apenas 2% em modo completamente remoto, cenário que se vê alterado com a adopção forçada de modelos alternativos: apenas 11% dos inquiridos quer voltar ao escritório a tempo inteiro, 28% gostaria de trabalhar em modo totalmente remoto, e os restantes 61% preferem um modelo híbrido.

As mulheres são quem mais pretende manter o regime de full-remote (31% face aos 24% dos homens). É ainda possível observar que 70% dos inquiridos portugueses gostaria de ter um horário total ou parcialmente flexível, valor ligeiramente acima da média global (64%), com homens e mulheres a registarem valores semelhantes.

Cargos relacionados com a digitalização e automação, marketing e comunicação, artes e trabalho criativo, consultoria e apoio ao cliente mostram maior vontade de estar em modo 100% remoto e estão também entre os que mais desejam um horário de trabalho total ou parcialmente flexível.

Por fim, em relação aos factores que os colaboradores mais valorizam na sua profissão, os portugueses alinham-se com as preferências globais e mudam as suas prioridades em relação a 2018. Para os trabalhadores portugueses, a boa relação com os colegas de equipa, a valorização do seu trabalho e um bom balanço entre a vida pessoal e a vida de trabalho são as características mais valorizadas.

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