Redução da população em idade activa vai acentuar-se em Portugal. A CIP deixa o alerta e recomendações
No Programa de Estabilidade apresentado pelo Governo, as projecções demográficas apontam para uma diminuição da população residente em Portugal em 17,5% entre 2019 e 2070, com maior incidência a partir de 2030. A redução da população será mais acentuada na população com idade activa, enquanto a população acima dos 64 anos deverá aumentar 23,7% no mesmo período. Neste sentido, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) defende que nas próximas décadas terá que haver um maior investimento em Saúde com a população mais idosa.
O Conselho Estratégico Nacional da Saúde da CIP referiu em comunicado que «o aumento da esperança de vida é um ganho extraordinário, mas cada país deve encontrar forma de responder às questões que o envelhecimento populacional levanta. O Programa de Estabilidade reforça a conclusão de que envelhecimento terá um especial impacto em termos da despesa com saúde e cuidados de longa duração [que] deverá aumentar entre 2019 e 2070 (1,6 p.p. e 0,8 p.p. do Produto Interno Bruto (PIB), respetivamente), atingindo o máximo na década de 60 (em 2062 e 2068, respetivamente).»
O Conselho Estratégico Nacional de Saúde explicou também que «se não quisermos fazer um exercício a várias décadas, repare-se que mesmo para 2030 (ou, seja, daqui a menos de nove anos), a despesa anual com saúde deverá estar 1.200 milhões de euros (0,6% do PIB) acima do registado actualmente e a despesa com cuidados de longa duração exigirá um esforço anual acrescido de 200 milhões de euros (0,1% do PIB)».
Para o Conselho, «estas projecções demográficas provam que Portugal deve implementar quanto antes um programa de reforma e de reforço da Saúde, que não só resolva os problemas crónicos de subfinanciamento, mas, e sobretudo, que aponte caminhos para um sistema de saúde sustentável e resiliente.»
O Conselho Estratégico Nacional de Saúde da CIP alertou ainda a propósito do Plano de Recuperação e de Resiliência que:
- A Saúde deve ser uma prioridade nacional
- A transição digital deve permitir ao sistema de saúde português evoluir para um novo patamar na prestação de cuidados de saúde aos cidadãos e para uma mais eficiente gestão das instituições do sistema
- Os desafios do sistema de Saúde exigem que todas as partes do sistema sejam envolvidas em estreita articulação e complementaridade.
«A transição demográfica está em marcha e é imparável. Os cidadãos vão precisar e vão exigir mais Saúde. Este é o tempo em que Portugal tem oportunidade e condições para consolidar um sistema de saúde com mais acesso e com mais eficiência, mais digital e mais articulado», concluiu o Conselho Estratégico Nacional de Saúde da CIP.