Recrutar: Qual a fórmula mágica?

Não existem fórmulas mágicas, mas sim apostas estratégicas, e a formação é o milagre para captar e desenvolver talento indoor. Ainda para mais, numa altura em que vivemos momentos tão atípicos como este, é fundamental conseguirmos reter as nossas pessoas.

Por Inês Viana Pinto, HR Business Partner da Glintt

 

Para tal, é essencial que sejam criados novos caminhos, porque o que era antes uma certeza, agora já não o é. Todo o processo de recrutamento necessita de ser reinventado e ajustado para as novas realidades, assim como a questão da formação. Que embora, continue a ser o elemento crucial, tem de ser repensada e adaptada face às necessidades atuais.

Simultaneamente, Portugal tem vindo a produzir cada vez mais jovens talentos de qualidade, que facilmente partem para desafios fora do país, caso sintam que isso os ajudará a crescer profissionalmente. É verdade que com a situação actual que vivemos, esta facilidade poderá já não ser assim tão linear, mas estes não deixarão de ter esta ambição. E, é por este motivo, que acreditamos que todas as empresas devem, sem dúvida, reunir e apresentar, a esta nova geração de millennials, vantagens significativas para que não tenham incertezas que é na nossa empresa que devem apostar. Isto obriga a que cada uma tenha de encontrar formas disruptivas para se diferenciar, sobretudo no que à sua oferta formativa e aos seus programas diz respeito.

Neste sentido, a formação surge aqui com um papel predominante e com ela é possível responder às reais necessidades que cada organização identifica ao nível de recursos humanos. Mas, face à actual conjuntura é necessário, numa primeira fase, reinventá-la e adaptá-la para o que são agora as novas exigências do mercado e da própria sociedade.

A formação, que agora terá de ser, maioritariamente, online poderá assim assumir várias formas, sendo que, uma delas e, igualmente importante, é a aposta em iniciativas que visam a conversão de jovens de outras áreas de formação para as áreas de TI (Tecnologias de Informação). De facto, o mercado é exigente, mas, com esta aposta nos recursos jovens, é possível fazer as empresas crescerem e dar-lhes outro valor, caracterizado pela inovação e irreverência destes jovens talentos.

Com esta reconversão é possível acumular diferente know-how, obter ideias desiguais e inovadoras, que irão proporcionar uma maior troca de experiências entre as distintas gerações. Desta forma, o encontro intergeracional, através da integração de jovens talentos, apoiados por profissionais seniores é fundamental para as organizações evoluírem e inovarem, dado que, apenas através deste “sangue novo”, é que conseguimos chegar a ideias criativas e irreverentes, uma vez que estamos a falar de profissionais que ainda não têm medo de errar nem de apostar em novas ideias. É assim importante que as empresas não desvalorizem estes novos talentos, pois será daqui que irá nascer a inovação e conseguirão encontrar o seu fator diferenciador.

Por outro lado, um facto incontestável, é que os jovens, no geral, apresentam capacidades de gestão e de liderança acima da média. De acordo com um estudo recente da Harvard Business Review, a partir dos 35 anos os primeiros millennials começam a assumir cargos de liderança e estão a mudar o ecossistema das empresas, representando já 32% da força de trabalho nacional – 50% a nível global.

Perante este contexto, é também essencial que as organizações procurem proporcionar experiências a esta geração e desenvolvam diversas acções de aproximação, com o objectivo de lhes abrir a porta para o mercado de trabalho. É aqui que iniciativas internas ganham maior palco, mas que terão de ser reinventadas. Falamos de Open Days, que terão de alguma forma ser digitalizados, e projectos como as Academias, que hoje em dia já fazem parte da maioria das empresas, bem como acções externas como parcerias com associações e faculdades.

Por exemplo, na área de consultoria em Farmácia tentamos aproximar os alunos do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas à realidade laboral de um farmacêutico, através da instalação de uma farmácia modelo, equipada com soluções tecnológicas e softwares de gestão. Quero com isto dizer que se as empresas começarem a proporcionar às universidades ambientes mais próximos ao que os seus alunos encontrarão no seu dia-a-dia, quando começarem a exercer a sua profissão, estarão a contribuir para a sua melhor formação. Ou seja, é essencial que as organizações se juntem às universidades na definição da formação dos seus alunos para que, no futuro, estes possam ser profissionais de excelência.

Este tipo de iniciativas são assim uma ferramenta fundamental para os jovens se diferenciarem dos seus pares, pois permitem-lhes adquirir know how prático na sua área de formação e, cada vez mais, são as empresas que procuram alunos que se destacam de alguma forma pelas suas experiências.

Como tal, o jovem que entrar no ensino superior terá de se preparar para um mercado de trabalho altamente competitivo. Isto não é algo necessariamente mau, pois muitas vezes da competitividade surge também a superação das nossas capacidades individuais. No entanto, é muito importante que aproveitem ao máximo esta fase de formação para explorarem e se envolverem em diferentes projetos, de áreas distintas.  Absorver o máximo possível, em experiências de voluntariado, viagens e trabalhos com equipas multidisciplinares. São estas experiências que o vão diferenciar do colega ao seu lado e que as empresas estão a valorizar.

Ainda para mais numa altura em que se começa a espectar que a procura por talentos poderá diminuir, é essencial que estes jovens se preparem e se apresentem como o elemento-chave, diferenciador e necessário para as empresas.

 

 

 

 

 

 

 

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