Que mercado do trabalho vamos ter em 2021? A Hays responde

A Hays apresentou o Guia do Mercado Laboral no qual revelou, de acordo com a perspectiva dos empregadores,  o que foi o ano de 2020 e quais as expectativas para 2021.

Por Sandra M. Pinto

 

Num evento que decorreu de forma digital devido à pandemia covid-19, a Hays Portugal apresentou os resultados Guia do Mercado Laboral para 2021, o qual complementou com a revelação dos resultados alcançados com o estudo “O mercado de trabalho na era do Covid-19”.

Carlos Maia, Regional Director na Hays Portugal, começou por referir que a palavra mais escolhida de forma espontânea pelos 612 empregadores inquiridos no Guia do Mercado laboral , para descrever a sua experiência em 2020, foi desafiante. «Esta palavra não surge por acaso», refere Carlos Maia, «pois, de facto, 2020 foi um ano muito exigente para as empresas a vários níveis, fosse nos Recursos Humanos, nas infraestruturas, e, claro, ao nível do teletrabalho».

Houve um impacto grande naquilo que foram os resultados, sendo que 52% das empresas referem que os resultados financeiros estiveram aquém do esperado. Somente 12% conseguiram resultados acima das expectativas, e quando questionadas qual a expectativa para 2021 referem que o cenário se mantém igualmente turvo, sendo que 51% das empresas prevê que o cenário económico piore face  2020. Contudo existem 25% das empresas com expectativas mais optimistas de que o cenário possa a ser melhor em termos de resultados.

«Ao nível dos  Recursos Humanos tentámos perceber o que aconteceu e qual o impacto que a pandemia teve nas empresas durante o ano de 2020», refere Carlos Maia. Olhando para os resultados verifica-se que 50% das empresas  referem que as contratações estiveram em linha com o previsto, contudo, cerca de um terço referem que as contratações estiveram aquém  do expectável e 19% acima do previsto. «Isto resultou num cenário face a 2019 de diminuição do número de contratações», revela Carlos Mais, com 77% das empresas a contratar. Relativamente aos despedimentos «assistimos, curiosamente a um ligeiro recuo», afirma o Regional Director na Hays Portugal, «com 40% das empresas a despedir colaboradores».

Analisando os aumentos salariais, assistiu-se a uma grande redução, «passou-se de 54% para somente 45% das empresas a darem aumentos salariais durante todo o ano de 2020». No que diz respeito ao congelamento salarial houve também um aumento, de 18%, «obviamente relacionado com a performance económica das empresas e o mesmo em termos de promoções, com uma redução quase para metade,  de 52 para 29% das empresas a efectuarem promoções em 2020».  Em termos de benefícios houve também uma diminuição.

«Relativamente aos motivos de despedimento os principais motivos associados são também facilmente compreensíveis», afirma Carlos Maia,  em primeiro lugar surge a quebra do volume de negócio perante o contexto de pandemia (40%), seguido da restruturação que as empresa tiveram que efectuar para fazer face a este cenário de crise (38%) e em terceiro lugar surge a performance dos colaboradores que não esteve em linha com aquilo que era expectável (37%). Outros motivos foram a redução de headcount (23%), e o fim de projectos de caráter temporário (22%).

 

O mercado de recrutamento e suas tendências 

«Desde 2011 que tentamos perceber como está o equilíbrio do mercado perante a oferta e a procura», refere Carlos Maia, «quantas empresas pretendem recrutar e a percentagem de profissionais que pretendem mudar de emprego». O responsável revela que há 5 anos que «não tínhamos um cenário de ter mais profissionais à procura de novas oportunidades do que empresas a recrutar. Seria preciso recuar a 2016 data em que tivemos um valor muito semelhante». Assim, analisando os dados verificamos que nos últimos 5 anos, houve uma maior procura por parte das empresa do que por parte dos profissionais, sendo que neste momento o cenário inverteu-se, com 79% dos profissionais a procurarem novos projectos e 75% das empresas a procurarem contratar.

Em termos das principais tendências de recrutamento durante 2021, em primeiro lugar as empresas vão estar à procura de perfis comerciais (27%), seguidos de profissionais de tecnologias da informação (26%), engenheiros (25%), profissionais de marketing e comunicação (14%), administrativos e suporte (12%) e logística/supply (12%).

