Retenção de Talento: O que está a falhar?

Se atrair talento é cada vez mais um desafio para as empresas, há outro que assume ainda maior relevância: o da retenção. E quando – achamos – já temos todas as boas práticas e ainda assim se mantém o desejo de mudança dos colaboradores?

 

Por Sandra M. Pinto | Fotos: Sérgio Miguel

 

Em mais um pequeno-almoço debate organizado pela Human Resources Portugal, o tema em destaque foi o da retenção de talento, unanimemente considerado como um dos mais importantes desafios que as organizações enfrentam hoje. Mais concretamente, propusemos para reflexão a resposta à pergunta “o que está a falhar?”. Isto porque estudos recentes indicam que nunca como actualmente os profissionais estão tão insatisfeitos, registando um aumento da vontade de mudar de emprego. O que será que o justifica? Por outro lado, parece haver uma discrepância entre o que as empresas julgam que os colaboradores valorizam e o que de facto eles valorizam.

Durante hora e meia, responsáveis oriundos dos mais diversos sectores, ligados à área de Recursos Humanos mas não só, partilharam opiniões e perspectivas sobre o tema, que está na agenda de todos. Nuno Ferreira Morgado, sócio e coordenador da área Laboral da PLMJ; Pedro Ribeiro, director de Recursos Humanos do Super Bock Group; Vanda Jesus, directora de Marketing e Comunicação da Microsoft; João Zúquete da Silva, chief Corporate officer da Altice; Nuno España, responsável de Marketing & Customer Management da Lusíadas Saúde; Ana Bernardes, directora de Recursos Humanos da Accenture; Fernando Neves de Almeida, country managing partner da Boyden Portugal; Marlene Fernandes, directora de Vendas e Operações, da área de Outsourcing da Randstad Portugal; e Joana Coelho, Human Resources Lead nas áreas de Health & Wellness, da Sonae MC, foram os especialistas convidados para o debate que se realizou no hotel Vila Galé Opera, em Lisboa, no passado mês de Fevereiro.

Que está no topo das preocupações, e não só dos gestores de Pessoas, é inquestionável. A 29.ª edição do Barómetro Human Resources reiterou isso mesmo: a atracção e retenção de talento foi idendade que se destaca é “one size to one person”», defendeu-se. «O recrutamento tem de ser altamente personalizado, e temos de assegurar uma employee journey única, pois cada pessoa sente e tem uma experiência diferente dentro daquilo que é a realidade da empresa e as políticas implementadas.»

Todos concordam que o talento é um tema importante e premente dentro das suas organizações, sendo que em algumas foram implementados laboratórios com a finalidade de testar o engagement dos colaboradores, de presas com a retenção das suas pessoas acaba por ser maior do que com o recrutamento, precisamente pela elevada taxa de rotatividade. Mas há uma preocupação maior das empresas com este tema: qual o motivo, ou motivos, pelos quais as pessoas querem sair. Uma das justificações será «porque podem, visto que vivemos num mercado de pleno emprego em algumas áreas, como a Tecnológica». Isso também faz com que os salários sejam diferentes. Foi opinião generalizada de que há hoje por parte das novas gerações uma busca constante por um status quo que antigamente não existia «ou, a existir, era encarado de outra forma».

«Por outro lado, as gerações mais novas não viveram uma época de escassez, estão focados no que querem fazer. Centram-se numa determinada função na qual pretendem ser muito bons, sendo para isso que trabalham, não demonstrando interesse em desenvolver outras tarefas ou competências. E se a empresa esperar deles uma determinada competência que não possuem, nem têm interesse em desenvolver, vão desinteressar-se. Hoje, os novos profissionais não extravasam as suas funções, não há um complemento de funções. Por exemplo se é consultor, jamais irá aceitar vender como uma parte integrante das suas tarefas. Enquanto as gerações anteriores aceitavam fazer mais do que o seu descritivo de funções, estas novas gerações não. Muitas vezes, esses colaboradores saem de grandes organizações para avançarem com as suas próprias empresas», partilha-se.

Isto pode trazer desafios adicionais para as empresas pois, actualmente, exige-se aos profissionais «várias competências que antigamente não eram relevantes, com óbvio destaque para as soft skills. Os nossos profissionais são educados nas universidades para terem fortes competências técnicas, mas ficam a faltar na sua preparação competências para uma realidade mais complexa», faz-se notar.

 

Leia a reportagem na íntegra, na edição de Março da Human Resources, nas bancas.

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