Rock in Rio Innovation Week: Incentivar a inovação humana

Em 2020 acontece a 3.ª edição do Rock in Rio Innovation Week. Perante a situação actual, a organização do Rock in Rio Innovation Week pretende contribuir com o convite à reflexão e, principalmente, com o incentivo à acção.

 

Por Sandra M. Pinto

 

Classificada como uma experiência de aprendizagem que trabalha vários aspectos que incentivam a inovação humana, a edição 2020 do Rock in Rio Innovation Week vai, ao longo de quatro dias, levar os participantes numa viagem onde vão percorrer três dimensões: inspiração, experimentação e conexão. O objectivo principal é, ao longo dessa jornada, ficar a conhecer, trocar ideias e exercitar competências que reforcem o papel da pessoa enquanto agente de transformação.

Agatha Arêas, vice-presidente de Learning Experience do Rock in Rio, relembra que «o evento nasceu da vontade do Rock in Rio dar – ainda mais – espaço às novas ideias, a diferentes visões de mundo, promovendo a partilha, auscultando e dialogando numa camada mais profunda». A primeira edição do Rock in Rio Innovation Week aconteceu em 2018 e, tendo sido «atingidos todos os objectivos propostos», a organização percebeu que poderia «aprofundar ainda mais a conversa», percepção essa que levou a que, a partir da segunda edição, em 2019, o evento tomasse um rumo diferente.

«Quando lançámos o Rock in Rio Innovation Week, pensámos num projecto que falasse de inovação da forma mais ampla possível e que, inevitavelmente, falasse, mostrasse e fosse balizado pela tecnologia», relembra Agatha Arêas. A verdade é que, ao fim da primeira edição, foi feita uma pesquisa junto dos participantes, a qual mostrou que dos mais de 100 conteúdos da programação, os cerca de 10% dos temas abordados que falavam sobre o papel do ser humano no  mundo em transformação foram os mais bem avaliados. «Percebemos então que havia um nicho que não estava a ser explorado com o foco merecido, não só pelo Rock in Rio Innovation Week apenas, mas por todos os projectos similares que pesquisámos em Portugal e no mundo como possíveis benchmarks.»

Esta constatação levou a um reposicionamento do projecto, trazendo outra abordagem ao conceito de inovação, o qual é facilmente associado à tecnologia. «Mantivemos a palavra inovação no nome do projecto, e assumimos o desafio de comunicar ao público e ao mercado a nossa nova interpretação sobre o mesmo, lançando o conceito de Inovação Humana», explica Agatha Arêas.

 

O “novo” Rock in Rio Innovation Week
Foi então criada a assinatura “A tua atitude transforma”, que serviu de base à concepção de uma jornada de aprendizagem que transita em três dimensões: a inspiração, a experimentação e a co- nexão. Na primeira, encontram-se as talks e os painéis, enquanto a segunda acolhe os workshops e as oficinas. Por fim, sob a conexão, que integra as sessões de mentoria e as happy hours. «A conexão é uma forma de se estar na vida», pelo que os participantes do Rock in Rio Innovation Week são incentivados a se conectarem com outros participantes, com os dinamizadores e com a própria organização.

Para a terceira edição do evento, a organização tem o objectivo claro de «mergulhar numa camada ainda mais profunda no propósito de fomentar o desenvolvimento de competências sócioemocionais do indivíduo, o qual, estando fortalecido, saudável e pleno, certamente poderá contribuir de forma mais assertiva para o colectivo», afirma a vice-presidente de Learning Experience do Rock in Rio.

Nesse sentido, os participantes poderão desenvolver competências em três áreas: autoconhecimento; relações humanas; e criação de futuros desejáveis. O processo vai desenvolver-se a partir da vivência de conteúdos distribuídos em seis percursos de aprendizagem: desenvolvimento pessoal; relações humanas; novas habilidades; imaginar cenários futuros; futuro sustentável; e sonhar e fazer acontecer. Percebe-se as- sim que o evento continua assente nas três dimensões que serviram de base à sua criação.

Relativamente aos parceiros, a edição 2020 do Rock in Rio Innovation Week vai continuar com a Galp como parceiro principal. «A Galp tornou-se founding partner do Rio Innovation Week na edição de 2019, e tem esse título porque desde então participa activamente no desenho dos conteúdos, na escolha dos dinamizadores e na concepção dos formatos da jornada de aprendizagem», esclarece a responsável.

Sobre os sponsors importa referir que, além da EiMigrante, entidade que repete a sua participação no Rock in Rio Innovation Week pela segunda vez  consecutiva, há a estreia da BLIP, empresa oriunda do Porto, especializada na produção de software, e da Randstad Portugal, empresa que se associa pela primeira vez ao Rock in Rio Innovation Week, na qualidade de gold sponsor.

