Randstad: «Há muito que nos preparávamos para uma mudança»

Essencial para o sector da consultoria em Recursos Humanos, a Transformação Digital segue o seu caminho a grande velocidade.

Na Randstad, a Transformação Digital é um tema fundamental há já alguns anos, mas com a aceleração que a pandemia lhe impôs, é preciso saber agora onde estamos e para onde queremos ir. Bernardo Bello, Lead Product manager, explica à Human Resources o que já mudou na Randstad e como o futuro está a ser preparado.

A Transformação Digital é um tema amplamente falado nos últimos anos. Qual é neste momento o ponto de situação na sequência da aceleração provocada pela pandemia de COVID-19?
Estamos satisfeitos com aquilo que atingimos mas com o desejo de fazer mais. Como a transformação é encarada como algo natural, fruto da nossa estratégia “tech&touch”, há muito que nos preparávamos para uma mudança, que apesar de mais acentuada do que previsto, não provocou qualquer interrupção na nossa missão de servir os nossos clientes e candidatos. Naturalmente, vamos continuar a explorá-la para sermos cada vez mais eficientes nos nossos processos, mas o que procuramos sobretudo é ser capazes de arranjar soluções para os desafios dos nossos talentos e cliente por qualquer canal, seja offline ou online.

 

Quais as implicações que teve a aceleração da Transformação Digital nos perfis que são hoje procurados pelas empresas com quem trabalham?
Embora o tipo de perfis seja relativamente o mesmo, revelando-se uma massificação da procura destas pessoas por várias empresas, os empregos relacionados com a informática e tecnologia é hoje o tipo de perfil mais procurado, chegando mesmo a ultrapassar os perfis ligados às vendas e à indústria.

 

Quais os desafios e oportunidades que se afiguram num cenário em que a Transformação Digital tinha um calendário, mas teve de ser acelerada?
Sem dúvida que dois temas na ordem da mesa são o reskilling e as novas formas de trabalhar. A necessidade de tanto o empregador investir mais em formação como o próprio colaborador desenvolver as suas competências de forma pró-activa revela-se tanto um desafio como uma oportunidade. Também novos modelos de trabalho irão surgir, seja através da combinação entre o trabalho no escritório e em casa, com uma mistura cada vez mais acentuada entre a vida pessoal e profissional que provoca uma ausência de horário de trabalho pré-estabelecido, como através da criação de novos empregos e valor directamente ligados à economia digital.

 

Se antes já existiam resistências, nomeadamente humanas, a alguns aspectos como a automação de processos, entre outros, qual a reacção das pessoas agora que o digital se tornou ainda mais fundamental?
Existem pessoas que são realmente mais aversas à mudança que outras, por várias razões, mas no fundo acreditamos que as pessoas apresentam resistências porque não vêm, não lhes é explicado o valor de mudança ou não são acompanhadas nesse processo de transformação. Verificamos que a reacção é sempre positiva quando as pessoas entendem que o seu trabalho acabou de ganhar mais valor e têm agora tempo para tarefas que são mais significativas para a empresa onde trabalham.

 

No entanto, não se pode dizer que o processo de Transformação Digital esteja concluído. Quais são as grandes prioridades neste momento?
De forma a conseguirmos influenciar a vida de 500 milhões de pessoas em todo o mundo, temos que conseguir criar e sustentar relações a que os nossos colaboradores dêem valor. Assim, a nossa aposta está em tornarmo-nos uma empresa cada vez mais humana, que consegue estar presente nos momentos-chave da carreira das pessoas, tanto online como offline, de forma a corresponder às expectativas e confiança que nos depositam na gestão das suas carreiras.

 

Para o sector da consultoria em recursos humanos, quais os riscos de ficar para trás no que diz respeito à Transformação Digital?
Caso ficasse para trás, o sector deixaria de ser visto como inovador e capaz de se adaptar aos desafios. Isso levar-nos-ia a perder a posição de parceria e confiança no recrutamento e gestão dos candidatos e colaboradores; e resultaria, em última instância, na extinção deste tipo de serviço de consultoria.

 

Quais os resultados já visíveis da aposta na Transformação Digital da Randstad?
Os nossos clientes obtêm hoje insights dificilmente obtidos no mercado, que os ajuda a entender como as suas necessidades de recursos humanos poderão ser satisfeitas e acompanhadas por um verdadeiro parceiro de negócio que os ajuda a diferenciarem-se da concorrência. Temos também cada vez mais atenção à experiência dos nossos candidatos, desde a forma como prestamos feedback, os acompanhamos no desenvolvimento da sua carreira e na recomendação de trabalhos que fazem fit com o seu perfil.

 

Quais os próximos passos da Randstad em termos de Transformação Digital na área dos Recursos Humanos? Continuaremos a nossa transformação digital com o objectivo de tirar partido das capacidades humanas dos nossos consultores, ou seja, automatizando as tarefas administrativas e de menor valor acrescentado e libertando-os para o que melhor sabem fazer: ajudar os nossos candidatos na gestão das suas carreiras e os nossos clientes a encontrar o melhor talento.

 

Qual a dimensão que prevê que todas estas mudanças venham a ter no trabalho quando a pandemia deixar de ser um problema?
O impacto social e económico da pandemia é, sem dúvida, uma das maiores incertezas mundiais, mas não temos dúvidas que temas como a protecção social e necessidade de criarmos um mercado de trabalho cada vez mais inclusivo e a forma como hoje trabalhamos, geramos emprego e criamos novos modelos de negócio, vão estar na ordem do dia.

 

Esta entrevista faz parte do Especial “Transformação Digital” na edição de Agosto (n.º 128) da Human Resources nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

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