Entre os empregadores que pretendem recrutar engenheiros (tirando os engenheiros informáticos), e dado a grande variedade de especialidades dentro da área, os tipos de engenharia mais procurados em 2021 são engenharia mecânica (44%), engenharia e gestão industrial (38%), engenharia eletrónica (34%), engenharia civil (24%) e engenharia industrial e de qualidade (18%).

Ao nível de tendências regionais, se olharmos para a região Norte, verificamos que está alinhada com o resultado nacional sendo que assistimos a um aumento de profissionais a procurar novos projectos, cerca de 80% versus 74% de empresas que pretendem contratar. As intenções de recrutamento assentam na procura por engenheiros (53%), comerciais (26%), logística/ Supply Chain (21%), marketing e comunicação (16%), tecnologias da informação (13%) e administrativos/suporte (11%).

A região Centro é aquela onde os números parecem mais equilibrados, com 83% dos profissionais a pretenderem mudar de emprego versus 80% das empresas que pretendem contratar. No top de recrutamento nesta região surgem os engenheiros (53%), os comerciais (26%), logística/supply chain (21%), marketing e comunicação (16%), tecnologias da informação (13%) e administrativos/suporte (11%).

Se olharmos para a região Sul verificamos que o equilíbrio mantém-se, com 78% dos profissionais a quererem mudar de emprego versus 74% das empresas que demonstram a intenção de contratar. nesta região as inteções de contratar repartem-se pela tecnologias da informação (30%), comerciais (27%), engenheiros (18%), marketing e comunicação (14%), financeiros (12%) e administrativos/suporte (11%).

 

O mercado de trabalho na era do Covid-19

«Em 2020 além do estudo que serviu de suporte ao Guia do Mercado Laboral para 2021, levámos a efeito um estudo sobre o mercado de trabalho na perspectiva dos empregadores em tempos de covid-19, “O mercado de trabalho na era do Covid-19”», refere o Regional Director na Hays Portugal. Relativamente à retoma de actividade  «temos mais de metade das empresas a prever uma retoma de actividade a demorar mais de seis meses, 29% aponta para uma retoma entre sete meses a um ano e 25% a mais de um ano». De notar que 19% das empresas não verificaram qualquer alteração no ritmo e na dinâmica de negócio durante 2020, «e que se mantiveram particularmente resilientes», assinala Calos Maia.

Neste mesmo estudo a Hays percebeu que o recrutamento remoto é uma tendência que veio para ficar. «Tivemos 90% das empresas a entrevistar candidatos através de videochamada e 69% a contratar candidatos que conheceu através de videochamada», refere Carlos Maia, «as empresas tiveram de se adaptar rapidamente a um confinamento e fizeram-no de uma forma positiva e direta».

No que diz respeito aos resultados com o trabalho remoto, ao nível da produtividade dos colaboradores, 8% diz que piorou, 69% afirma que se manteve e 23% que melhorou. Já no que diz respeito à comunicação entre colaboradores 30% refere que essa piorou, 45% que se manteve e 25% declara ter sentido melhorias. Relativamente à motivação dos colaboradores, 23% das empresas afirmam que piorou, 51% que se manteve e 27% afirmam ter assistido a uma maior motivação por parte dos seus colaboradores. Ao olharmos para o work-life balance dos colaboradores verifica-se que 19% das empresas referem que o mesmo piorou, enquanto 25% afirmam que se manteve e 56% que melhorou.

No estudo “O mercado de trabalho na era do Covid-19”, a Hays também tentou perceber qual é a tendência em termos de teletrabalho, e chegou à conclusão que 55% das empresas não têm politicas de trabalho remoto definidas e que o vão implementar de acordo com as necessidades. «Mas verificamos que 5% das empresas  vão implementar o trabalho remoto um dia por semana, enquanto 9% o vão fazer dois dias, 7% três dias, 2% quatro dias e 12% cinco dias por semana», refere Carlos Maia, reforçando que «ainda temos um longo caminho a percorrer na adopção de politicas de teletrabalho».

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