Redefinir o trabalho – o boom dos escritórios flexíveis

Assistimos em Portugal a um aumento exponencial dos flex offices – tipicamente associados ao conceito de co-work que agora perde terreno – contribuindo para o desenvolvimento de um pólo dinâmico para profissionais e empresas nacionais e estrangeiras em busca de flexibilidade e inovação.

Por Margarida Moraes Reis, Consultant Offices, CBRE Portugal

A crescente popularidade dos flex offices em Portugal deve-se não só à alteração do paradigma do mundo corporativo, como também a uma adaptação do país às exigências de um mercado globalizado e em constante evolução. Analisando o número de postos de trabalho colocados em 2023 entre Lisboa e Porto (6000) ou ainda a grande aposta que a marca nacional LACS fez na cidade do Porto abrindo um centro com quase 8.000m2 , podemos afimar: os flex vieram para ficar.

A versatilidade, a promoção da colaboração e do sentimento de comunidade, a experiência oferecida, a eficiência e a adaptação às mudanças impulsionadas pela pandemia têm sido alguns dos gatilhos deste boom.

O fenómeno é crescente e consistente, respondendo as necessidades de ajuste do espaço à especificidade da marca e negócio, partilha de serviços, sustentabilidade e eficiência. Podemos dizer que a flexibilidade e personalização caracterizam, de forma cada vez mais vincada, o mercado de trabalho contemporâneo.

O sucesso inequívoco deste modelo reflecte a tendência global de transformação e modernização do modelo económico e social; não apenas no ambiente de trabalho, mas também na progressiva necessidade das empresas em vingar e expandir o seu negócio no actual contexto de incerteza com um nível de flexibilidade que lhes permita responder o melhor possível à conjuntura volátil.

Numa era em que o trabalho remoto ou híbrido tem conquistado espaço, as empresas têm sido obrigadas a adaptar os seus escritórios a novas realidades. Com as alterações trazidas pelos flex offices, muitas delas optaram por reduzir área, com diversas vantagens para todos. Ao contrário do que acontecia até há 10 anos, em que ter 200 colaboradores era sinónimo de ter de acomodar fisicamente todos eles – o que se tornava num grande desafio.

A ocupação dos espaços neste novo modelo torna-se assim uma interessante opção de negócio, já que permite às empresas que optam por este sistema beneficiar de inúmeras vantagens:

  • Ter uma solução “chave na mão” com diversos serviços incluídos, permitindo assim uma terciarização dos típicos serviços existentes num escritório (manutenção, limpeza, etc).
  • Ter o core business no foco dos gestores, evitando as preocupações típicas da posse ou arrendamento de imóveis.
  • Aumentar a eficiência no que toca à área utilizada, cujas zonas comuns e colaborativas (tais como copas, salas de reunião, auditórios ou outras) são partilhadas.
  • Mais flexibilidade contratual – uma empresa que não tenha total visibilidade sobre a sua estratégia de crescimento não sabe ao certo se irá ter necessidade de mais área no prazo de um, três ou cinco anos – e a presença nos flex offices permite escalar consoante as necessidades de uma forma mais simples e sustentável.
  • Encontrar um ambiente que estimula a cooperação, networking e comunidade. Com uma diversidade de profissionais que partilham as mesmas zonas comuns e colaborativas em cada centro, as oportunidades de interacção e troca de ideias são infinitas, criando um ecossistema particularmente benéfico para empresas mais pequenas.

As oportunidades são inúmeras e o futuro dos flex offices aparenta ser promissor e bastante positivo, sendo dos segmentos que mais tem contribuído para uma transformação profunda e sustentável na forma como a sociedade trabalha e como concebe os espaços onde o faz.

À medida que as empresas continuam a procurar soluções flexíveis e eficientes, a procura por estes espaços irá manter-se numa rota de crescimento.

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