Recursos Humanos: Um comboio que avança em alta velocidade

Hoje, fruto dos avanços constantes no mercado de trabalho, um profissional de Recursos Humanos enfrenta mais desafios do que nunca. A gestão deste sector tornou-se factor decisivo no crescimento de uma organização. Se outrora uma área profissional via como chave o lucro, nos dias de hoje, vê nas pessoas a fórmula para chegar ao sucesso.

Por Elsa Bizarro, directora de Recursos Humanos da Premium Green Mail

 

 

Aliado a esta mudança de paradigma, a profissão de Recursos Humanos passou a envolver uma série de acções que vão do recrutamento à legislação ou da protecção das empresas aos benefícios dos colaboradores, com o intuito final de influenciar o crescimento e o sucesso de uma determinada organização.

Ao falarmos de Recursos Humanos é impossível descartarmos a palavra competição. Isto porque, no fim do dia, para pequenas e médias empresas torna-se difícil competir com as gigantes de cada sector, no momento de contratação. Porém, o desafio vai além do recrutamento: é fundamental estimular os colaboradores para os manter conectados com um projecto, levando, consequentemente, à construção de uma reputação positiva da empresa.

Visto que uma grande parte deste processo está associado ao word to mouth, torna-se notória a necessidade das empresas manterem os seus colaboradores, não só felizes, como motivados a continuar num certo ambiente de trabalho.

Num mundo em que, dia após dia, as grandes empresas trespassam os limites, não permitindo às pequenas e médias subir na hierarquia, revela-se difícil competir. Este é um cenário extremamente desafiador para as mesmas e, sabendo das dificuldades que poderão ter em competir no que aos ordenados diz respeito, devem ser criativas na adopção de novas soluções. Falo, por exemplo, de programas de recompensa e reconhecimento, políticas de saúde mental ou horários flexíveis.

Também do lado de quem está a ser recrutado, as tendências acompanham a mudança. É certo que a questão monetária continua a ser uma das grandes motivações e um factor decisivo para uma pessoa aceitar ou não a proposta de uma organização. Contudo, a antiga narrativa de que a empresa impõe ao recrutado as condições e o mesmo vê-se obrigado a aceitar já deixou de ser viável.

Assistimos a uma mudança de comportamento por parte de quem está do outro lado, onde este não se subjuga a quaisquer condições, tendo sempre uma palavra a dizer. Em algumas situações, diria mesmo que o recrutado é quem define os termos em prol de quem está a recrutar. Fruto do nível de educação, a nova geração é a mais qualificada, tendo por isso, as suas próprias condições e dificilmente aceitam menos do que isso.

A Geração Z tem visões, intenções e padrões de consumo completamente distintos das demais gerações e o desafio está na capacidade de adaptação das empresas em englobaram estas condições no seu seio, criando uma relação mutuamente benéfica. A nova geração revela também um grau elevado de preocupação com questões associadas à responsabilidade social, em temas como a igualdade de oportunidades ou a sustentabilidade e, por isso, é crucial que as empresas incorporem nas suas práticas diárias acções que visem este carácter, se querem atrair pessoas.

As sociedades contemporâneas assumem uma dinâmica, uma interacção e, acima de tudo, uma rapidez única. As empresas devem seguir esta evolução para não perderem um comboio que, se antes definiam o seu rumo e quantas vezes o mesmo passava, hoje, não só têm de se adaptar às rotas definidas pela sociedade, como passaram de condutor a passageiro.

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