 

Agente de transformação
Na opinião de Agatha Arêas, as pessoas podem ser um agente de transformação e inovação se assumirem o protagonismo e o controle das suas vidas, «assim como os bónus e os ónus de posicionarem como os guionistas das suas próprias histórias». E acredita que o Rock in Rio Innovation Week pode ajudar no desenvolvimento pessoal e profissional dos participantes de uma maneira muito particular, uma vez que o projecto pretende potenciar a reflexão, o debate e o exercício de ferramentas capazes de os fortalecer enquanto indivíduos. «Desta forma, os indivíduos podem contribuir, efectivamente, para o colectivo, assumindo o protagonismo enquanto agentes de transformação das suas vidas e do seu entorno, seja na esfera pessoal ou na profissional.»

«Acreditamos que o motor para a transformação e construção de um mundo melhor são as pessoas, com sua criatividade, graça e força realizadora», acrescenta a vice-presidente. De suma importância para o Rock in Rio, «a transformação é essencial para todos nos mantermos vivos, pois ser capaz de transformar é ser capaz de construir o novo, seja redesenhando cenários já existentes ou conectando ideias nunca antes associadas».

Mas será a transformação mais importante do que a inovação? Para Agatha Arêas, a primeira muitas vezes abarca a segunda. «Quando algo é transformado, normalmente vemos emergir o novo ao longo do processo ou no fim dele.» Assim, e em resposta à nossa pergunta, considera que «não obrigatoriamente, mas, na maioria das vezes, descobrir o novo – sejam métodos, pontos de vista ou ferramentas – faz parte do caminho da transformação».

 

Olhar o mundo hoje
Atravessamos hoje uma situação absolutamente anormal que atinge todo o mundo. Olhando para a pandemia e a crise que se avizinha, a organização do Rock in Rio Innovation Week tem reflectido sobre como pode contribuir. E a conclusão a que chegaram foi, através «do convite à reflexão e, principalmente, com o incentivo à acção».

O Rock in Rio foca-se no papel do ser humano num mundo em transformação, reconhecendo a pessoa como o  ponto de partida para a inovação. «Vivemos neste exacto momento uma experiência completamente nova em várias dimensões, pois estamos mergulhados no desconhecido. Precisamos de aumentar o nosso autoconhecimento e fortalecer as nossas competências emocionais e sociais, além de aprender a funcionar com novos modelos mentais, de trabalho, de consumo e tantos outros», defende Agatha Arêas. Assim, a apresentação e a experimentação de conteúdos nesses universos já fazem parte da programação do Innovation Week, pelo que «de agora em diante, ganham ainda mais urgência em serem trabalhados».

A responsável acrescenta: «Hoje é essencial preparar o mundo para a transformação, ajudando a fortalecer as pessoas enquanto indivíduos. Quando o indivíduo está saudável física, mental e emocionalmente, pode contribuir muito mais para o colectivo, pelo que a transformação acontece de dentro para fora. Devemos encarar este momento com seriedade, respeito e verdadeira vontade de compreender como chegámos a este cenário. Penso que seriedade, respeito, empatia e optimismo são as formas de estar que melhor podem contribuir para ultrapassarmos essa provação.»

Numa altura como a que vivemos actualmente, «o papel reservado à empatia é enorme», reitera Agatha Arêas. «Num cenário de incerteza e vulnerabilidade que toca absolutamente a todos em todo o mundo, não nos resta outra alternativa a não ser colocarmo-nos no lugar um dos outros, tentando compreender e sentir as motivações uns dos outros. Tenho fé de que a experiência que todos estamos a viver neste momento deixará como legado uma enorme tomada de consciência colectiva.»

 

O futuro
Teletrabalho e horários flexíveis são duas consequências desta situação. Importa perceber como devem estes ser encarados agora e depois da situação de pandemia passar. A vice-presidente constata que, durante o período de isolamento social físico, a rotina do lar está a ser totalmente redesenhada. «Se a família tem filhos, ao teletrabalho dos pais junta-se a escola virtual dos mais novos. Neste momento, os avós não são um ponto de apoio e se a família contava com o auxílio de empregados domésticos, estes também tiveram de se isolar nas suas casas.»

Para Agatha Arêas, a quarentena tem sido uma óptima oportunidade – ainda que forçada – de praticar a empatia. «Tem sido um tempo para aprender a dividir o nosso espaço e o nosso tempo,
a respeitar o espaço e o tempo de quem mora connosco. Tem sido também, para muitas famílias, uma oportunidade de resgatar a intimidade, de estar mais tempo uns com os outros, de dividir tarefas domésticas, de dar mais atenção aos filhos, participando na sua rotina escolar, contando e ouvindo histórias, vendo filmes e ouvindo música juntos. Hábitos simples, mas que na rotina acelerada do dia-a-dia acabam por desaparecer das agendas preenchidas.»

Sobre quão profundo será o lega- do desta crise criada pela pandemia COVID-19, a responsável confessa não saber. «Acho que neste momento ninguém sabe. Mas acredito, e espero sinceramente, que aprendamos alguma coisa, como uma gestão mais equilibrada do nosso tempo na equação “família e trabalho”.»

Na perspectiva de Agatha Arêas, o importante é colocar os pesos correctos no que é, de facto, mais importante. «Temos de olhar para o todo, enxergando o outro. Temos de nos abrir à diversidade e ao novo, pois, certamente, ainda estamos à superfície de um profundo mergulho no desconhecido.»

 

Este artigo foi publicado na edição de Abril da Human Resources.

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