Rock in Rio: «Muito mais do que um festival, é uma grande plataforma de comunicação», garante Roberta Medina
O Rock in Rio apresenta-se como o maior festival de música e entretenimento do mundo, mas é muito mais do que isso. É, nas palavras da vice-presidente Roberta Medina, «uma grande plataforma de comunicação». E mobilizar as pessoas em prol da construção de um mundo melhor é o seu propósito. Dois aspectos fundamentais para que cada vez mais marcas se queiram juntar a ele.
Por Ana Leonor Martins
A indústria do entretenimento foi das mais afectadas pela pandemia. Roberta Medina não o esconde, mas foca-se em como superaram as dificuldades. É isso que partilha com a Human Resources, na certeza de que a 9.ª edição do Rock in Rio Lisboa – que se realiza nos fins-de-semana de 18 e 19, 25 e 26 de Junho, no Parque da Bela Vista, em Lisboa – vai ser «memorável, pelo nível de alegria, de amor, de celebração da vida».
Para que isso seja possível, há um conjunto muito alargado de pessoas que é fundamental, desde logo a equipa do Rock in Rio Lisboa, que passa de cerca de 35 pessoas para oito mil, havendo ainda mais de 370 empresas a trabalhar para que o festival aconteça. A gestão de tudo isto apresenta vários desafios, este ano maiores, não só porque a pandemia não despareceu, mas também por estarmos em contexto de guerra na Europa. «Sem dúvida que o maior desafio que temos é o planeamento, mas a nossa equipa tem talento para isso», garante Roberta Medina.
Esta 9.ª edição do Rock in Rio (RiR) Lisboa devia ter-se realizado em 2020 e já estava inclusive com vários nomes anunciados. Como foi gerir este hiato, este período de completa incerteza, quer a nível do negócio, quer da expectativa das pessoas, não só do vosso público, mas também da vossa equipa?
A gestão da pandemia foi feita em várias etapas. No primeiro adiamento, foi tudo muito rápido e as decisões foram muito racionais, focadas em planeamentos alternativos de como seria adiar o evento para Setembro ou para 2021; se a empresa tinha fôlego; se isso fazia sentido financeiramente.
Creio que uma das coisas que mais marcou esta fase foi a constante partilha, porque ninguém sabia nada. A equipa falava quase diariamente com os nossos patrocinadores, com pessoas do mercado, com a Câmara Municipal de Lisboa, para entender o que os outros stakeholders estavam a ver e também partilhar com eles a nossa visão. Só assim foi possível tomar uma decisão com agilidade, sobretudo porque quando a tomámos, a Cidade do Rock já estava a ser construída.
Com o público foi a mesma coisa, e estou convicta de que a transparência foi a nossa maior força. E o resultado disso é o facto de hoje, quase três anos depois, apenas 9% das pessoas que já tinham o ingresso pediram reembolso. Isto é extremamente simbólico numa relação de parceria e de confiança, e acredito que o facto de termos mantido a comunicação aberta e transparente com o público contribuiu para tal. Fomos sempre falando, contando o que estava a acontecer, o que sabíamos, o que não sabíamos, dando notícias, até tomar a decisão de adiar. Após esse momento, fizemos todo o esforço para poder reconfirmar o cartaz, visto já existirem tantas pessoas com vontade de estar no evento com aqueles artistas. E isso foi a prioridade para nós nos dois adiamentos.
O que foi mais difícil gerir?
Acho que o mais difícil foi manter o optimismo em relação ao futuro, e o que ajudou imenso foi a equipa manter-se activa em termos de criatividade, procurando soluções e propostas para o mercado. É claro que tudo acabou por demorar muito mais tempo do que inicialmente se pensava, então nesse tempo criámos muitos projectos, alguns dos quais realizados – como o programa de televisão que desenvolvemos para celebrar a data em que o festival aconteceria, em 2020.
Fizemos muitas coisas na medida do que foi sendo possível, mas o facto de criativamente nos termos mantido activos foi o que alimentou a confiança da equipa em relação ao futuro.
As montagens já começaram, e finalmente vamos ter novamente o Rock in Rio no Parque da Bela Vista. Quais estão a ser os principais desafios?
Um dos desafios que a pandemia trouxe prende-se com o facto de termos perdido muitas pessoas pelo caminho e de o planeamento logístico das empresas e dos fornecedores ter sofrido alterações, por conta de tudo o que está a acontecer, com impacto nas matérias-primas, transportes, etc. Para um evento que acontece a cada dois anos, com a dimensão e impacto que o Rock in Rio tem, o desafio é enorme.
E como têm sentido as pessoas – parceiros, patrocinadores, equipa…? Mais entusiasmados ou mais receosos? Este ano existe um entusiasmo muito maior do que em 2021. No ano passado ainda existiam muitas empresas receosas e com dúvidas, e foi muito interessante ver que, desde Dezembro, mesmo que o início do ano fosse um momento em que a pandemia não estava ainda controlada, as empresas já estavam mais optimistas e as pessoas muito sedentas.
Creio que, no geral, as pessoas já estavam cansadas do distanciamento social e dos impactos da pandemia, então é incrível ver que 98% das marcas continuaram com o Rock in Rio desde 2019 e todos se mantêm muito optimistas, com uma necessidade imensa de reconectar as pessoas.
Como foi a aceitação e adesão ao nível dos apoios e patrocínios? Correspondeu às vossas expectativas? Como tem crescido o RiR a este nível?
Esta edição, em relação a patrocínios, está muito mais forte do que a edição anterior. Desde 2018 que temos sentido um nível de confiança reforçado, o que se justifica pelo crescimento da marca. Mas outro aspecto que sentimos ter aumentado é a relação de verdadeira parceria com as nossas marcas. As parcerias estão mais fortes e mais próximas em termos de olhar de construção. Criamos mais em conjunto agora do que no passado.
Qual é a proposta de valor diferenciadora que este festival oferece às empresas?
A grande diferença do Rock in Rio é ser muito mais que um festival. É uma grande plataforma de comunicação, que se vai conectando com o público final ao longo de vários meses, criando conteúdo constantemente para que as empresas possam “surfar nessa onda” e ter retorno em cima dessa potência de marca.
A outra grande diferença é ser um projecto absolutamente transversal. Hoje, se olharmos para Portugal, não existem muito projectos que abracem a família toda, respeitando os seus espaços e as suas diferenças. E não só o Rock in Rio é transversal em termos de gerações, como também o é em termos de perfil. Temos do corporate a criança, do jovem aos adultos, todos presentes no evento e sentindo-se bem acolhidos, seguros, livres e sem nenhum problema com essa diversidade.
É isto que faz com que o Rock in Rio seja, de facto, uma plataforma muito privilegiada, que hoje também entende a potência de tudo o que temos feito nos últimos 20 anos no que cabe a sustentabilidade, ao ESG [Environmental, Social and Corporate Governance], o que também oferece às marcas espaço de conversa e muita confiança em relação ao projecto, às suas entregas e à sua credibilidade.
Leia a entrevista na íntegra na edição de Maio (n.º 137) da Human Resources.
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